A liturgia da Quarta-Feira de Cinzas é a abertura da caminhada para nossa Páscoa com Jesus. A Quaresma, não é só uma data, mas um acontecimento da salvação que atua em nós como um sacramento. É um tempo oportuno. Paulo insiste: “Exorto-vos a não receberdes em vão a graça de Deus, pois Ele diz: ‘No tempo favorável Eu te ouvi, no dia da salvação, Eu te socorri’ (Is 4,98). É agora o tempo favorável, é agora o dia da salvação” (Rm 6,1-2). A Quaresma (que significa 40 dias) inicia-se com o convite solene à conversão. A Palavra de Deus da Quaresma é abundante e propícia para nosso ensinamento. Se ouvirmos esta palavra podemos fazer o caminho da salvação. Jesus diz que a Palavra tem que ir à vida. Para acompanhar e dar espaço à conversão propõe três pontos chaves: esmola, oração e jejum. Essa temática, vamos encontrá-la novamente no primeiro domingo, na narrativa das tentações de Jesus. Antes de nos mostrar a tentação, ensina o modo de viver que naturalmente vencerá a tentação. Se formos capazes de partilhar, venceremos a tentação da ganância do ter sem critério. Se levarmos uma vida de oração, poderemos vencer o orgulho do poder e a vaidade da vida. Para dominar a ânsia do prazer sem o amor de Deus, poderemos dominar pelo equilíbrio de nossos desejos e prazeres. E Jesus manda que seja feito tudo na discrição e no silêncio. Jesus recriminava a atitude de ostentação dos fariseus. A discrição e o silêncio são o modo mais eloquente de falar. S. Inácio de Antioquia escreve aos Efésios: “Pois só um é o Mestre que disse e tudo foi feito; mas também, tudo quanto Ele fez em silêncio é digno do Pai. Quem possui a palavra de Jesus pode, em verdade, ouvir o seu silêncio, a fim de ser perfeito, agir como fala e ser conhecido quando silencia”. Aprendemos da Palavra a viver e a celebrar a Páscoa da Redenção que nos dá Vida.
Alegria de ser salvo
Esse tempo bendito da Quaresma, com grandes valores, perdeu muito seu aspecto de seriedade em que se impunha o medo e dominava a superstição. Jesus ensina a viver uma séria conversão no silêncio do nosso quarto, isto é, na discrição e na alegria da conversão. Lembramo-nos do pastor quando encontrou a ovelha perdida: “Haverá mais alegria no céu por um só pecador que se converta, do que por noventa e nove justos que não precisam de conversão” (Lc 15,5-6). A alegria não dispensa a seriedade e o comprometimento. A batalha continua. Continuamos pedindo: “Que a penitência nos dê força no combate contra o espírito do mal” (oração). Temos força. Vencemos em Jesus.
Conversão permanente
Conversão não é a atitude de um dia, mas a atitude do dia a dia. Nosso cristianismo se esvaziou muito porque ficamos no exterior com atitudes religiosas de pouca conversão. Insistimos em não nos comprometer para não sermos incomodados. A conversão não é fuga de alguns pecados. Converter-se não é só sair de uma situação, mas ir em direção à vida cristã operosa na caridade. Por isso temos a campanha da Fraternidade que sempre propõe um aspecto vivencial da caridade para com os necessitados. Neste ano o tema é juventude para “testemunhar a vida nova transformada por Deus”. Os jovens estão abandonados, vítima de tantos males que eles engolem como um bem. A Igreja precisa sair do comodismo e abrir espaço para os jovens. É bom escolher uma “penitência” para praticar durante esta Quaresma. Temos que mudar em alguma coisa.
ARTIGO PUBLICADO EM FEVEREIRO DE 2013
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