PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
1741. História
da Espiritualidade
A história da humanidade é uma
escola para se aprender e melhorar a vida das pessoas. Bem documentada, ela nos
oferece uma linha de conhecimento dos tempos passados. O risco que podemos ter
é olharmos o passado a partir de nós e não deixarmos que ele fale através dos
documentos. Não podemos jogar nossos conceitos sobre o passado. Na história da
humanidade há outros campos que são estudados de modo particular, como por
exemplo, a história da arquitetura, medicina e outros. Há também a história da
espiritualidade. Dentro desta há a espiritualidade cristã, no caso, a católica romana
e oriental. São poucos os trabalhos sobre essa área. São 2.000 anos de
história, sem contar com as fontes do Antigo Testamento. Por que tratar esse
tema? Se não virmos bem a história da espiritualidade não entendemos nem
purificamos o momento que vivemos. É interessante seguir seu caminhar. Nele
podemos conhecer certas atitudes espirituais que vivemos e que, às vezes não se
justificam, porque eram coisas próprias de um tempo decorrentes de certas
circunstâncias e condições do povo. A história da espiritualidade passa por
dois caminhos: o caminho dos intelectuais, como os monges e eclesiásticos, e o
caminho do povo. Como o povo estava fora da reflexão, criou seu próprio caminho
que ainda predomina nas comunidades. Cada época dá sua contribuição. Algumas
coisas permanecem e outras desaparecem. O que permanece é sempre bom para o
povo?
1741. Onde está
o povo?
Quando pude conhecer lugares
históricos da humanidade, via fortalezas, muralhas, palácios, estátuas
imponentes, castelos. A história apresenta os grandes reis, os generais, os
heróis, as batalhas e os grandes impérios. A pergunta me vinha: “E o povo, onde
estava? Como vivia e como morava e se sustentava? Se agora, com tanto progresso,
temos tantas periferias e lugares abandonados. Imaginemos há séculos e milênios
atrás. Os grandes líderes revolucionários se aproveitaram dessas situações e o
povo foi usado. Os generais sobrevivem, os soldados vão para as frentes e ali
ficam. Jesus anunciou o Evangelho a esse povo que era explorado. O povinho viu
na pregação do Evangelho e nas comunidades a atenção de Deus para com Eles. Os
grandes santos se preocuparam com o sofrimento do povo. Mesmo na
espiritualidade podemos ver que há grandes nomes com profunda espiritualidade e
mística. O povo se defendia com sua espiritualidade simples, às vezes
supersticiosa, ou numa piedade vazia de conteúdo. A liturgia e a
espiritualidade eram coisas do clero e dos monges. Os bons cristãos eram
aqueles que imitavam os monges.
1743. Fazendo
nossa história
Aconteceram muitas
mudanças desde o século passado até agora. Nessas buscas aconteceu o Concílio Vaticano
II que apresentou caminhos novos. Os que preferiam continuar sem o povo
deixaram-no de lado. Esta gente foi vítima de muitos aproveitadores. A questão
que devemos colocar é o papel do povo, sobretudo o povo simples no caminho do
crescimento da espiritualidade. Se deixarmos o povo de lado do desenvolvimento
pastoral e espiritual da Igreja, será mais um grupo que a Igreja perde. Acolher
o povo é construir a partir dele, com sua participação. O povo ainda vive
espiritualidade que preenchea sede de piedade, mas não fundamenta sua vida
cristã. Os documentos de Puebla e Aparecida insistem que a devoção popular deve
ser evangelizada, não destruída. Assim podemos abrir um futuro melhor. A
evangelização vai tirar o que não é do evangelho nem da cultura. A meta é tirar
a superstição.
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