PADRE CLÓVIS DE JESUS BOVO CSsR |
Um casal de namorados vai indo para a praia de Santos. Ela, praticamente, sem os pais saberem. Pretendem executar vários programas, nem todos muito decentes. No mesmo ônibus tinha entrado um rapaz corpulento, cabeça de nordestino. O que mais chamou a atenção foram seus dentes. Era uma dentadura horrível que quase o impedia de fechar a boca. Todos se admiraram, mas não disseram nada. Somente Marlene, namorada do João Carlos, cochichou para ele:
-Reparou os dentes dele? Aposto que não consegue beijar ninguém. Só daria para morder.
Chegaram à praia. O casal se divertia na areia, exibindo suas roupas sumárias de banho. O rapaz desconhecido preferiu um canto sossegado para se banhar e recuperar as forças. Parecia ser um operário.
Lá pelas tantas, alguns gritos:
A moça está se afogando.
-Socorro!
Era o namorado que gritava. Afobado ia dizendo:
-Ela já deve estar morta. Em que enroscada eu fui me envolver.
João Carlos deixou seu sossego e foi fazer o que podia. Com muito esforço trouxe a jovem para a praia. Não dava sinal de vida. Aplicou várias técnicas que aprendera. Mas nada. Por fim, o último recurso:
Boca a boca soprou fortemente, insuflando ar no peito de Marlene.
De repente:
- Está salva.
Começou a respirar.
Justamente o “moço feio” que só saberia morder em vez de beijar devido à dentadura saltada fora da boca, foi quem a salvou. O namorado, entretanto, nem sequer se dignou atirar-se à água. Fez pior. Chegando a São Paulo, pediu que o “moço feio” a acompanhasse até sua casa, pois não queria ouvir as repreensões dos pais dela. Ficou eternamente grata àquele rapaz de quem falara tão mal, mas que o salvou de duas tragédias: da morte e, quem sabe, de “outras” aventuras.
Fonte: P. Heber Salvador de Lima SJ
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