Quando se fala de pecado aparece um verdadeiro dicionário de sentidos e significados. Ele está entre as realidades mais misteriosas da existência humana, e uma das mais incompreendidas. Se por um lado está entranhado em nosso ser e, por outro, se torna um estímulo a procurar recompor o coração humano e fazê-lo voltar a sua origem, o Paraíso. O pecado tem que ser levado a sério. Há muitos aspectos pelos quais podemos estudar o tema do pecado. Mas, há um desconhecimento quase total desta realidade. Para uns é um tabu a ser eliminado. Para outros, não existe mais. Pio XII disse que se perdeu o sentido do pecado. Agora está mais complicado, pois, para muitos, o que é certo é errado, o que é errado é o certo. O homem se fez dono do bem e do mal, como está descrito no livro do Gênesis, quando se fala do pecado do homem e da mulher no Jardim do Paraíso: “Sereis como Deus conhecendo, isto é, sendo donos do bem e do mal” (Gn 3,5) . Não deu certo! Podemos afirmar que só vamos conhecer a malícia do mal, quando conhecermos a Deus como amor e misericórdia. Deus quer estabelecer conosco a aliança de amor. Romper esta aliança é o pecado. O pecado gera a morte, a graça gera a Vida. Dizem muitos que não se pode falar de moral, de mandamento, pois são coisas do passado. Para nós, moral e mandamento não são repressivos, mas indicam caminhos para se viver bem. Vemos que, se há o pecado, há também um coração a ser restaurado e uma vida a ser promovida. Não podemos viver do pecado, mas da graça que é muito mais abundante (Rm 5,20). Jesus já matou o pecado na cruz (Cl 2,14) e pagou a penitência por nós, como escreve S. Afonso.
Enfrentando a fera
Desconhecer o pecado é criar uma víbora dentro de casa. Muitos têm o senso do pecado e sabem quando pecam. Outros não sabem discernir. Falam de pecado quando é doença, ou se acusam do que não é pecado. Ou confundem culpa moral com culpa psicológica ou ficam repetindo a acusação. O fundamental é saber enfrentar a fera que temos dentro de nós. O pecado original deixou em nós marcas que são as concupiscências, isto é, os desejos profundos que nos empurram para a prática do mal. É preciso conhecer-se para poder ver onde nos deixamos dominar. Temos nossos pontos fracos. Deixar-se levar não é bom negócio, pois o vício, quanto mais se estabelece, pior fica para ser retirado. Para vencer o mal temos que ouvir Paulo: “Vence o mal pelo bem” (Rm 12,21). Não adianta só arrancar os erros, é preciso colocar algo de bom no lugar. Não basta tirar folhas secas da árvore. É preciso cuidar das raízes. Há uma luta dentro de nós: “Não faço o bem que quero e faço o mal que não quero” (Rm 7,19).
Juntos venceremos
Nesta batalha contra o mal não estamos sozinhos. Contamos com a graça de Deus, a proteção e as preces de Maria e dos santos. Mas, no dia a dia de nossas fragilidades, temos que contar com o apoio dos amigos. Os amigos espirituais são nosso apoio para vencer o pecado e os males que dele decorrem. Para fazer o mal, temos amigos em abundância. Para fazer o bem e vencer o mal, temos que trabalhar sozinhos. O pecado tem uma marca social muito profunda. Ele é uma torrente que vai envolvendo tudo. E é em comunidade que vamos vencê-lo. Já dissemos: o povo é fraco, mas unido tem força social. O mesmo se diga quanto ao mal do pecado. Somos fracos, mas unidos venceremos pela graça e pelo amor.
ARTIGO REDIGIDO E PUBLICADO
EM NOVEMBRO DE 2010
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