domingo, 28 de abril de 2024

REFLETINDO A PALAVRA - “Unidade da Escritura”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
REDENTORISTA NA PAZ DO SENHOR
Unidade na diversidade
 
A palavra Bíblia significa livros. É o plural de livro (bíblos). Quer dizer que há diversidade de livros. “Na tradição da Igreja identificamos a unidade de toda Escritura, pois única é a Palavra de Deus que interpela nossa vida” (VD 39). Hugo de S. Vitor explica essa unidade dizendo: “Toda a Escritura divina constitui um único livro e este único livro é Cristo, fala de Cristo e encontra em Cristo a sua realização” (De Arca de Noé 2,8). Se analisarmos as Escrituras só no aspecto histórico e literário podemos ver diferenças e até grandes, pois ela demorou mil anos para ficar completa. Toda ela é Palavra de Deus. Esta é sua primeira unidade. Há uma unidade interna. Se na Bíblia do Antigo Testamento há tensões, pense-se nas tensões entre Novo e Antigo Testamento. É em Cristo que se encontra a unidade de toda Escritura dos dois Testamentos. O Antigo é o caminho para Cristo. É o conjunto que dá a compreensão. O Deus teve uma pedagogia para com o povo até amadurecer para a chegada de Cristo. Essa pedagogia supõe a paciência até que percebam o ensinamento. É como age conosco. Por isso não se pode pegar um texto isolado do conjunto e forçá-lo a um ensinamento particular. Deve-se notar também o que é revelação de uma verdade de fé e o que não traz revelação especial, mas faz parte dos textos inspirados. Podemos nos assustar com alguns textos pesados e difíceis de aceitar em nosso modo atual de pensar, como por exemplo, a violência contra os inimigos. Foram escritos em um contexto próprio de uma cultura própria que foi educada. Jesus não prega olho por olho e dente por dente, mas sim, amai-vos uns aos outros. Houve um crescimento na revelação da Palavra de Deus. 
Antigo e Novo Testamento. 
Há uma profunda relação entre Antigo e Novo Testamento. O Novo Testamento reconhece o Antigo Testamento como Palavra de Deus, por isso admite a autoridade da Sagradas Escrituras do povo judeu. O Novo Testamento usa linguagem do Antigo e é frequente usar os textos para argumentar, dando assim valor decisivo e superior aos raciocínios humanos. Jesus mesmo afirma claramente: “A Escritura não pode ser anulada” (Jo 10,35). Paulo, profundo conhecer da Escritura escreveu: “Tudo o que se escreveu no passado, é para nosso ensinamento que foi escrito, a fim de que, pela perseverança e pela consolação que nos proporcionam as Escrituras, tenhamos a esperança” (Rm 15,4). A raiz do Cristianismo encontra-se no Antigo Testamento e sempre se nutre desta raiz (VD 40). O Novo Testamento afirma em Cristo se cumprem as profecias. O Novo dá uma continuidade ao Antigo Testamento, mas ao mesmo tempo rompe com esse passado no sentido cumprimento de sua profecia e ao mesmo tempo de superação. Como Cristo é a Palavra do Pai, é Nele que se pode compreender tudo o que se referia a Ele. A flor não mata a planta quando rompe e desabrocha e o fruto sairá desta árvore. 
Cristo ilumina 
A Igreja, desde o tempo dos apóstolos e depois na Tradição, deixou clara a unidade dos dois Testamentos. Deste modo descobriu na Antiga Aliança o que está prefigurado e em Cristo realizado. “Por isso os cristãos leem o Antigo Testamento à luz de Cristo morto e ressuscitado” (VC 41). E o Novo deve ser ligo à luz do Antigo. Basta ver como S. Mateus o faz. Santo Agostinho ensina. “ O Novo Testamento está oculto no Antigo e o Antigo está patente, claro, no Novo”. A melhor maneira de falar do Antigo Testamento é o Novo.
ARTIGO PUBLICADO EM FEVEREIRO DE 2013

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