PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
Seguir-Te-ei
Jesus
era decidido, como escreve o evangelista Lucas: “Estava chegando o tempo de
Jesus ser levado para o céu. Então tomou a firme decisão de partir para
Jerusalém” (Lc 9,51).
Era firme em suas decisões. E quer igualmente que seus seguidores sejam firmes
na decisão. A primeira leitura narra a vocação de Eliseu. O profeta Elias lança
o manto sobre ele para comunicar sua vocação como posse Divina. Eliseu
imediatamente sacrificou sua junta de bois, assando-a com a madeira do arado.
Decisão firme. No evangelho Jesus cobra também firmeza de decisão. Quais os que
não servem para seguir Jesus? Tem um caminho claro que exige decisão e
rompimentos. O primeiro grupo que não está apto a seguir Jesus é dos que não se
dispõem ao desapego e sua liberdade. Mais sofridas que a vida foi sua paixão e
morte. Outro tipo são os apegados às questões familiares. Jesus não está
dizendo que se deve desprezar a família e seus negócios. Mas o Reino exige uma
exclusividade. Mortos, aos quais Jesus se refere, não em sentido de desprezo,
são os que têm compromissos que os envolvem e não permitem tempo para o Reino.
Outro tipo são os apegos aos pais: “Deixa ir despedir-me de meus pais”. O afeto é bom e deve ser dosado com a
disposição de servir ao Reino. A resposta de Jesus mostra seu conhecimento da
vida do campo. Quem não presta atenção no sulco do arado, não faz um serviço
bem feito e atrapalha o trabalho. Jesus não é exigente. O que quer é
exclusividade para o Reino. Ou tudo ou nada. Foi essa sua maneira de viver.
Espírito
e carne
Paulo insiste que Deus nos chamou para a liberdade.
Não podemos nos amarrar com outro vínculo (Gl 5,1). O Apóstolo faz uma reflexão sobre a
liberdade e a libertinagem. Temos liberdade para fazer todo o bem. Libertinagem
não vem do bem, mas nos amarra como uma escravidão. Se for preciso força para
sair de um vício, é sinal que nos escraviza. O amor não escraviza; o apego sim.
E acrescenta que devemos proceder segundo o Espírito e não satisfazer os
desejos da carne. Carne não é o dom de nossa natureza humana, mas o desvio.
Carne significa aqui a oposição ao Espírito e também a prática externa da lei
dos judeus que estava cheia de prescrições. Não se trata da Lei de Deus, mas
das leis humanas que podem ser mudadas e não devem ser absolutizadas. Jesus era
avesso a isso tipo de observância que chegava a anular a lei de Deus. S. Paulo
luta contra os judeus por isso, inclusive enfrentou os outros apóstolos contra
a lei da circuncisão que queriam impor aos pagãos. No concílio de Jerusalém vão
definir: os pagãos convertidos não precisam seguir a lei dos judeus. Na Igreja
está voltando a tentação de fazer leis para tudo. É o medo da liberdade. Paulo
insiste que amor resume todas as leis (Gl 5,14).
Vós
me ensinais o caminho
Os
samaritanos recusaram Jesus. Os discípulos João e Tiago querem uma vingança
vinda do alto. O caminho de Jesus, contudo, é sempre composto pela misericórdia
e pelo acolhimento. Já é uma escola e um caminho na evangelização para os
discípulos. As imposições que não correspondem ao Reino devem ser eliminadas. E
há muitas. Jesus nos dá a liberdade de viver bem em qualquer circunstância. O
salmo 15 nos faz rezar e nos dispor sempre mais ao Reino de Deus. Somente a
partir de um relacionamento com Deus podemos nos definir pelo Reino. A formação
do povo na Eucaristia leva a essa opção.
Leituras: 1 Reis, 19,16b.19-21; Salmo 15; Gl
5,1.13-L18;Lucas 9,51-62
1.
Jesus é decidido
em seu caminho e cobra o mesmo dos escolhidos. Assim foi Eliseu. Jesus enumera
os que não servem: os apegados aos afetos e não assumem.
2.
Paulo insiste que Deus chamou à liberdade. Entramos no
jogo da carne e do Espírito. As leis humanas não podem predominar sobre a lei
Divina que é o evangelho.
3.
O caminho de Jesus é a misericórdia e o acolhimento.
Jesus nos dá a liberdade de viver bem em qualquer momento. O salmo 15 nos abre
ao Reino.
Passarinho sem ninho
O seguimento de
Jesus é fácil, só precisa de firmeza na decisão. De todos que queriam segui-Lo,
Ele cobra decisão. Não se pode enrolar. As diversas situações mostram critérios
de discernimento no seguimento. Podemos fazer a pergunta: ‘Quem não serve para
seguir Jesus?’
Primeiramente os que querem comodidade: “As
raposas têm suas tocas e os pássaros têm ninhos, mas o Filho do Homem não tem
onde repousar a cabeça” (Lc
9,58). A vida de Jesus não era moleza.
Outro
tipo que não serve para Jesus: “’Deixa-me primeiro enterrar meu pai’. Jesus
respondeu: ‘Deixa que os mortos enterrem seus mortos; mas tu, vai anunciar o
Reino de Deus’” (Lc
9,59-60). Parece grosseira essa resposta. Quem são os mortos que vão
enterrar? São os outros familiares. Seu pai tem quem cuida dele. Jesus não
despreza a obrigação dos filhos. O excessivo apego à família prejudica o
seguimento. É bom saber que os filhos consagrados a Deus têm muito mais amor
aos familiares.
Outro
tipo perigoso: “Eu te seguirei, Senhor, mas deixa que eu vá primeiro
despedir-me dos meus familiares”. E Jesus responde com uma frase muito forte
que mostra sua experiência: “Quem põe a mão no arado e olha para trás, não é
apto para o Reino de Deus (Lc
9,61-62). Não se trata de uma indelicadeza com a família, mas Jesus não
quer que fiquemos envolvidos com tantas coisas secundárias. Por que a
comparação com o arado? Quem segura o arado deve estar atento ao sulco, pois
senão fica tudo torto. A decisão tem que estar centrada em Jesus. Buscar muitas
coisas ao mesmo tempo não ajuda.
Vimos
no início do texto que os samaritanos não querem receber Jesus. João e Tiago já
querem jogar fogo neles. Conversão se faz no coração e não com raios. Quem
segue Jesus tem que ter sua paciência.
A
escolha dos candidatos não é fácil. Elias escolheu Eliseu que correspondeu.
Paulo nos ensina que temos liberdade, mas para fazer o bem e não desperdiçar com os desejos da carne, mas usar com o Espírito. O fundamental é a opção como rezamos no salmo 15. Amar será sempre um bom caminho.
https://padreluizcarlos.wordpress.com/
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