quinta-feira, 25 de abril de 2024

REFLETINDO A PALAVRA - “Ano da Graça do Senhor”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
REDENTORISTA NA PAZ DO SENHOR
Na força do Espírito
 
Deus nos fez para sermos corpo unido (1Cor 1,13), como nos explica Paulo. Não elimina o individual, mas o coloca em união aos outros, pois um membro sozinho não é o corpo. É sua união aos outros membros é que lhe dá sentido e existência. Jesus usa a comparação do ramo unido ao tronco (Jo 15,1-9). Por isso, quando Deus fala a seu povo sempre o faz em assembleia, na santa convocação. Na recuperação do povo de Deus depois dos sofrimentos do exílio, Esdras e Neemias, convocam o povo, abrem o livro e fazem a leitura. Essa proclamação é como a permanente refundação do povo. Fazem um estrado para trazer a memória do Monte Sinai. Hoje temos o ambão para a proclamação do Evangelho. Neemias convoca o povo à alegria da conversão. Deus se alegra pela constante conversão de seu povo. Jesus completará este pensamento com as parábolas do filho, da ovelha e da dracma perdidos (Lc 15,1-31). Em Nazaré, a convocação se dá na sinagoga na qual, Ele abre o livro sagrado. Solene gesto para definir sua missão. Depois de manifestado ao povo, manifesta sua missão. Nesta está sob a unção do Espírito. O texto que lê é do profeta Isaias, fixando seu pensamento no programa do Reino que traz libertação e na proclamação do grande jubileu de plenitude da bênção. Lucas conta este momento da vida de Jesus para apresentar a solidez do ensinamento. Anuncia a base da pregação de Jesus. A preferência pelos pobres é por ser o parente mais próximo do pobre (Pr 23,11); realizar a remissão de todas as prisões para viver a liberdade dos filhos, pois Ele é o Redentor; para abrir os olhos dos cegos para que vejam e superem a ignorância. 
Hoje se cumpriu esta Escritura
Nós também recebemos o Espírito do Senhor para a missão de libertação, como Jesus. Assim cumprimos a Escritura para nosso momento. Enquanto a Igreja continua a missão, tem a força transformadora do Espírito, do contrário se torna sociedade que pode até desfigurar o ministério de Jesus. A tentação é grande, pois a opção pelos pobres dá trabalho e nos coloca em confronto com aqueles que assim os fazem. Quando realizamos essa missão de libertação de todos os males que aprisionam as pessoas, figurada na libertação dos prisioneiros, entramos em choque com os poderosos. Sem ser espiritual, não chega a realizar a libertação. A comunidade reunida para a celebração torna presente este memória do início do ministério de Jesus. Ela é o HOJE de Deus. É Jesus mesmo que através de seus discípulos que continua sua missão. Cada celebração é uma sagrada convocação que nos toca a consciência para retomar o dinamismo da lei de vida. Se falharmos em nosso compromisso com os necessitados, eles não conhecerão o tempo da visita de Deus em suas vida e continuarão vítimas do pecado do mundo. 
Um só corpo em missão 
Recebemos também convocação de Jesus para anunciar seu projeto de salvação, unidos a Ele. Lembramos Jesus, leigo, participante de sua comunidade, na qual era um bom leitor e comentarista da Palavra de Deus. Sabia encontrar o fundamento de sua missão na Palavra de Deus. Para o Corpo de Cristo, é necessária a permanente abertura à Palavra de Deus e à sua qualificada proclamação. Ela traz a alegria: “A Alegria do Senhor é vossa força” (Ne 8,10). Em assembleia litúrgica somos parte de um corpo que continua a missão de Jesus. A religião intimista, ainda muito propagada, é um refinado egoísmo que nos tira todo o compromisso. Somos um corpo. 
Leituras: Neemias 8,2-4ª.5-5.8-10;Salmo 18b;
1Coríntios 12,12-14;.27;Lucas 1,1-4;4,14-21 
1. Deus nos constituiu para sermos um corpo com membros. Nenhum está separado. Assim nos constitui também em assembleia que reúne todo povo. A grande assembleia de Esdras e Neemias é protótipo: fazem um palanque, abrem o livro e explicam ao povo. É uma convocação à conversão. Em Nazaré Jesus repropõe este momento para anúncio de seu projeto de salvação. Proclama a realização do grande jubileu, base de sua missão de libertação. Para isso é ungido pelo Espírito. 
2. Nós também recebemos o Espírito para a mesma missão de libertação. Se a Igreja continua essa missão, tem a força do Espírito. Sempre haverá choques. A comunidade reunida em assembleia litúrgica realiza o hoje de Deus. Se falharmos no compromisso com os necessitados, eles não conhecerão o tempo da visita de Deus e continuação vítimas. 
3. Recebemos também a convocação de Jesus para anunciar seu projeto de salvação unidos a Ele. Jesus era leigo e participava de sua comunidade celebrativa em seus ministérios. Para ser Corpo de Cristo é necessária a abertura à Palavra. Fazemos parte de um corpo. Religião intimista é refinado egoísmo. 
A vez dos fracos 
Entramos no Tempo Comum que envolve 34 semanas do ano litúrgico. É um grande peso no conjunto dos tempos litúrgicos. Lemos nesse ano o Evangelho de Lucas. Este evangelista mostra o grande amor de Jesus pelos sofredores e necessitados. Por isso diz que tem o Espírito Santo que O encaminha para solucionar os problemas dos sofredores. O anúncio de sua missão diz como ela será. É tempo de libertação. Todos são convidados a partilhar com Jesus dessa missão, cada um com seu dom. Formamos com Cristo um único Corpo. Todos os membros, mesmo diferentes, são igualmente importantes e necessários. Essa união faz a força do Corpo de Cristo. Ser membro deste Corpo é continuar sua missão Gostamos muito de uma religião que não nos comprometa, por isso ficamos em igrejas e espiritualidades que rezam muito, mas pouco fazem. Fé cristã não aceita individualismo e egoísmos espirituais. 
Homilia do 3º Domingo Comum (27.01.2013)

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