Podemos resumir a mensagem espiritual da nova Beata Paulina von Mallinckrodt em um programa de vida muito atual e concreto: seguir a Cristo sem reservas e com uma fé inabalável; amor de Deus e dedicação amorosa aos mais infelizes e aos mais pobres, pelo amor de Cristo.
Madre Paulina von Mallinckrodt era rica em dons naturais: caráter simples, bondade, confiança no próximo, tenacidade na realização de seus propósitos; fidelidade constante às decisões fundamentais de sua vida - mesmo em provações e dificuldades - e espírito de sacrifício, com o qual se entregou livre e generosamente a todos.
Esses preciosos dons, que Deus lhe
havia confiado tão generosamente, foram levados à plenitude por um profundo e forte espírito de fé. Este dom da graça, que ela recebeu no Batismo, desenvolveu-se admiravelmente sob a orientação de sua mãe e de seus professores. Cresceu no ambiente sereno de uma família em que reinava o amor e a estima mútuos, num clima que não estava inteiramente livre de dores secretas por causa das diferentes confissões dos pais: a mãe, uma católica devota; o pai, um protestante convicto. Com a ajuda da graça, consolidou-se a fidelidade de Paulina ao Senhor, refletindo sobre esta situação. Houve, contudo, em sua juventude, um período crítico, um período de grande tormento, de muitos escrúpulos, medos e inseguranças, que ela só conseguiu superar confiando plenamente em Deus numa oração profunda e contínua. E Deus estava perto dela e iluminou sua alma com uma luz de fé tão clara que se poderia chamar de uma "graça da fé". Em virtude dessa nova visão dada por Deus, ela poderia exclamar: “A fé me invadiu tão clara e decisivamente que eu teria acreditado mais nela do que nos meus olhos.” Foi uma fé consciente e forte com a qual ela foi capaz de suportar dor, amargura e várias provações e que se mostrou em seu amor total e incondicional a Jesus Cristo e a Maria, sua mãe, a quem ela confiantemente se entregou. Na busca de Deus e de sua maior glória, ela cresceu em graça, fortalecendo-se cada vez mais às fontes da oração em uma profunda vida eucarística. Do seu amor a Deus veio naturalmente e espontaneamente amor aos outros. Com grande ternura, dedicou-se a crianças cegas, a quem desejava dar luz interior, raio de luz divina. Por este serviço realizado pelo amor de Cristo, ela fundou sua congregação das Irmãs da Caridade Cristã. Juntamente com essas crianças, acolheu outras pessoas que precisavam de ajuda; todos encontravam nela e em seu grande trabalho ajuda, conforto e acima de tudo amor. Este amor levou-a a assumir a educação dos jovens para a sua congregação: ela considerou uma missão real que as exigências do tempo exigiam de uma maneira especial. Os planos da beata eram audaciosos; mas ela sabia esperar a hora de Deus em uma reserva silenciosa e humilde. Seu trabalho cresceu com sucesso, mesmo em lutas contínuas e com muitas dificuldades. Durante o período de seu melhor desenvolvimento, chegou a hora da devastadora tempestade: a dura perseguição sob as leis do "Kulturkampf". Mas mesmo aqui, a Madre Paulina demonstrou sua lealdade interior à vontade de Deus e estava pronta para receber refugiados e seguir sua Via-Sacra. Madre Paulina é um modelo de vida. Hoje, a inquietude ansiosa dos homens modernos indica o caminho para a paz interior: buscar corajosamente e com confiança Deus no irmão sofredor. Portanto, sua mensagem é atual, como sempre a busca por Deus é atual.
havia confiado tão generosamente, foram levados à plenitude por um profundo e forte espírito de fé. Este dom da graça, que ela recebeu no Batismo, desenvolveu-se admiravelmente sob a orientação de sua mãe e de seus professores. Cresceu no ambiente sereno de uma família em que reinava o amor e a estima mútuos, num clima que não estava inteiramente livre de dores secretas por causa das diferentes confissões dos pais: a mãe, uma católica devota; o pai, um protestante convicto. Com a ajuda da graça, consolidou-se a fidelidade de Paulina ao Senhor, refletindo sobre esta situação. Houve, contudo, em sua juventude, um período crítico, um período de grande tormento, de muitos escrúpulos, medos e inseguranças, que ela só conseguiu superar confiando plenamente em Deus numa oração profunda e contínua. E Deus estava perto dela e iluminou sua alma com uma luz de fé tão clara que se poderia chamar de uma "graça da fé". Em virtude dessa nova visão dada por Deus, ela poderia exclamar: “A fé me invadiu tão clara e decisivamente que eu teria acreditado mais nela do que nos meus olhos.” Foi uma fé consciente e forte com a qual ela foi capaz de suportar dor, amargura e várias provações e que se mostrou em seu amor total e incondicional a Jesus Cristo e a Maria, sua mãe, a quem ela confiantemente se entregou. Na busca de Deus e de sua maior glória, ela cresceu em graça, fortalecendo-se cada vez mais às fontes da oração em uma profunda vida eucarística. Do seu amor a Deus veio naturalmente e espontaneamente amor aos outros. Com grande ternura, dedicou-se a crianças cegas, a quem desejava dar luz interior, raio de luz divina. Por este serviço realizado pelo amor de Cristo, ela fundou sua congregação das Irmãs da Caridade Cristã. Juntamente com essas crianças, acolheu outras pessoas que precisavam de ajuda; todos encontravam nela e em seu grande trabalho ajuda, conforto e acima de tudo amor. Este amor levou-a a assumir a educação dos jovens para a sua congregação: ela considerou uma missão real que as exigências do tempo exigiam de uma maneira especial. Os planos da beata eram audaciosos; mas ela sabia esperar a hora de Deus em uma reserva silenciosa e humilde. Seu trabalho cresceu com sucesso, mesmo em lutas contínuas e com muitas dificuldades. Durante o período de seu melhor desenvolvimento, chegou a hora da devastadora tempestade: a dura perseguição sob as leis do "Kulturkampf". Mas mesmo aqui, a Madre Paulina demonstrou sua lealdade interior à vontade de Deus e estava pronta para receber refugiados e seguir sua Via-Sacra. Madre Paulina é um modelo de vida. Hoje, a inquietude ansiosa dos homens modernos indica o caminho para a paz interior: buscar corajosamente e com confiança Deus no irmão sofredor. Portanto, sua mensagem é atual, como sempre a busca por Deus é atual.
Papa João Paulo II – Homilia de Beatificação – 14 de abril de 1985
Paulina von Mallinckrodt nasceu no dia 3 de junho de 1817 em Minden, Vestefália. Era a filha mais velha de Detmar von Mallinckrodt, de religião protestante e alto funcionário do governo da Prússia, e de sua esposa, a Baronesa Bernardine von Hartmann, de religião católica, nascida em Paderborn.
Desde pequena absorvia com avidez a formação dada por sua mãe com amor. Dela herdou uma fé profunda, um grande amor a Deus e aos pobres, e uma férrea adesão à Igreja Católica e a seus pastores. Herança paterna: a firmeza de caráter, os sólidos princípios, o respeito aos demais e o cumprimento da palavra empenhada.
Paulina passou parte de sua infância e de sua juventude em Aquisgrán, para onde seu pai fora trasladado. Quando contava 17 anos sua mãe faleceu e ela tomou a direção da casa e da educação de seus irmãos menores, Jorge e Hermann, e da pequena Berta. Cumprida sua tarefa, encontrava tempo e meios para se colocar ao serviço de tantos pobres que sofriam as consequências causadas pelas mudanças sociais, econômicas e técnicas de seu século. Em Aquisgrán, com suas amigas, cuidava dos doentes, das crianças e dos jovens.
Aos 18 anos recebeu o sacramento da Confirmação e passou a assistir à Missa diariamente. Um pouco mais tarde, seu confessor lhe permitiu a comunhão diária, algo não frequente naquela época. Fruto da Crisma foi também a decisão de consagrar sua vida inteira ao serviço de Deus.
Quando seu pai se retirou do serviço estatal e se instalou com sua família em Paderborn, Paulina continuou sua atividade caritativa. Convidava e entusiasmava senhoras e jovens a colaborar no cuidado de doentes pobres, mas acima de tudo lhe parecia mais necessária a educação e instrução das crianças pobres.
Fundou um acolhimento para crianças cegas com o intuito de cuidar delas e de instrui-las. Sob o impulso da graça, organizou a Liga Feminina para o cuidado dos doentes pobres. Fundou um jardim da infância para atender às crianças das mães que trabalhavam fora de seu lar para ganhar o sustento da família. A fundação deste jardim da infância em 1840 foi uma ideia inovadora.
Paulina ia até os casebres dos pobres para aliviar suas misérias; os ajuda, consola, exorta e reza com os enfermos, sem temer a sujeira ou os contágios: "Nunca encontrei uma pessoa como ela. É difícil descrever a imagem tão atraente e emotiva de seu viver em Deus", escreve em uma carta sua prima Berta von Hartmann.
Em 1842, pouco depois da morte do Senhor von Mallinckrodt, confiaram a Paulina o cuidado de umas crianças cegas muito pobres. Ela as atendeu com a afabilidade que a caracterizava. E como Deus sabe guiar tudo segundo seus planos, foram as crianças cegas que deram origem a Congregação, porque diversas congregações religiosas admitiriam Paulina, mas não aos cegos.
Monsenhor Antônio Claessen, após escutá-la com atenção e de rezar muito, fez Paulina compreender que era chamada por Deus para fundar uma Congregação. Em 21 de agosto de 1849, obtida a aprovação do Bispo de Paderborn, Monsenhor Francisco Drepper, Paulina com três companheiras funda a Congregação das Irmãs da Caridade Cristã, Filhas da Bem-aventurada Virgem Maria da Imaculada Conceição. Logo outros campos de atividade lhe são abertos: lares para crianças e escolas.
Abençoada pela Igreja, a Congregação floresceu e se estendeu rapidamente na Alemanha; mas, como toda obra grata a Deus, teve que ser provada pelo sofrimento, a prova não tardou a chegar. Em 1871, o Chanceler von Bismark empreendeu uma dura luta contra a Igreja Católica. Uma após outra, Madre Paulina vê serem fechadas e expropriadas as casas da Congregação na Alemanha.
Com seu profundo espírito de fé, ela vê a mão de Deus nesta perseguição religiosa. As casas da jovem Congregação foram confiscadas, as Irmãs expulsas, a fundação parecia chegar ao seu fim. Mas, justamente então produziu frutos.
Na mesma época das perseguições na Alemanha chegaram muitos pedidos vindos dos Estados Unidos e da América do Sul para que as Irmãs fossem àquelas regiões ensinar as crianças alemãs. Paulina respondeu enviando pequenos grupos de Irmãs a Nova Orleans em 1873.
Nos meses seguintes mais grupos de religiosas foram enviadas aos Estados Unidos e ela mesma fez duas longas viagens à América para constatar pessoalmente as necessidades do Novo Mundo, onde fundou em pouco tempo uma Casa Mãe em Wilkesbarre, Pensilvânia. As Irmãs abriram também casas nas arquidioceses de Baltimore, Chicago, Cincinnati, Nova York, Filadélfia, St. Louis e St. Paul, e na diocese de Albany, Belleville, Brooklyn, Detroit, Harrisburg, Newark, Sioux City e Syracuse.
Em novembro de 1874, as primeiras religiosas chegaram à diocese de Ancud, no Chile, solicitadas por Monsenhor Francisco de Paula Solar. Uns anos mais tarde, dali partiriam para o Rio da Prata: em 1883, para Melo, Uruguai, e em 1905, para Buenos Aires, Argentina.
Pelo fim da década de 1870, a perseguição religiosa na Alemanha terminou e as Irmãs puderam voltar da Bélgica para sua pátria, onde continuaram sua obra. A Congregação tinha crescido em número e em missões durante os anos de perseguição. Madre Paulina voltou a Paderborn depois de sua viagem à América em 1880.
Poucos meses depois, Madre Paulina adoeceu gravemente e, para grande sofrimento das Irmãs, faleceu no dia 30 de abril de 1881. Ela foi beatificada em 14 de abril de 1985.
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