Evangelho segundo S. Mateus 7,21-29.
Naquele
tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Nem todo o que Me diz: 'Senhor, Senhor'
entrará no Reino do Céu, mas sim aquele que faz a vontade de meu Pai que está no
Céu. Muitos me dirão naquele dia: 'Senhor, Senhor, não foi em teu nome que
profetizámos, em teu nome que expulsámos os demónios e em teu nome que fizemos
muitos milagres?’ E, então, dir-lhes-ei: 'Nunca vos conheci; afastai-vos de
mim, vós que praticais a iniquidade.’»
«Todo aquele que escuta estas minhas
palavras e as põe em prática é como o homem prudente que edificou a sua casa
sobre a rocha. Caiu a chuva, engrossaram os rios, sopraram os ventos contra
aquela casa; mas não caiu, porque estava fundada sobre a rocha. Porém, todo
aquele que escuta estas minhas palavras e não as põe em prática poderá
comparar-se ao insensato que edificou a sua casa sobre a areia. Caiu a
chuva, engrossaram os rios, sopraram os ventos contra aquela casa; ela
desmoronou-se, e grande foi a sua ruína.» Quando Jesus acabou de falar, a
multidão ficou vivamente impressionada com os seus ensinamentos, porque Ele
ensinava-os como quem possui autoridade e não como os doutores da Lei.
Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
São Gregório de Nazianzo (330-390),
bispo, doutor da Igreja - Discurso 26
Edificados sobre a Rocha
Certa noite, andava eu a passear à beira-mar
e, como diz a Escritura, «soprando uma forte ventania, o lago começou a
agitar-se» (Jo 6,18). As vagas elevavam-se ao longe e invadiam a praia, batendo
nos rochedos, desfazendo-se e transformando-se em espuma e em gotículas. Os
seixos pequenos, as algas e as conchas mais leves eram arrastados pelas águas e
atirados para a praia, mas os rochedos permaneciam firmes e inabaláveis, como se
tudo estivesse calmo, mesmo no meio das vagas que os assolavam. […]
Retirei uma lição desse espectáculo. Esse mar não será a nossa vida
e a condição humana? Também aqui se encontra muita amargura e instabilidade. E
não serão como os ventos as tentações que nos assolam e todos os golpes
imprevistos da vida? Era nisso, segundo penso, que meditava David quando
clamava: «Salva-me, ó Deus, porque as águas quase me submergem; estou a
afundar-me num lamaçal profundo, não tenho ponto de apoio; entrei no abismo de
águas sem fundo e a corrente está a arrastar-me» (Sl 69,2ss). Entre as pessoas
que são postas à prova, umas parecem-me objectos ligeiros e sem vida que se
deixam levar sem oferecer a mínima resistência; não têm nenhuma firmeza em si;
não têm o contrapeso duma razão sábia que lute contra os assaltos. Outras
parecem-me rochedos, dignas dessa Rocha sobre a qual fomos edificados e que
adoramos; formadas nos raciocínios da verdadeira sabedoria, elevam-se acima da
fraqueza comum e tudo suportam com uma constância inabalável.
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