Rezamos
na coleta (oração) da missa: “Ó Deus, hoje
nos concedeis a alegria de festejar S. Pedro e S.Paulo... apóstolos que nos
deram as primícias da fé”. A Igreja reconhece a unidade de fé que viveram na
diversidade de missão. Por isso os celebra juntos. Sua fé em Jesus foi força que
encontraram para suas vidas e para sua missão. O Espírito moldou seus corações
de tal modo que puderam, como diz Paulo, dizer: “Para mim, viver é Cristo” (Fl 1,21). Pedro faz a primeira expressão de fé
do discípulo: “Tu és o Messias, o Filho de Deus Vivo” (Mt 16.16). Eu tenho a tentação de ver Pedro mais ligado à
tradição e Paulo como um tipo mais avançado e rebelde. Os dois eram parecidos.
Vemos Pedro romper com a tradição judaica e entrar em casa de pagãos consciente
de que não devia chamar de impuro o que Deus declarara puro (At 10,15). Pedro abre as portas do paganismo ao
evangelho, no Concílio de Jerusalém, tachando a tradição judaica de um jugo
impossível de suportar (At.15,10). Era uma
grande libertação que fazia dentro de si mesmo pela ação do Espírito. Essa
posição liberou a Igreja. Esse ato dá liberdade total a Paulo para evangelizar
os pagãos (v.12). Paulo tão forte na
liberdade, mantém tradições judaicas como cortar cabelos para cumprir um voto (At 18,18) e, por causa dos judeus, circuncidar
Timóteo que tinha pai grego (At 16,3). A
fé professada por Pedro se dá em um momento crucial da vida de Jesus, e O anima
a seguir rumo à Paixão. Pedro recebe uma bem-aventurança: “Feliz és tu Simão,
pois não foi um ser humano que te revelou isso, mas meu Pai que está nos céus”.
Tem o dom de ser pedra de alicerce sobre a qual Jesus constrói a Igreja e lhe
dá o poder de ligar e desligar (Mt 16,17-19).
Paulo reconhece a ação do Espírito: “Combati o bom combate, completei a corrida,
guardei a fé” (2Tm 4,7).
Unidos
pela coroa do martírio
Deram
a vida pela Igreja e por Cristo. Rezamos no prefácio: “Unidos pela coroa do
martírio, recebem igual veneração”. Eles têm consciência durante sua vida de
que a perseguição que sofrem é por causa do Evangelho. Herodes desencadeou a
perseguição sobre a Igreja; Matou Tiago e prendeu Pedro para apresentá-lo ao
povo e ser morto. Ele foi libertado da prisão por um anjo (At 12,1-11). Paulo
tem consciência do fim: “Já estou para ser derramado em sacrifício; aproxima-se
o momento de minha partida” (2Tm 4,8). Os
dois têm a experiência de que são protegidos pelo Senhor: “O Senhor esteve a
meu lado e me deu forças” (v. 17); Pedro reconhece: “Agora sei que o
Senhor enviou seu anjo para me libertar
do poder de Herodes e de tudo o que o povo judeu esperava” (v.11).
Uma
Igreja que cresce
O
ensinamento desta festa à Igreja é a abertura à tradição e ao acolhimento da
novidade para ser fiel. A Igreja tem que se voltar sempre para o dinamismo
destes dois homens que deram a vida pelo evangelho. Eles nos ensinam. Não
podemos ficar na superficialidade e celebrar sem refletir o que os fez grandes.
Eles não só são colunas da fé, mas também dão rumos para seu futuro. Vivemos
tempos nos quais há tendências de voltar à tradição pela tradição e à novidade
pela novidade. Mas devemos partir da fé que professamos em cada celebração. Ouvi
o Pe. Vitor Coelho pregando sobre a Igreja e dizendo que ela necessita dos
ramos novos para crescer, e do tronco para se firmar. Ela, dizia, não é de
bronze pois enferruja. Ela tem vida.
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