PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
13. A Trindade
Santa vive em nós.
Em
nosso batismo, através de um rito simbólico, somos mergulhados na Santíssima
Trindade. Batizar significa mergulhar. Mais que um corpo que está dentro de uma
imensidão, mais que uma esponja que fica toda embebida da água onde está
mergulhada, é semelhante a uma gota d’água lançada num oceano. Fazemos parte.
Não perdemos nossa identidade, mas vivemos a mesma vida, com o Pai, Filho e
Espírito que são um só Deus em três Pessoas e não perdem sua identidade, assim,
por comparação participamos desta vida divina, como filhos que tem a vida que
os pais lhes deram. O batismo nos dá a “graça santificante”, isto é, a vida divina.
Assim escreve S. João: Deus nos deu a vida eterna e esta vida está em seu
Filho” (1ªJo 5,11). Deus mora em nós e
nós moramos em Deus. “Quem me ama, meu Pai o amará e nós viremos a ele e nele
faremos morada” (Jo 14,26). Deus faz sua habitação em nós. Esta habitação de
Deus em nós ocupa o centro, transforma a pessoa e cria nela uma fonte de
dinamismo santificador. As obras que fazemos saem de nós como de uma fonte.
“Que crê em mim, do seu interior brotarão rios de água viva” (Jo 7,28). A
habitação da Trindade constitui o princípio mais sólido da via espiritual. A
espiritualidade não é fazer coisas ou dizer rezas, mas ser habitado pela
Trindade e viver nela. Esta vida é comunhão. É participação da vida divina com
Pai, Filho e Espírito Santo. João escreve: “nossa comunhão é com o Pai e com o
Filho (1ª Jo 1,3). Somos colocados nesta comunidade de amor e na participação
de sua vida. É nossa santificação. Paulo diz: “Cristo vive em mim”. O Espírito
habita em nós (1ª Cor 6,19). João usa a palavra amor: Deus é amor, quem
permanece no amor permanece em Deus e Deus nele” (1 Jo 4,16).
14. Esta é
nossa deificação.
Pedro
escreve: “Ele nos tem dado suas preciosas promessas, para que por elas vos
tornásseis participantes da natureza divina” (2ªPd 1,14). A presença divina
diviniza-nos e deifica-nos. Por ela participamos do que Deus é, do seu ser, e
criamos comunhão de amor e conhecimento. Podemos até provar isso: por que
explicamos coisas de Deus que ninguém nunca nos ensinou? Deus age em nós sem
que a gente o perceba. Quando conhecemos podemos ter maiores resultados em
nossa vida espiritual que se torna transformante para o mundo. É como a saúde
do corpo. Não basta curar os males, é preciso, sobretudo, promover a saúde. Na
espiritualidade é preciso o cuidar da saúde espiritual.
15. Mútua
entrega de um amor e acolhimento.
A vida
da Trindade em nós possui o mesmo movimento vital que Ela possui em si. O que
há na Trindade é entrega e acolhimento. O Espírito coloca-nos neste círculo
amoroso. Vivemos na dimensão humana o que é vivido na dimensão divina. Este
amor é entrega e acolhimento, como em Jesus. Assim podemos compreender a
redenção da humanidade. Não é só perdoar o pecado, mas principalmente abrir-nos
à comunhão de amor da Trindade. Recebemos o amor e a capacidade de retribuir o
amor a Deus e expandi-lo aos outros. Vemos assim que a espiritualidade se
fundamenta em uma vida que se transforma em atos. Doando-nos e acolhendo
estamos realizando a espiritualidade que tem como fonte a Ssma Trindade. Em
Deus nos movemos e existimos (At 17,28)
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