Evangelho segundo S. Mateus 6,19-23.
Naquele
tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Não acumuleis tesouros na terra, onde a
traça e a ferrugem os corroem e os ladrões arrombam os muros, a fim de os
roubar. Acumulai tesouros no Céu, onde a traça e a ferrugem não corroem e
onde os ladrões não arrombam nem furtam. Pois, onde estiver o teu tesouro,
aí estará também o teu coração.A lâmpada do corpo são os olhos; se os teus
olhos estiverem sãos, todo o teu corpo andará iluminado. Se, porém, os teus
olhos estiverem doentes, todo o teu corpo andará em trevas. Portanto, se a luz
que há em ti são trevas, quão grandes serão essas trevas!
Da
Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
São Vicente de Paulo (1581-1660),
presbítero, fundador de comunidades religiosas
Conferência de 16 maio 1659,
«Sur l’indifférence»
«Onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu
coração»
Onde está o coração que ama? No objecto do
seu amor. Assim, onde está o nosso amor, aí está cativo o nosso coração; não
consegue libertar-se, não consegue elevar-se, não consegue ir nem para a direita
nem para a esquerda; ei-lo bloqueado. Onde está o tesouro do avaro, aí está o
seu coração; e onde estiver o nosso coração, aí estará o nosso tesouro. O que é
deplorável é que as coisas que nos mantêm nessa servidão normalmente são
completamente indignas de nós.
E que coisas! Um nada, uma
imaginação, uma palavra mais seca que nos dirigiram, a ausência de um
acolhimento simpático, uma recusazinha, o simples pensamento de que não somos
tidos em grande conta: tudo isso nos fere e nos indispõe ao ponto de não
conseguirmos recuperar! O amor-próprio amarra-nos a essas feridas imaginárias;
não conseguimos sair daí, ficamos presos interiormente. E porquê? Porque estamos
cativos desta paixão. […] Será que temos a «gloriosa liberdade dos filhos de
Deus?» (Rom 8,21) Ou estamos apegados aos bens, às comodidades, às honrarias?
[…]
Ó Salvador, Vós abristes-nos a porta da liberdade; ensinai-nos a
encontrá-la. Fazei-nos compreender a importância do privilégio que nos destes [a
liberdade]; fazei-nos recorrer a Vós para o alcançar. Iluminai-nos, meu
Salvador, para vermos a que estamos apegados e dai-nos, por favor, a liberdade
dos filhos de Deus.
http://www.evangelhoquotidiano.org/
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