Evangelho segundo S. Mateus 8,23-27.
Naquele
tempo, Jesus subiu para o barco e os discípulos acompanharam-n’O. Entretanto, levantou-se no mar tão grande tormenta que as ondas cobriam o
barco. Jesus dormia. Aproximaram-se os discípulos e acordaram-n’O, dizendo:
«Salva-nos, Senhor, que estamos perdidos». Disse-lhes Jesus: «Porque temeis,
homens de pouca fé?». Então levantou-Se, falou imperiosamente ao vento e ao mar
e fez-se grande bonança. Os homens ficaram admirados e disseram: «Quem é
este homem, que até o vento e o mar Lhe obedecem?».
Da
Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
Carta a Diogneto (c. 200)
§7,
1-4; PG 2, 1174-1175; SC 33 bis (trad. de J. L. Cordeiro, Secretariado Nacional
de Liturgia, Fátima, 2004)
«Quem é este homem, que até o vento e o mar Lhe
obedecem?»
Aos cristãos, o que lhes foi transmitido não
tem origem terrestre (Gal 1,12) e o que eles fazem questão de conservar com
tanto cuidado não é invenção dum mortal [...] mas foi o próprio Deus invisível,
verdadeiro Senhor e Criador de tudo, que do alto dos céus colocou a Verdade no
meio dos homens (Jo 14,6), o seu Verbo santo e incompreensível, e O estabeleceu
firmemente em seus corações.
Não realizou tudo isto, como alguém poderia
imaginá-lo, enviando aos homens algum subordinado, anjo ou espírito de entre os
que governam as coisas terrenas ou têm a seu cargo o cuidado das coisas celestes
(Ef 1,21), mas o próprio Autor e Criador do universo (Heb 11,10). Por seu
intermédio criou os céus e encerrou o mar nos seus limites (Sl 104,9; Pr 8,29).
Todos os elementos obedecem com fidelidade às suas leis misteriosas: o Sol, ao
seguir a medida do curso dos dias; a Lua, brilhando durante a noite; os astros,
acompanhando o percurso da Lua. Por Ele todas as coisas foram feitas, definidas
e hierarquizadas: os céus e o que neles existe, a terra e o que ela contém, o
mar e o que nele se encontra, o fogo, o ar, o abismo, os seres que existem nas
alturas, nas profundidades e no espaço intermédio. Foi Ele que Deus enviou aos
homens.
Não foi de modo nenhum para exercer tirania ou incutir terror e
assombro, como alguém poderia pensar, que Deus O enviou, mas com bondade e
doçura. Como um Rei que enviasse o seu filho rei (Mt 21,37), assim Deus O enviou
como Deus. Enviou-O como Homem ao meio dos homens. Enviou-O para os salvar pela
persuasão e não pela força, porque em Deus não há violência.
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