PADRE WALMIR GARCIA DOS SANTOS CSsR |
Não identificada: Minha irmã separou-se do esposo por motivo de traição. Ela ficou muito magoada e está colocando os filhos contra o pai, falando “cobras e lagartos” dele. Ela está certa?
Não, ela está errada, pois ele continua sendo pai das crianças e não deve ser tido como inimigo, a menos que ele não seja um bom pai. A crise matrimonial foi com ela e não com os filhos, apesar de que a traição atinge também os filhos, pois provoca rompimento familiar, mas ele é o pai e os filhos têm o direito de continuar um bom relacionamento com o pai.
Não identificada: Tive uma decepção muito grande com um relacionamento. Tivemos um filho, mas a minha ex-companheira acabou ficando com a guarda da criança. Não quero mais saber de ninguém e estou pensando seriamente em entrar para o seminário. O fato de ter um filho pode me impedir de seguir a vida religiosa?
Sim, pode impedir, pois você tem a responsabilidade de educar o seu filho, de mantê-lo como pai, de ser exemplo de vida para ele. A Igreja tem muita prudência nesse ponto, para não ser causa de desequilíbrio na educação de um filho, mesmo ele não estando sob sua tutela, você deve assumir a paternidade com responsabilidade.
Jacqueline Dias: Sei que a homossexualidade vai contra as leis de Deus, mas como hoje em dia esse tipo de relacionamento está tão comum e não devemos julgar, nem discriminar, poderíamos considerar aceitável uma união como esta, pautada no amor verdadeiro e no comportamento moralizado diante da sociedade?
É preciso separar homossexualidade com prática homossexual. O pecado não consiste em a pessoa ter a condição homossexual, mas sim a prática homossexual. Não é porque hoje está tão comum que deixa de ser pecado. Devemos respeitar e nunca discriminar e nem julgar.
Não identificada: Meu irmão mais velho brigou com meu pai há alguns anos atrás e nunca mais se falaram. Nosso pai faleceu e, para surpresa nossa, meu irmão apareceu no velório, chorou muito e pediu perdão para ele. Considera esse tipo de arrependimento tardio? Será que a alma do nosso pai o perdoou?
De fato foi um arrependimento tardio, pois o seu pai já não tinha condições de aceitar aquele pedido e perdão. O que devemos fazer pelas pessoas deve ser feitas em vida. É um absurdo um filho brigar com o seu pai e ficar sem conversar com ele e vice versa. Por isso a Palavra de Deus nos ensina que o “sol não se ponha sobre a nossa ira” (Ef 4, 26).
Carmélia Ramos: Podemos oferecer a comunhão por uma alma?
Você pode sim, oferecer a comunhão, oferecer oração por alguém que já morreu, não tem problema, é uma forma de você rezar por ela. Sem problemas.
Andréia Marques: Deveria existir uma lei que proibisse a abertura dessas “igrejas de franquia”, essas que só existem para tomar dinheiro do povo sem nenhum fim honesto, concorda com isso?
Não concordo com leis proibitivas, pois vivemos num país com liberdade de culto e de expressão religiosa e não se pode coibir através de leis, agora as pessoas deveriam ser mais conscientes e não se levar por exploradores da boa vontade e da fé das pessoas. Deveriam existir leis que fiscalizasse o que essas “igrejas de franquia” fazem como dinheiro arrecadado.
Adriana Almeida: Gostaria que comentasse estas palavras de Jesus que diz: “Aqueles que mais pecam publicamente precederão os que se consideram santos, para entrar no Reino dos céus”!
O texto que está em Mt 21, 31 diz assim: “Eu vos garanto que nos cobradores de impostos e as prostitutas entram antes no reino de Deus do que vós”. Jesus com estas palavras está exortando as pessoas a serem coerentes com o que creem, pois não é vantagem nenhuma saber da Lei de Deus sem vivê-la numa vida de convertido. Ele relatou isto dizendo que muitos pecadores públicos se converteram ao ouvir a convocação de João Batista e os que se consideravam puros e muito conhecedores da Lei não se converteram. Isto vale para nós hoje, que muitas vezes sentamos em cadeiras para julgar os outros, pensando que somos religiosos e podemos condenar as pessoas por serem pecadoras. É preciso tomar cuidado.
Sônia Regina: Conheço algumas pessoas que são totalmente alheias a qualquer religião. Não oram, mas também não criticam nenhuma delas. Também não se dizem ateus. Será que, no fundo, este comportamento, seria fruto de alguma decepção?
Pode ser decepção ou falta de educação religiosa. Muitos pais não ensinam desde cedo o amor à Deus e à sua Igreja; não são catequizados e nem se importam com isso. é o chamado indiferentismo religioso, que cresce assustadoramente em nossos dias.
Marivone da Cruz: Pessoas que fazem greve de fome em nome de uma causa nobre são bem vistas aos olhos de Deus, mesmo se morrerem em decorrência dessa greve?
Penso que a luta pelo bem é válida e o sacrifício por uma causa nobre é bem visto aos olhos de Deus. Todos os profetas sofreram consequências em suas vidas, levando-os até a morte, mas não se intimidaram na luta pelo bem. A greve de fome pode ser uma ação profética de alguém que tem um ideal e luta por ele.
Não identificada: Namoro uma pessoa há dois anos. Temos um filho cada um do primeiro relacionamento. Decidimos legalizar nossa união no civil e no religioso e decidimos não ter mais relações sexuais até o nosso casamento. Estamos no caminho certo?
É uma decisão que vocês tomaram e eu respeito, acho que estão no caminho certo sim, apesar de já terem um relacionamento sexual ativo, mas vejo que é uma boa medida, fazer um pouco de sacrifício em prol da felicidade de vocês.
Não identificada: Meu esposo está com câncer, fazendo um tratamento muito agressivo e somente Deus para salvá-lo. Pedi a Deus que nos conceda esta graça, mas meu esposo disse que não merece ser curado, porque fumou a vida toda, que Deus lhe deu a vida com saúde e ele não cuidou. Então ele só quer morrer com dignidade. Acha essa atitude correta? Não consigo aceitar isso.
Ele está correto em um aspecto, pois sabe que a doença é consequência de seus excessos em sua vida. É preciso respeitar essa maneira dele pensar e também aceitar as consequências nefastas dos nossos erros passados. Isso serve de lição para outras pessoas que vivem se afundando em vícios que fatalmente levarão às doenças e males muitas vezes irreversíveis.
Lucélia de Souza: Na pregação da missa o padre falou que o verdadeiro cristão deve ter o coração aquecido e a mente esclarecida, mas não aprofundou nesta mensagem. Gostaria que falasse a respeito.
É uma realidade que ele deveria ter explicado melhor, mas dou aqui a minha impressão: todo cristão deve ter o coração aquecido pela Palavra de Deus, pela vivência sacramental, pela vida coerente com a fé que professa e a mente esclarecida, ou seja, mente aberta para as realidades deste mundo, mente que se abre para o outro e não deixa viver o egoísmo e a falta de solidariedade.
José dos Reis: Os padres podem receber títulos honoríficos que não sejam hierárquicos, como Monsenhor, Cônego?
Só os padres é que podem receber estes títulos honoríficos, mas só os padres diocesanos, ou seja, padres que não pertencem a uma congregação ou ordem religiosa, os religiosos não podem receber este tipo de honraria.
Lana Matoso: Quando Jesus desceu à mansão dos mortos, Ele foi pregar a palavra para a conversão dos que estavam no inferno?
Falar em mansão dos mortos é o mesmo que falar em região dos mortos, ou sepultura.
Não identificada: A pessoa divorciada, mas que vive uma vida casta, pode comungar?
Claro que sim, não há impedimento para a comunhão pelo simples fato de ser separada, mas deve conversar com o pároco da Paróquia onde ela frequenta para uma boa orientação e confissão.
Não identificada: Desde que me casei com o meu marido, vivo uma vida infeliz, tenho muita vontade de me separar, mas devido a um acidente que ele sofreu, me sinto mal em pedir a separação. O que faço? Não aguento mais esta situação, são muitos anos de dor, angústia e muito sofrimento.
Eu creio que há matrimonio quando há amor e felicidade, ninguém deve viver com o outro por sentimento de dó ou por outro motivo que não seja amor. Não sou favorável à separação, mas também não sou favorável a uma vida sacrificada, angustiada e sem felicidade. Procure rezar mais esta situação e peça ao Espírito Santo que a ilumine no discernimento.
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