Evangelho segundo São Mateus 23,1-12.
Naquele tempo, Jesus falou à multidão e aos discípulos, dizendo:
«Na cadeira de Moisés sentaram-se os escribas e os fariseus.
Fazei e observai tudo quanto vos disserem, mas não imiteis as suas obras, porque eles dizem e não fazem.
Atam fardos pesados e põem-nos aos ombros dos homens, mas eles nem com o dedo os querem mover.
Tudo o que fazem é para serem vistos pelos homens: alargam os filactérios e ampliam as borlas;
gostam do primeiro lugar nos banquetes e dos primeiros assentos nas sinagogas,
das saudações nas praças públicas e que os tratem por mestres. Vós, porém, não vos deixeis tratar por mestres,
porque um só é o vosso Mestre e vós sois todos irmãos.
Na Terra, não chameis a ninguém vosso pai, porque um só é o vosso pai, o Pai celeste.
Nem vos deixeis tratar por doutores, porque um só é o vosso doutor, o Messias.
Aquele que for o maior entre vós será o vosso servo.
Quem se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado».
Tradução litúrgica da Bíblia
Papa, doutor da Igreja
Livro XI, SC 212
Não permitas que eu me desvie!
«Aquele que transforma os lábios dos homens verazes e rouba aos velhos a sua ciência» (Job 12,20). Quando o sacerdote não pratica o bem que prega, é-lhe retirado o próprio dom da palavra, para que não cometa a afronta de dizer o que não põe em prática, segundo as palavras do profeta: «Ao malfeitor, porém, Deus diz: "Que mais te dá repetires tanto os meus preceitos e trazeres sempre na boca a minha aliança?"» (Sl 49,16). Daí também esta súplica: «Não retires jamais da minha boca a palavra da verdade» (Sl 118,43). Ele sente profundamente que Deus Todo-Poderoso concede a palavra da verdade a quem a vive e a retira a quem não a vive. Por isso, aquele que pedia que não lha tirassem da boca, pedia a graça das boas obras, como quem diz abertamente: não permitas que eu me desvie das boas obras; se eu perdesse a ordem de uma vida santa, perderia a retidão da minha palavra.
Muitas vezes, quando um médico se põe a ensinar o que não quer fazer, deixa de ter palavras para dizer o bem que desprezou praticar, e ensina aos seus alunos os erros da sua conduta. No justo juízo de Deus Todo-Poderoso, deixou de ter a língua ao serviço do bem, pois recusa-se a viver bem; a sua alma abrasou-se de amor pelos bens da terra e é dos bens da terra que doravante falará sempre. Por isso, a verdade diz no evangelho: «É da abundância do coração que a boca fala. O homem bom do bom tesouro tira coisas boas, e o homem mau do mau tesouro tira coisas más» (Mt 12,34-35).
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