Evangelho segundo São Mateus 22,34-40.
Naquele tempo, os fariseus, ouvindo dizer que Jesus tinha feito calar os saduceus, reuniram-se em grupo,
e um doutor da Lei perguntou a Jesus, para O experimentar:
«Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?».
Jesus respondeu: «Amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todo o teu espírito.
Este é o maior e o primeiro mandamento.
O segundo, porém, é semelhante a este: amarás o teu próximo como a ti mesmo.
Nestes dois mandamentos se resumem toda a Lei e os profetas».
Tradução litúrgica da Bíblia
(1347-1380)
Terceira dominicana, doutora da Igreja,
copadroeira da Europa
O dom da discrição ou discernimento espiritual, cap. V, n.º 6
«Amarás o Senhor, teu Deus, e o teu próximo como a ti mesmo»
Santa Catarina ouviu Deus dizer-lhe: Quero que saibas que não há virtude nem culpa que não se exerça através do próximo. Quem permanece na inimizade comigo causa dano ao seu próximo e a si próprio, o seu principal próximo, e prejudica-o, tanto em geral como em particular. Em geral, porque tendes a obrigação de amar o vosso próximo como a vós mesmos, e esse amor obriga-vos a assisti-lo pela oração, pela palavra, pelo conselho e a prestar-lhe todo o auxílio espiritual ou temporal, segundo as suas necessidades. E, se não puderdes fazê-lo, por não terdes meios para tal, deveis pelo menos ter o desejo de o fazer.
Mas, se não Me amais, também não amais o vosso próximo; e, não o amando, não o ajudais e por isso prestais um mau serviço a vós próprios, privando-vos da minha graça, ao mesmo tempo que frustrais o próximo, não lhe proporcionando as orações e os desejos piedosos que deveríeis oferecer-Me por ele. A ajuda dada ao próximo deve proceder do amor que tendes por ele, por minha causa.
Do mesmo modo, pode dizer-se que não há vício que não afete o próximo; pois, se não Me amardes, não podereis estar na caridade que lhe deveis. Todos os males provêm do facto de a alma estar privada de caridade para comigo e para com o próximo: não podendo fazer o bem, faz o mal. E contra quem faz o mal? Primeiro, contra si própria e depois contra o próximo. Não é a Mim que fazeis mal, porque o mal não Me atinge a não ser na medida em que considero como feito a Mim o que é feito ao próximo.
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