Em Teresa Bracco brilha a castidade, defendida e testemunhada até ao martírio. Tinha vinte anos quando, durante a segunda guerra mundial, optou por morrer para não ceder à violência de um militar que atentava contra a sua virgindade. Aquela atitude corajosa era a consequência lógica de uma firme vontade de se manter fiel a Cristo, segundo o propósito várias vezes manifestado. Quando tomou conhecimento do que tinha acontecido a outras jovens naquele período de desordens e violências, exclamou sem hesitar: “Prefiro morrer do que ser profanada”.
Foi o que aconteceu durante um controle militar. O martírio foi o coroamento de um caminho de maturação cristã, desenvolvido dia após dia, com a força tirada da Comunhão eucarística quotidiana e de uma profunda devoção à Virgem Mãe de Deus.
Que significativo testemunho evangélico para as jovens gerações que se aproximam do Terceiro Milênio! Que mensagem de esperança para quem se esforça por ir contra a corrente em relação ao espírito do mundo! Indico sobretudo aos jovens esta moça que a Igreja hoje proclama Beata, a fim de que dela aprendam a fé límpida testemunhada no empenho quotidiano, a coerência moral sem compromissos, a coragem de sacrificar, se for necessário, até a vida, para não atraiçoar os valores que dão sentido à existência.
Papa João Paulo II – Homilia de Beatificação - 24 de maio de 1998
Tereza nasceu em 24 de fevereiro de 1924, penúltima de sete filhos, em Santa Giulia, no Piemonte, Itália. Seus pais foram para ela um exemplo de fé e fortaleza cristã: em 1927 sepultaram em apenas três dias dois filhos de nove e quinze anos. Uma fé submetida àprova. No fim do dia, o próprio pai dirigia a reza do Rosário em família. O nome de Teresa ela recebera em honra da “pequena santa” de Lisieux, beatificada em 1923.
Teresa só pôde frequentar até o quarto ano do primeiro grau, pois com o seu trabalho de pastorinha procurou contribuir para o sustento da família. Trazia o Terço sempre consigo e no campo nunca parava de rezar.
Era uma jovem extremamente reservada, modesta, delicada no relacionamento com as pessoas, sempre pronta a dar a sua ajuda. E bela: dois grandes olhos escuros e aveludados sobressaíam num rosto sereno e pensativo, emoldurado por grandes tranças castanhas. Bela, mas sem qualquer vaidade. Sabia atrair a admiração respeitosa dos conterrâneos: “Uma garota assim, eu nunca tinha visto antes e jamais vi depois”, afirmou um deles. “Havia nela algo de diferente das demais garotas”, recorda uma amiga. “Era a melhor de nós todas”, confia sua irmã Ana.
Ginin – como era chamada – sacrificava de boa vontade preciosas horas de sono desde que pudesse comungar. A igreja não ficava tão perto de sua casa, e a missa era ali celebrada ao alvorecer. Mesmo assim, Teresa jamais renunciava à Santa Missa, por nada no mundo. A Eucaristia, a devoção a Nossa Senhora e a espiritualidade das obrigações, eis o segredo da sua santidade.
Na casa da família Bracco chegava regularmente o Boletim Salesiano. Do número de agosto de 1933, Teresa cortou a terceira página que trazia a figura de Domingos Sávio, filho de camponeses como ela, que havia sido declarado venerável há pouco, e que tinha feito o seguinte propósito: “Antes morrer do que pecar”. A pequena – tinha apenas nove anos – ficou fascinada por ele, e colocou a página na cabeceira da cama. Desde então, o mote de Domingos foi também seu. Declarou guerra ao pecado: “Antes, eu me deixo matar”, escreveu. E manteve o propósito.
Em 28 de agosto de 1944, uma feroz investida alemã chega a Santa Giulia e Teresa, assim como outras mulheres e crianças da região, foi tomada como refém de guerra por soldados alemães. Entendendo as intenções não benevolentes dos oficiais, Teresa tentou fugir indo em direção à floresta, mas foi alcançada por um oficial que, tomado pela raiva, a estrangulou e disparou um tiro de pistola no coração. O soldado ainda chutou o corpo já sem vida de Teresa, provocando a quebra do crânio.
O corpo da jovem foi encontrado na floresta dois dias depois. Teresa tentara inicialmente fugir às atitudes brutais do soldado; depois, vendo a inutilidade de seus esforços, preferiu renunciar à vida a perder a virtude tão ciosamente conservada.
Alguém balançou a cabeça sobre seu final heroico. Uma morte inútil, ele disse a si mesmo. Ela poderia sobreviver à violência, como as outras duas garotas, e retornar à sua família. Por que se opor tanto a isso? Mas apenas alguns meses depois de sua morte, ele foi informado de alguém que havia recebido uma graça através da intercessão de Teresa. A fama do seu martírio espalhou-se pelas paróquias vizinhas, enquanto a voz do povo a aclama como a nova Santa Maria Goretti do Langhe.
O seu sacrifício não foi senão o último de uma vida inteiramente vivida pelo Evangelho. Toda a dinâmica do assassinato foi esclarecida pelo exame dos restos feitos em 10 de maio de 1989, sob a ordem do tribunal eclesiástico.
João Paulo II beatificou-a em Turim no dia 24 de maio de 1998, memória de Maria Auxiliadora, durante sua peregrinação ao Santo Sudário.
http://coisasdesantos.blogspot.com/2018/08/30-de-agosto-beata-teresa-bracco.html
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