Evangelho segundo S. Lucas 2,41-51a.
Os pais de
Jesus iam todos os anos a Jerusalém, pela festa da Páscoa. Quando Ele chegou
aos doze anos, subiram até lá, segundo o costume da festa.
Terminados esses
dias, regressaram a casa e o menino ficou em Jerusalém, sem que os pais o
soubessem. Pensando que Ele se encontrava na caravana, fizeram um dia de
viagem e começaram a procurá-lo entre os parentes e conhecidos. Não o tendo
encontrado, voltaram a Jerusalém, à sua procura. Três dias depois,
encontraram-no no templo, sentado entre os doutores, a ouvi-los e a fazer-lhes
perguntas. Todos quantos o ouviam, estavam estupefactos com a sua
inteligência e as suas respostas. Ao vê-lo, ficaram assombrados e sua mãe
disse-lhe: «Filho, porque nos fizeste isto? Olha que teu pai e eu andávamos
aflitos à tua procura!» Ele respondeu-lhes: «Porque me procuráveis? Não
sabíeis que devia estar em casa de meu Pai?» Mas eles não compreenderam as
palavras que lhes disse. Depois desceu com eles, voltou para Nazaré e
era-lhes submisso. Sua mãe guardava todas estas coisas no seu coração.
Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
Bento XVI, papa de 2005 a 2013
Discurso de 30/05/2009 (trad. © copyright Libreria Editrice Vaticana, rev)
No Novo Testamento vemos que a fé de Maria,
por assim dizer, «atrai» o dom do Espírito Santo. Antes de tudo, na concepção do
Filho de Deus, mistério que o próprio Arcanjo Gabriel assim explica: «O Espírito
Santo virá sobre ti e a força do Altíssimo estenderá sobre ti a sua sombra» (Lc
1,35). […] O coração de Maria, em perfeita consonância com o Filho divino, é
templo do Espírito da verdade (Jo 14,17), onde cada palavra e acontecimento são
conservados na fé, na esperança e na caridade (cf Lc 2,19.51).
Assim,
podemos estar certos de que, em todo o arco da vida escondida em Nazaré, o
santíssimo coração de Jesus sempre encontrou no coração imaculado da Mãe uma
chama ardente de oração e de atenção constante à voz do Espírito. O que
aconteceu durante as bodas de Caná (Jo 2,1ss) é testemunho desta singular
sintonia entre Mãe e Filho na busca da vontade de Deus. Numa situação cheia de
símbolos da aliança, como o banquete nupcial, a Virgem Maria intercede e
provoca, por assim dizer, um sinal de graça superabundante: o «vinho bom», que
remete para o mistério do Sangue de Cristo. Isto conduz-nos directamente ao
Calvário, onde Maria se encontra aos pés da cruz juntamente com as outras
mulheres e com o apóstolo João. A Mãe e o discípulo recolhem espiritualmente o
testamento de Jesus: as suas últimas palavras e o seu último suspiro, no qual
Ele começa a efundir o Espírito; e recolhem o brado silencioso do seu sangue,
inteiramente derramado por nós (cf Jo 19,25-34). Maria sabia de onde provinha
aquele sangue: tinha-se formado nela por obra do Espírito Santo, e sabia que
aquele mesmo poder criador ia ressuscitar Jesus, como Ele tinha prometido.
Assim, a fé de Maria apoiou a dos discípulos até ao encontro com o
Senhor ressuscitado, e continuou a acompanhá-los também depois da sua Ascensão
ao céu, na expectativa do «baptismo no Espírito Santo» (cf Act 1,5). […] Eis
porque Maria é, para todas as gerações, imagem e modelo da Igreja, que
juntamente com o Espírito caminha no tempo invocando o retorno glorioso de
Cristo: «Vinde, Senhor Jesus» (cf Ap 22,17.20).
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