Evangelho segundo São Lucas 21,20-28.
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Quando virdes Jerusalém cercada por exércitos, sabei que está próxima a sua devastação.
Então, os que estiverem na Judeia fujam para os montes, os que estiverem dentro da cidade saiam para fora e os que estiverem nos campos não entrem na cidade.
Porque serão dias de castigo, nos quais deverá cumprir-se tudo o que está escrito.
Ai daquelas que estiverem para ser mães e das que andarem a amamentar nesses dias, porque haverá grande angústia na Terra e indignação contra este povo.
Cairão ao fio da espada, irão cativos para todas as nações, e Jerusalém será calcada pelos pagãos, até que aos pagãos chegue a sua hora.
Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas e, na Terra, angústia entre as nações, aterradas com o rugido e a agitação do mar.
Os homens morrerão de pavor, na expectativa do que vai suceder ao universo, pois as forças celestes serão abaladas.
Então hão de ver o Filho do homem vir numa nuvem, com grande poder e glória.
Quando estas coisas começarem a acontecer, erguei-vos e levantai a cabeça, porque a vossa libertação está próxima.
Tradução litúrgica da Bíblia
Sobre a Santa Páscoa 44-48;PG 59,743
(inspirada numa homilia perdida
de Santo Hipólito)
A vitória do Filho do homem,
que veio e que vem
O que será a vinda de Cristo? A libertação da escravatura e a rejeição das antigas cadeias, o começo da liberdade e a honra da adoção, a fonte da remissão dos pecados e a vida verdadeiramente imortal para todos. Sendo o Verbo, Palavra de Deus, Ele viu-nos lá do alto tiranizados pela morte, enganados, atados pelos laços da decadência, levados por um caminho sem retorno, e veio tomar a natureza de Adão, o primeiro homem, segundo o desígnio do Pai. Não confiou aos anjos nem aos arcanjos a responsabilidade da nossa salvação, mas tomou a seu cargo o combate a nosso favor, obedecendo às ordens do Pai. Reunindo e condensando em Si toda a grandeza da sua divindade, veio com a medida que quis; pelo poder do Pai não perdeu o que tinha, mas, tomando o que não tinha, veio com as devidas limitações. Repara que Ele é o Senhor: «Disse o Senhor ao meu Senhor: "Senta-te à minha direita"» (Sl 109,1). Vê que Ele é Filho: «Ele Me invocará, dizendo: "Tu és meu Pai", e Eu farei dele o Primogénito» (Sl 88,27-28). Observa também que Ele é Deus: «Os poderosos virão e prostrar-se-ão diante de Ti e Te suplicarão porque Deus está contigo» (Is 45,14). Observa que Ele é o Rei eterno: «Um cetro de justiça é o teu cetro real. Deus, o teu Deus, Te ungiu com o óleo da alegria» (Sl 44,7-8). Vê que Ele é Senhor das dominações: «Quem é Ele, esse Rei glorioso? É o Senhor do universo! É Ele o Rei glorioso» (Sl 23,10). Repara também que Ele é sumo-sacerdote eterno: «Tu és sacerdote para sempre» (Sl 109,4). Mas se Ele é Senhor e Deus, Filho e Rei, Senhor e sumo-sacerdote eterno, quando assim entendeu «tornou-Se homem também: quem poderá compreendê-lo?» (Jr 17,9 LXX).
Foi como homem e Deus que este grande Jesus veio morar entre nós. Revestiu-Se do nosso corpo miserável e morto; curou-os das suas enfermidades, sarou cada uma das nossas doenças com o seu poder, para que se cumprisse a palavra: «Eu sou o Senhor. Tomei-Te pela mão e fortaleci-Te. Senhor é o meu nome. E o último inimigo a ser destruído será a morte. Onde está, ó morte, o teu aguilhão?» (cf Is 42,6; 1Cor 15,26.55).
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