A celebração do Batismo de Jesus faz parte da Manifestação do Senhor que, juntamente com as Bodas de Caná introduz no ciclo do Tempo Comum para ouvir o Filho e crer Nele. Ele é o Vinho Novo da festa do Reino. Neste momento é a primeira vez que se ouve a voz do Pai que unge o Filho com o Espírito para a missão como rezamos na oração: “Sendo o Cristo batizado no Jordão, e pairando sobre Ele o Espírito Santo, Vós o declarastes solenemente Vosso Filho”. Lucas insiste que Jesus agia movido pelo Espírito. Jesus dará o Espírito a seus discípulos para que permaneça com eles (Jo 14,16). O Filho é o Predileto, como lemos sobre Isaac (Gn 22,2) e sobre o Servo de Javé, que lemos em Isaías. Esta figura, um tanto misteriosa, é uma profecia sobre Jesus, o Filho, cuja missão é estabelecer a justiça na terra, e ser aliança do povo, luz das nações para abrir os olhos dos cegos, tirar os cativos da prisão e livrar do cárcere os que vivem nas trevas (Is 42,6-7) Estas palavras que Jesus diz de Si mesmo em Nazaré. (Lc 4,118-19 – Is. 61,1-2). Diante da manifestação de Deus no Jordão, somos chamados a dar glória, reconhecendo Sua Divindade e acolhendo suas palavras e a Palavra Viva que é Jesus. Ouvir e viver o Evangelho é dar glória.
Uma fé que liberta
Pedro, na casa de Cornélio, pagão justo, demonstra o que significa ser novo povo de Deus aberto a todos. Diz: “Deus não faz acepção de pessoa e aceita quem o teme e pratica a justiça, qualquer que seja a nação a que pertença” (At 10,34-35). A libertação que Jesus veio trazer, como lemos na primeira leitura, não se refere só a pessoas, mas deverá ser uma libertação da estrutura de fé judaica que era fechada. Agora, faz parte do povo de Deus todo aquele que faz o bem, por isso tem fé em Jesus que ungido pelo Espírito Santo, “passou entre nós fazendo o bem” (At 10,38). Recebemos o dom de ouvir sempre o Filho (Pós-comunhão), por isso continuamos Sua missão de fazer o bem. Vejamos que a noção de religião não é intimista, mas salvadora e curativa para toda humanidade através de atitudes de libertação. Essa libertação não só convida todos a entrarem no povo de Deus, mas também, como Jesus, encarna-se na realidade dos povos, assumindo deles o que é bom para proclamar a graça da salvação e formar as comunidades cristãs.
Uma missão a partilhar
A celebração de hoje é como um documento de nosso Batismo: Se Deus declarou Jesus o Filho amado, amados são todos os seus irmãos batizados. Suplicamos a perseverança: “Concedei aos vossos filhos adotivos, renascidos da água e do Espírito Santo, perseverar constantemente no vosso amor” (oração). A oração pós-comunhão insiste na coerência de fé e vida: ser chamado de filho é para ser filho de fato. Poucas palavras disse o Pai. O Filho amado, nosso irmão amado, quer que o amor que é faz o bem esteja presente nos filhos. Se estivermos libertos do Mal, Deus estará conosco e poderemos fazer todo o bem, libertar de todos os males, pois para isso fomos batizados. O testemunho de vida dos cristãos será nosso maior anúncio do evangelho. Jesus nos deixa o exemplo da oração. É seu grande testemunho. Para receber o Espírito é preciso estar aberto ao Pai que vai abrir seu peito e dá-Lo a nós. Renovemos nosso amor a nosso batismo.
Leituras: Isaias 42,1-4.6-7; Salmo 28;
Atos 10,34-38; Lucas 3,15-16.21-22
1. A celebração do Batismo de Jesus está no quadro da Manifestação do Senhor. Deus O apresenta ao povo como Filho amado, movido pelo Espírito. A Ele devemos escutar. Ele nos dará o Espírito. A Jesus se atribui a profecia do Servo (palavra que significa tb filho) que tem uma missão de estabelecer a justiça e ser luz das nações, curar os cegos e libertar os cativos. Diante da Manifestação de Deus, damos glória, ouvindo o Filho.
2. Pedro, na casa de Cornélio, faz a grande abertura do povo de Deus. Todos podem fazer parte deste povo, sem distinção. Esta foi a grande libertação que Jesus realizou. Esta libertação continua na libertação de todos os males. Nossa missão é praticar o bem, sempre.
3. Todos são filhos amados de Deus. Esse é nosso documento de Batismo. Por isso somos chamados à coerência de ser filho e sermos de fato. Jesus deixa-nos o exemplo da oração pela qual recebemos o Espírito.
Batismo sem padrinho
Por que Jesus quis ser batizado por João? Veio para manifestar o sentido de Sua vinda. Naquele momento foi mostrado a todos como o Filho querido do Pai. Até ali falava o Antigo Testamento. Agora é Ele quem fala em nome de Deus.
É bom lembrar que nosso batismo não é o mesmo de João. Esse era para preparar a vinda do Messias. Somos batizados para viver a vida do Messias, Jesus.
Ele batizará no Espírito Santo e no fogo: Vida nova purificada, como o ouro se purifica pelo fogo.
Como Filho Amado se identifica ao Servo Sofredor do Antigo Testamento, que mesmo na fragilidade humana é luz das nações para a libertação.
Nosso batismo nos faz filhos amados do Pai, mas nos coloca no seguimento de Jesus, fazendo seu caminho.
Homilia do Batismo do Senhor (13.01.2013)
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