PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
16. Vida divina
em nós
Continuando
a reflexão sobre a vida espiritual, depois de aprofundar o tema da Santíssima
Trindade como essência da vida espiritual, vamos refletir sobre suas dinâmicas.
Dinâmicas são os “motores” que impulsionam e fazem tornar realidade aquilo que
recebemos como dom e de que participamos. Estamos inseridos na Trindade Santa,
a partir do batismo, realidade primeira de nosso caminhar espiritual. O
primeiro passo importante para nosso crescimento é o reconhecimento de que
nosso crescimento espiritual está no acolhimento da vida divina existente em
nós. Refletimos sobre o que Deus é para nós. Agora reflitamos sobre como
devemos reconhecer esta vida divina, e como vivê-la. Sem isso torna-se sem
futuro uma vida coerente e passamos ao espiritualismo. A participação da vida
divina é o dom que foi dado pelo Filho que é a revelação do projeto do Pai.
Jesus é a revelação deste mistério oculto que agora se torna realidade quando,
na Encarnação, o Filho de Deus, unindo a divindade à humanidade realizou este
projeto do Pai. O fato desta união faz-nos compreender que podemos realizá-la
também, não do mesmo modo que Jesus, mas através dele. A consciência da vida
divina em nós poderá endereçar nossa vida espiritual de modo diferente,
comprometido e conseqüente. A consciência vai gerar um novo relacionamento
entre as pessoas, quando tomamos conhecimento de que todos estamos unidos em
Deus. Por que o mundo anda com tantas dificuldades? Não será porque não tem
consciência da presença de Deus nas pessoas? O cristão torna-se anunciador
desta realidade que está presente no mundo pela encarnação do Filho de Deus.
Não se trata de um panteísmo. O que a teologia chama de graça santificante é a
vida divina. É a deificação.
17. Gostoso ser
filho de Deus.
Este
ensinamento sobre a vida divina dada por Jesus realiza-se no Batismo, de modo
sacramental. Para outros, Deus tem seus modos particulares e seus planos, pois
Jesus veio para todos e nos escolheu para anunciá-lo. Pelo Batismo fomos
adotados, como filhos de Deus, como de fato o somos. Uma vez que somos irmãos
de Jesus , Ele nos une si e nos faz filhos do Pai que está nos céus. Por isso
dizemos filhos no Filho, porque irmãos dEle. “Vede que prova de amor nos deu o
Pai, que sejamos chamados filhos de Deus. E nós o somos de fato”(1 Jo 3,1). E
“o Espírito mesmo testifica, com o nosso espírito, que somos filhos de Deus”
(Rm 8,16). É a presença do Espírito Santo em nós. Desta filiação tão gostosa de
se sentir, podemos tirar o dinamismo que impulsionará fortemente nossa vida.
18.Fraternidade
força divina.
A
fraternidade está unida à filiação divina. Não podemos nos esquecer nunca que,
quem está a meu lado, é tão amado por Deus quanto eu o sou. Seremos os mais
inúteis no mundo, se nos esquecemos dos pequeninos vítimas do mal. A
fraternidade é que vai nos mostrar o quanto estamos vivendo e acolhendo a
divindade em nós. A filiação divina exige a fraternidade divina, isto é, vivida
por nós com Jesus. Somos todos irmãos, filhos do mesmo Pai que está nos céus
que faz chover sobre justos e injustos (Mt 5,45). Ele não discrimina, mas a
todos acolhe porque sabe que somente o amor e a atitude acolhedora sem
discriminação poderão levar o mundo à sua meta: um novo céu e uma nova terra
(Ap 21,1).
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