quarta-feira, 24 de novembro de 2021

REFLETINDO A PALAVRA - “O Ressuscitado manifesta-se no meio dos seus”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
53 ANOS CONSAGRADO
46 ANOS SACERDOTE
Na força da ressurreição
 
No tempo pascal, contemplamos não somente a vida e a beleza do Ressuscitado, mas podemos ver os resultados desta Vida Nova na vida daqueles que nEle creram. A carta de Pedro anota de modo profundo que Deus em sua misericórdia, pela ressurreição de Jesus, fez-nos nascer de novo para uma esperança viva, para uma herança incorruptível reservada a nós nos Céus (1Pd 1,3-4). A ressurreição atinge o ser humano na sua raiz: nasce de novo. Isso é simbolizado pelo Batismo, sobretudo por imersão. A comunidade dos “recém nascidos” (neófitos = novos iluminados) é um novo modo de viver. Assim nos narram os Atos dos Apóstolos: “Os que creram viviam unidos na escuta da Palavra de Deus, na fraternidade, na Fração do Pão - nome dado à Eucaristia - e nas orações” (At.2,42). Os discípulos realizam o projeto de um mundo novo. O ponto fundamental é a unidade. Jesus rezara na última ceia: “Que todos sejam um”. Estar unidos na fraternidade para rezar, celebrar e ouvir a Palavra, é resultado da força da ressurreição. Esta força não é somente um ideal, mas a própria presença do Ressuscitado no seu meio. Crer em Cristo ressuscitado é perfazer este caminho de comunidade. O texto de Atos diz: “os que se haviam convertido eram perseverantes em ouvir o ensinamento dos apóstolos, na comunhão fraterna, na fração do pão e nas orações” (At 2,42). A presença de Cristo no meio dos seus é a força transformadora que, pela ação do Espírito continua no seio da comunidade realizando a reconciliação universal: “Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados serão perdoados; a quem não perdoardes, eles lhes serão retidos” (Jo 20,22). 
Sem ter visto o Senhor vós O amais 
Crer em Jesus é um novo nascimento. A presença de Cristo, aceito na fé e amado no coração, é um estímulo à grande esperança na herança incorruptível, isto é, a salvação e a glória junto de Deus. O ato de fé do cristão realiza em sua vida a ressurreição de Jesus, que é a salvação. Pedro escreve: “sem ter visto o Senhor, vós O amais, sem O ver ainda, nEle acreditais, Isso será para vós fonte de alegria indizível e gloriosa, pois obtereis aquilo em que acreditais: a vossa salvação” (1 Pd 1,9). Confirmam-se as palavras de Jesus: “Felizes os que creram sem ter visto” (Jo 20,38). A fé faz o discípulo ver a presença do Ressuscitado no meio deles. Esta certeza é a fonte da unidade, caminho de vida e estímulo à esperança, mesmo no meio das tribulações, pois a fé é mais preciosa do que o “ouro que se prova pelo fogo” (1ª Pd 1,7). Os dons da Ressurreição nos unem também ao sofrimento do Senhor. 
A presença do ressuscitado. 
As aparições do Ressuscitado acontecem no primeiro dia da semana, o domingo. Nós também nos reunimos no domingo e professamos nossa fé como Tomé: “Meu Senhor e meu Deus”. Recebemos o Espírito Santo, como os discípulos. Jesus diz: “recebei o Espírito Santo”. Na comunidade não há obstáculos para a presença do Senhor. Jesus põe-se no meio dos discípulos, “estando fechadas as portas”. Ele está sempre vivo e sua presença é garantida, pois não há o que ou quem o impeça. Sua mensagem é de reconciliação: “A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados”. A reconciliação com Deus é reconciliação com os irmãos, numa vida de fraternidade, certeza da presença do Senhor. 
Leituras: Atos 2,42-47; Salmo 117; 
1ª Pedro 1,3-9; João 20,19-31. 
Ficha: 1. A Ressurreição de Jesus tem profundos resultados na vida dos discípulos: A Vida Nova e a comunidade nova. Pela Vida Nova alimentam as profundas esperanças de chegar à glória. A comunidade dos “recém nascidos” pelo Batismo vive unida na fração do Pão – Eucaristia, na escuta da Palavra, nas orações e na fraternidade. Ela tem o dom do Espírito que realiza a reconciliação universal pelo perdão dos pecados. 
2. A presença do Cristo na comunidade é estímulo à esperança, isto é, à realização plena da salvação aqui e nos Céus. Mas a comunidade passará também pelo mesmo caminho de seu Senhor sacrificado: cadinho do sofrimento, provada pelo fogo. 
3. As aparições do Ressuscitado se dão no domingo, dia do Senhor. Nós também, por nossa vida de comunidade, como a comunidade dos apóstolos, professamos nossa fé como Tomé “meus Senhor e meu Deus (mas sem termos visto o Senhor), recebemos o Espírito de paz e reconciliação e o anunciamos: Vimos o Senhor! Mesmo estando fechadas as portas de nossos olhos e sentimentos. 
Homilia do 2º Domingo da Páscoa
EM ABRIL DE 2005

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