quarta-feira, 30 de agosto de 2023

Beata Maria dos Anjos Ginard Martí, Virgem e Mártir – 30 de agosto

Poucos dias depois do martírio de Josep Tápies Sirvant e seis companheiros, também a Irmã Maria dos Anjos Ginard Martí rematou a sua consagração a Jesus Cristo oferecendo a sua vida, ceifada pelas balas, em Dehesa de la Villa, perto de Madrid. A Beata Maria dos Anjos foi uma religiosa exemplar, destacando-se entre as suas numerosas virtudes o amor à Santíssima Eucaristia e ao Rosário, assim como a sua particular devoção aos primeiros cristãos, cujo martírio venerava.
Cardeal José Saraiva Martins – Homilia de Beatificação 29/10/2005 
     A Irmã Maria dos Anjos Ginard Martí, religiosa da Congregação das Irmãs Zeladoras do Culto Eucarístico, nasceu no dia 3 de abril de 1894 em Llucmajor (Baleares). Era a terceira de nove filhos do casal Sebastián e Margarita, e passou a sua infância nas Canárias, para onde o seu pai tinha sido transferido.
     Desde menina sentiu-se inclinada a uma profunda piedade, fruto da educação recebida de seus pais, e logo desejou se consagrar ao Senhor na vida religiosa, seguindo o exemplo das duas irmãs de sua mãe. Após o regresso da sua família a Maiorca, embora tivesse o desejo de tornar-se religiosa, teve que esperar.
     Por necessidade aprendeu a confeccionar chapéus e a bordar a fim de, com o seu esforço pessoal, contribuir e suprir as carências de uma família tão numerosa. Não obstante isso, todas as manhãs levantava-se de madrugada para assistir à missa e o seu trabalho não a impedia de recitar o Rosário, por sua devoção a Maria Santíssima, visitar o Santíssimo e transcorrer longos períodos em adoração na igreja das Irmãs Zeladoras do Culto Eucarístico, de Palma de Maiorca.
     Seu profundo amor à Eucaristia a levaria a escolher aquela congregação, fundada pelo sacerdote maiorquino, o Servo de Deus Miguel Maura Montaner, com a finalidade de adorar, desagravar e servir a Jesus Sacramentado, presente por amor entre nós.
     Entrou naquela Congregação em 1921. Terminado o noviciado e emitida a primeira profissão religiosa, viveu e trabalhou na casa das Irmãs em Madrid de 1926 a 1929. Colocou-se imediatamente em contato com a comunidade orante e soube estar disponível aos muitos fiéis que vinham à capela da casa para adorar o Santíssimo Sacramento.
     O clima eucarístico em que viveu, perfilou sua vida de consagrada, e foi uma religiosa bondosa, serviçal, sempre com anelos de santidade e de completa entrega a Deu, até a ponto de manifestar abertamente que sua maior alegria seria dar a vida por Jesus Cristo no martírio.
     Transferiu-se para Barcelona, regressando à casa de Madrid no ano de 1932, após ter renunciado ser conselheira-geral. Nesta casa viveu os quatro anos precedentes à sua morte, experimentando a perseguição religiosa típica daquela época. Atualmente os seus despojos repousam na igreja desta casa em Madrid.
     Ela sabia aproveitar todos os momentos livres para adorar silenciosamente a Eucaristia, além do tempo habitual do seu horário religioso. Rezava incessantemente diante de Jesus Cristo Ressuscitado, presente na Eucaristia, pelos muitos problemas da Espanha, agitada naquele período por tantos conflitos sociais. Desejava levar Cristo a toda a humanidade, através do fascínio eucarístico.
     No mês de março de 1936, uma explosão de violência antirreligiosa provocou o incêndio de diversas igrejas, cobrindo toda Madrid de fumaça. Não obstante tudo, as Zeladoras do Culto Eucarístico não interromperam o seu ritmo de adoração. Contudo, os incêndios continuavam a aumentar e também os assassinatos de sacerdotes, pessoas consagradas e leigos cristãos.
     No dia 20 de julho de 1936, as religiosas tiveram que sair do convento vestidas de seculares. A Irmã Maria dos Anjos Ginard Martí foi acolhida por um casal católico e piedoso, os Medina-Ariza, que viviam na rua Monte Esquinza em Madrid, de frente para o convento. Deste refúgio, pode observar com dor, como os milicianos do ateísmo organizado (anarquistas e comunistas) saqueavam e pilhavam o convento, destruindo todas as imagens religiosas e outros objetos da capela.
     Nesta situação viveu até ao dia 25 de agosto de 1936, quando uns milicianos da FAI (organização anarquista espanhola) entraram na casa, por denúncia do porteiro do prédio, e a prenderam. Ao prenderem-na, detiveram também uma irmã da dona da casa, e a Irmã Maria dos Anjos, cheia de serenidade e de caridade para com os seus perseguidores, afirmou: "Esta senhora não é religiosa. Deixem-na, pois a única religiosa aqui sou eu". E assim, salvou a vida àquela mulher, mas, ao mesmo tempo, identificou-se como religiosa, fato que a levou ao martírio.
     Conduzida à prisão das Belas Artes, na noite de 26 de agosto, foi fuzilada na localidade de Dehesa de la Villa, em Madrid. Não foi submetida a qualquer processo; era religiosa, e este fato era suficiente.
     Na manhã do dia 27 de agosto de 1936, após o reconhecimento e a remoção do cadáver desta cristã martirizada, foi sepultada no dia seguinte no cemitério de La Almudena, em Madrid. Maria dos Anjos morreu sorrindo, como demonstram as fotografias. Finalmente era mártir de Jesus Cristo, como tinha desejado.
     Terminada a Guerra, foi identificada a sepultura, e no ano de 1941 os seus restos foram transladados para o panteão da Irmãs Zeladoras do Culto Eucarístico, no mesmo cemitério, onde permaneceram até 19 de dezembro de 1985, e depois foram transladados para o convento onde ela viveu, situado na Rua Blanca de Navarra, em Madrid.
     Foi beatificada na Basílica de São Pedro, no Vaticano, em 29 de outubro de 2005. Sua festa é celebrada no dia 30 de agosto. 
Fontes:
http://heroinasdacristandade.blogspot.com/2022/08/

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