A História da Salvação se faz também na transmissão do conhecimento da verdade. Cada época dá sua contribuição, mas a recebe dos antepassados, como lemos em Hebreus 11. Na Bíblia vemos o grande interesse em manter a fé dos antepassados. Ela guarda memória dos antigos que tinham vivido a integridade da fé. A Igreja Católica guarda a sabedoria dos antigos e mantém a fidelidade à compreensão da Palavra de Deus. Cada época tem um enfoque na procura de ser fiel. Os antigos e os novos, todos têm o Espírito Santo. Por isso podemos ser ensinados por esses homens e mulheres que vieram antes de nós, como também, podemos ensinar aos futuros. A revelação permanece a mesma, mas como vem de um Deus infinito, sempre podemos compreender melhor e dar uma contribuição para melhor compreensão. A sabedoria dos antigos não vem somente da inteligência, mas também de sua santidade de vida. Nós os chamamos Pais da Igreja ou Santos Padres. Eles são antigos, santos e tem um ensinamento profundo. Basta citar S. Agostinho, Atanásio etc... Foram deixados de lado algum tempo, mas agora se dá valor e se deve sempre referir a eles quando estudamos a Palavra de Deus. Sua compreensão dá segurança no conhecimento do ensinamento. O fato de perdermos a ligação com o passado podemos nos desviar ou negar dados da fé. Pela história tivemos santos intelectuais, como também outros pensadores que deram sua contribuição para o ensinamento.
Sentido literal e espiritual
Apesar de encontrarmos diversos sentidos na Escritura, é fundamental partir sempre do texto. O texto como está escrito, é estudado nas regras da interpretação. Santo Tomás afirma que “todos os sentidos da Escritura se fundamentam no sentido literal”. O sentido literal supõe que a tradução corresponda de fato ao original em que foi escrito. Com o sentido literal, temos o sentido espiritual que nos revela o que a fé ensina, como se deve viver (moral) e aonde vamos chegar. Para esse conhecimento, precisamos ter como seguro e necessário que só é fiel ao texto da Palavra de Deus na medida em que o buscamos com a fé. Assim a Palavra de Deus se torna viva e o Espírito nos introduz em seu sentido espiritual. Sem o fundamento do texto como nos é apresentado, e sem a compreensão através da fé, a Palavra se torna fechada.
Ir além da letra.
Fundamentar-se no sentido literal, não significa parar nele. Deve haver uma passagem da escrita para a o espírito do texto. Para fazer essa passagem temos que passar a Palavra para a vida. O texto inspirado, mesmo sendo antigo, é para hoje. Na medida que o ouvimos hoje e praticamos, estamos vivendo a letra no espírito. É o Espírito de Deus que nos conduz. O texto é como um sacramento que tem uma força interior invisível que produz na vida, atitudes de fé. Lembramos que toda a leitura se faz em Cristo que é a Palavra do Pai encarnada, por isso a Palavra só vai atuar se encarnar na vida. São Paulo acentua, como diz o documento Verbum Domini (38), que “A letra mata, mas o Espírito vivifica” (2Cor 3,6). A Palavra é tão viva pelo Espírito, que podemos lembrar que S. Agostinho, ao ler a Palavra de Deus, encontrou a verdade. Na leitura feita na situação em que vivia lhe deu condições para crer. “Para Santo Agostinho, ir além da letra tornou possível acreditar na própria letra e permitir-lhe encontrar finalmente a resposta às profundas inquietações do seu espírito, sedento da verdade (VD 38).
ARTIGO PUBLICADO EM JANEIRO DE 2013
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