PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
26. A
espiritualidade se faz em uma sociedade.
Quando
dizemos que a espiritualidade é eclesial, isto é, vivida na comunidade, podemos
perceber que não basta vivê-la individualmente, sem relação com os que
pertencem à mesma comunidade. Somos povo de Deus e a salvação se faz como povo.
Ser povo de Deus não significa estar ligado às pessoas da comunidade, mas
inclui toda a sociedade. Por isso a sociedade é necessária para se viver a
espiritualidade. Não se trata de assumir os princípios anti-evangélicos que a
sociedade possa ter, mas sobretudo de dar uma contribuição significativa para
que ela mude. Por exemplo: os redentoristas assumiram uma comunidade em um
bairro da pesada na grande S.Paulo. O primeiro resultado foi a diminuição da
violência. Viver a espiritualidade na sociedade significa que somos parte dela,
pois o homem é um ser social. A espiritualidade não descarta esta dimensão do
ser humano, antes, assume-a na sua estruturação. Vejamos bem que corremos risco
de não desenvolver uma espiritualidade sadia, quando nos afastamos da
sociedade. Ela pode não ser boa! Justamente por isso devemos participar dela,
pois somos anunciadores de um evangelho que transforma. Que aspectos assumir da
sociedade? Todos! Político, econômico, social, artístico etc... todos os
segmentos! Imaginemos a política: por que entregar o governo dos povos a gente
que não está preparada e está mal intencionada? Os cristãos devem estar
presentes e dar sua contribuição. Com isso a Igreja não está fazendo política,
mas ela é também política. Criticamos estas estruturas mas não contribuímos
para mudá-las. O Papa beatificou o jovem Alberto Marvali de 28 anos (político e
engenheiro)
27. Participar
é ser fraterno.
Podemos
pensar que nem todos podem assumir grandes encargos, postos importantes ou
mesmo ter uma formação de alto nível. O amor fraterno é o maior diploma que
podemos apresentar à sociedade para dar nossa contribuição. Aqui temos a
ligação entre Igreja e sociedade. Jesus diz, no sermão sobre o fim do mundo,
que seremos julgados pelo bem que fazemos aos outros, sobretudo os
necessitados, sem distinção. Ser Igreja na sociedade não é fazer belas missas,
mas principalmente anunciar o Evangelho pelo testemunho de vida, pelo
testemunho da palavra e, sobretudo pela caridade para com todos. Ser fraterno e
próximo a cada pessoa nos ajudará a entender as palavras de Jesus: “Amai-vos
uns aos outros, como eu vos amei”. É preciso vida em abundância para todos.
28.
Comprometidos com o serviço.
O cristão vai viver sua
espiritualidade no serviço humilde a todos. Podemos parecer bobos, mas Jesus
foi considerado assim também. Faz parte da tradição da Igreja o serviço humilde
aos mais necessitados. Podemos ver como o povo sabe servir e colaborar com as
obras de caridade, sem olhar nem a religião, em a política, como tantos o
fazem. Não é para proveito próprio, pois o proveito é a grande glória que damos
a Deus fazendo como Jesus fazia. Num contexto de espiritualidade, vemos que o
conceito sempre se reduz à oração, leituras, reuniões de grupo. Tudo isso é
bom. É preciso participar com ações concretas e com a vida para que o
conhecimento da realidade em que se vive alimente a oração.
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