As festas natalinas fazem memória da Manifestação do Senhor que é um Mistério celebrado em diversos momentos. A palavra HOJE percorre as orações. Rezamos na Liturgia das Horas a bela antífona do Magníficat: “Recordamos neste dia três mistérios: Hoje a estrela conduziu os Magos até o presépio; Hoje a água se faz vinho nas Bodas de Caná. Hoje Cristo no Jordão é batizado para salvar-nos”. Temos assim a unidade das celebrações do Natal, Epifania, Batismo e Bodas de Caná, no Hoje de Deus. Salientamos a unidade do Mistério Pascal de Cristo que envolve sua obra salvadora como um todo. Natal é Páscoa vista como Manifestação do Senhor. Agora O vemos ressuscitado e, um dia, O contemplaremos face a face. Este mistério de redenção é para todos os povos e não só para um povo exclusivo. Paulo escreveu que lhe foi dada a graça de revelar este mistério oculto há séculos, isto é, os pagãos são admitidos à mesma herança (Ef 3,2-6). Os Magos, cumprindo a profecia, vão a Jerusalém que se torna a luz para os povos. Mas a Luz é Jesus que atrai e manifesta a glória de Deus. Os Magos seguem uma estrela. Esta não é um astro, mas responde à profecia de Balaão: “Eu vejo – não agora, eu o contemplo – mas não de perto. Um astro procedente de Jacó se torna chefe, um cetro se levanta procedente de Israel” (Nm 24,17). A estrela, no pensamento hebraico, era sinal do Filho do Homem. Esta estrela é sinal da busca constante dos sábios que, mesmo pagãos conheciam as Escrituras e se deixaram guiar por elas. O oriente de onde vêm os Magos refere-se a regiões de Damasco. Serem três e de raças e continentes diferentes é interpretação muito posterior.
Atitudes de sabedoria
É grande sabedoria, como a dos Magos, saber procurar e conhecer Jesus, mas também saber fugir dos Herodes do mundo. Os Magos ensinam abrir os tesouros para ofertar a Deus e abrir os tesouros de Deus a todos os povos. Uma religião de sacristia voltada para si mesma é um assassinato do desejo de Deus de ir a todos com a boa nova. É uma triste ilusão achar que, com uma Igreja cheia, já se cumpriu sua missão, quando fora dela há multidões famintas de Deus ou Dele esquecidos. O Concílio abriu a Igreja ao mundo e a todas as culturas. Infelizmente se procura fazer dela uma instituição a serviço do poder de filosofias e ideologias pouco cristãs. Temos diante de nós um mundo a salvar. Os Magos ensinam que, depois de encontrar Jesus, encontramos caminhos novos.
Presentes que são uma lição
Jesus estará sempre dando a alegria da salvação. É a alegria que sacia. Para tanto temos como base os evangelhos, palavra que significa anúncio alegre. Herodes não conhecia as Escrituras. Chamou os sacerdotes que a sabiam de cor. O importante é reconhecer Jesus e adorá-Lo. O poder é um veneno cruel. Os Magos estão a convidar a Igreja a se abrir para as culturas e às riquezas dos povos e não continuar impondo um único modo de ser que nem sempre é evangélico, mas político e ideológico. Os presentes significam a abertura ao senhorio de Cristo, sua Divindade e sua Paixão dolorosa que nos redimiu. A meta de tudo é a adoração do Senhor, reconhecendo no Menino, o Deus que se manifesta. A celebração é sempre um laboratório da fé que nos ensina a buscar todos. Experimentamos na celebração e o realizamos na vida.
Leituras: Isaías 60,1-6; Salmo 71;
Efésios 3,2-3ª.5-6; Mateus2,1-12.
1. Celebramos a Manifestação do Senhor no Natal, Epifania, Batismo e Bodas de Caná como um único Mistério. O Mistério Pascal de Cristo é único e acontece o mesmo na Manifestação e na Páscoa. Cristo veio para todos os povos. Os Magos expressam essa verdade.
2. É sabedoria, como a dos Magos, saber procurar e abrir os tesouros a Deus e Deus a todos os povos. O Concílio abriu a Igreja a todos os povos e culturas. A Igreja não está a serviço nem de uma filosofia nem de uma ideologia. Temos um desafio missionário e ecumênico. Depois de encontrar Jesus encontramos novos caminhos.
3. Jesus será sempre a alegria da salvação. Não basta conhecer as Escrituras, mas reconhecer Jesus e adorá-lo. Os magos ensinam a Igreja a se abrir às culturas e às riqueza dos povos e não impor um único modo de ser. A celebração nos ensina a buscar todos.
A festa de todos
Estamos no tempo da Manifestação do Senhor. Perguntamos: Para quem Deus veio ao mundo na pessoa de seu Filho? Jesus nasceu para todos. Vimos que veio para os pobres e humildes como vimos na noite de Natal. No Batismo veremos que Ele se revela aos judeus. No casamento em Caná, Ele se manifesta aos discípulos. Na festa de hoje celebramos sua Manifestação a todos os povos.
Esta é o grande mistério revelado: Deus veio para todos. A gente costuma falar: vem para minha igreja ou para meu grupo. Deus diz: vamos a todos. Herodes quis cortar esse caminho, mas os homens sábios, ao conhecer Jesus, entenderam que era para levá-Lo para todos. Não podemos colocar cercas na vontade de Deus de ir a todos. Ele vai, mesmo a gente atrapalhando.
Homilia da Epifania do Senhor (06.01.2013)
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