Evangelho segundo S. Mateus 7,15-20.
Naquele
tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Acautelai-vos dos falsos profetas, que
se vos apresentam disfarçados de ovelhas, mas por dentro são lobos vorazes. Pelos seus frutos, os conhecereis. Porventura podem colher-se uvas dos
espinheiros ou figos dos abrolhos? Toda a árvore boa dá bons frutos e toda a
árvore má dá maus frutos. A árvore boa não pode dar maus frutos nem a árvore
má, dar bons frutos. Toda a árvore que não dá bons frutos é cortada e
lançada ao fogo. Pelos frutos, pois, os conhecereis.»
Da
Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
Papa Francisco
Exortação
apostólica «Evangelii Gaudium / A alegria do evangelho» §§ 169-171 (trad. ©
copyright Libreria Editrice Vaticana, rev)
Toda a árvore boa dá bons frutos
Numa civilização paradoxalmente ferida pelo
anonimato e, simultaneamente, obcecada com os detalhes da vida alheia,
descaradamente doente de curiosidade mórbida, a Igreja tem necessidade de um
olhar solidário para contemplar, comover-se e parar diante do outro, tantas
vezes quantas forem necessárias. Neste mundo, os ministros ordenados e os outros
agentes de pastoral podem tornar presente a fragrância da presença solidária de
Jesus e o seu olhar pessoal. A Igreja deverá iniciar os seus membros –
sacerdotes, religiosos e leigos – nesta «arte do acompanhamento», para que todos
aprendam a descalçar sempre as sandálias diante da terra sagrada do outro (cf Ex
3,5). Devemos dar ao nosso caminhar o ritmo salutar da proximidade, com um olhar
respeitoso e cheio de compaixão, mas que ao mesmo tempo cure, liberte e anime a
amadurecer na vida cristã. […]
Hoje mais do que nunca precisamos de
homens e mulheres que conheçam, a partir da sua experiência de acompanhamento, o
modo de proceder onde reine a prudência, a capacidade de compreensão, a arte de
esperar, a docilidade ao Espírito, para no meio de todos defender as ovelhas a
nós confiadas dos lobos que tentam desgarrar o rebanho. Precisamos de nos
exercitar na arte de escutar, que é mais do que ouvir. Escutar, na comunicação
com o outro, é a capacidade do coração que torna possível a proximidade, sem a
qual não existe um verdadeiro encontro espiritual. Escutar ajuda-nos a
individuar o gesto e a palavra oportunos que nos desinstalam da cómoda condição
de espectadores. Só a partir desta escuta respeitosa e compassiva se podem
encontrar os caminhos para um crescimento genuíno, pode despertar o desejo do
ideal cristão, o anseio de corresponder plenamente ao amor de Deus e o anelo de
desenvolver o melhor de quanto Deus semeou na nossa própria vida.
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