PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
Um bezerro de
ouro.
A cena do bezerro de ouro do Antigo
Testamento tornou-se uma figura comum quando se quer mostrar a situação de pecado.
O pecado que fizeram os judeus não foi fazer do bezerro um deus. O touro é
imagem da força de Deus. Mas circunscrever Deus em uma estátua, um ídolo. Isso
é a idolatria. Então, tendo um deus que eu fiz, tenho um deus de acordo com meu
gosto. É o mesmo pecado de Adão e Eva (que continua vivo no mundo): “sereis
iguais a Deus, conhecendo o bem e o mal” (Gn 3,5). O pecado é querer ser dono
de Deus e fazer do bem um mal e do mal um bem. É querer usar a liberdade que
lhe foi dada como presente contra o próprio doador. Liberdade é para fazer o
bem e não para deixar-se prender por males que nos destroem e destroem o mundo.
O homem tornou-se uma “ovelha perdida”, como Paulo que exclama: "Eu
blasfemava, perseguia e insultava. Cristo veio salvar os pecadores, dos quais
eu sou o primeiro ” (1ª Tm 1,13). Cada
um tem seu bezerro de ouro e, mesmo uma boiada dourada. Mas o pecado não é um
beco sem saída, uma estrada que acaba e não tem retorno. Deus está sempre
aberto à misericórdia. Não há bezerro de ouro que não possa ser destruído e não
possa dar lugar ao Senhor de nossas vidas, Aquele que nos tirou de um “Egito”
de maldades.
Veio para
salvar o que estava perdido.
A
parábola da ovelha perdida, que o pastor busca e se alegra quando encontra, é o
retrato de Deus que busca os que se perderam (Lc 15,4-7). Paulo escreve:
“Superabundou a graça de Nosso Senhor” ( 1ª Tm 1,14). A graça não é alguma
“coisa que se derrama. Ela é a expressão do amor de Deus que se abaixa para
abraçar, acolher e amar, pois é o que Deus é: Deus é bondade e misericórdia”
(Sl 23,6). São seus atributos fundamentais e sua identidade. O gesto de
procurar a ovelha perdida demonstra que a missão de Jesus, contrária às
atitudes dos fariseus que criticavam Jesus por acolher os pecadores, revela a
misericórdia de Deus em nossa história. Deus é paciente e cheio de
misericórdia. Deus veio para salvar e Paulo se considera como o maior
beneficiado: “eu encontrei misericórdia” (16). Se o pecado não é o fim, o
pecador está sempre sob os cuidados da misericórdia de Deus. Não significa que
vamos aproveitar e construir bezerros de ouro que nos levem a recusar a
misericórdia.
Ser
misericórdia.
A atitude de Jesus torna-se um modelo e um projeto de
vida para cada um, para a Igreja e para a sociedade: buscar o mais abandonado.
Moisés intercede pelo povo e pede a paciência de Deus (Ex 32,11-14). Vamos
vencer a tentação de fazer um bezerro de ouro, não acrescentando males sobre
males, no momento em que voltarmos nossos olhos e atitudes de vida para as
ovelhas perdidas da sociedade. Vemos os governos deixar o povo de lado. A
Igreja tem um discurso sobre os pobres (menos agora), mas os pobres não entram
nos planos de tantas Igrejas. Mais ainda, o pecador, o errado não é procurado,
mas espantado. A mania de condenação e exclusão torna-se cada vez mais
freqüente em lugar de oferecer a misericórdia, salvar e promover à vida. Sim às
ovelhas e não aos bezerros!
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