domingo, 26 de junho de 2016

Homilia 13º Domingo Comum (26.06.16) “Seguimento de Cristo”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
Seguir-Te-ei
            Jesus era decidido, como escreve o evangelista Lucas: “Estava chegando o tempo de Jesus ser levado para o céu. Então tomou a firme decisão de partir para Jerusalém” (Lc 9,51). Era firme em suas decisões. E quer igualmente que seus seguidores sejam firmes na decisão. A primeira leitura narra a vocação de Eliseu. O profeta Elias lança o manto sobre ele para comunicar sua vocação como posse Divina. Eliseu imediatamente sacrificou sua junta de bois, assando-a com a madeira do arado. Decisão firme. No evangelho Jesus cobra também firmeza de decisão. Quais os que não servem para seguir Jesus? Tem um caminho claro que exige decisão e rompimentos. O primeiro grupo que não está apto a seguir Jesus é dos que não se dispõem ao desapego e sua liberdade. Mais sofridas que a vida foi sua paixão e morte. Outro tipo são os apegados às questões familiares. Jesus não está dizendo que se deve desprezar a família e seus negócios. Mas o Reino exige uma exclusividade. Mortos, aos quais Jesus se refere, não em sentido de desprezo, são os que têm compromissos que os envolvem e não permitem tempo para o Reino. Outro tipo são os apegos aos pais: “Deixa ir despedir-me de meus pais”.  O afeto é bom e deve ser dosado com a disposição de servir ao Reino. A resposta de Jesus mostra seu conhecimento da vida do campo. Quem não presta atenção no sulco do arado, não faz um serviço bem feito e atrapalha o trabalho. Jesus não é exigente. O que quer é exclusividade para o Reino. Ou tudo ou nada. Foi essa sua maneira de viver.
Espírito e carne
            Paulo insiste que Deus nos chamou para a liberdade. Não podemos nos amarrar com outro vínculo (Gl 5,1). O Apóstolo faz uma reflexão sobre a liberdade e a libertinagem. Temos liberdade para fazer todo o bem. Libertinagem não vem do bem, mas nos amarra como uma escravidão. Se for preciso força para sair de um vício, é sinal que nos escraviza. O amor não escraviza; o apego sim. E acrescenta que devemos proceder segundo o Espírito e não satisfazer os desejos da carne. Carne não é o dom de nossa natureza humana, mas o desvio. Carne significa aqui a oposição ao Espírito e também a prática externa da lei dos judeus que estava cheia de prescrições. Não se trata da Lei de Deus, mas das leis humanas que podem ser mudadas e não devem ser absolutizadas. Jesus era avesso a isso tipo de observância que chegava a anular a lei de Deus. S. Paulo luta contra os judeus por isso, inclusive enfrentou os outros apóstolos contra a lei da circuncisão que queriam impor aos pagãos. No concílio de Jerusalém vão definir: os pagãos convertidos não precisam seguir a lei dos judeus. Na Igreja está voltando a tentação de fazer leis para tudo. É o medo da liberdade. Paulo insiste que amor resume todas as leis (Gl 5,14).
Vós me ensinais o caminho
            Os samaritanos recusaram Jesus. Os discípulos João e Tiago querem uma vingança vinda do alto. O caminho de Jesus, contudo, é sempre composto pela misericórdia e pelo acolhimento. Já é uma escola e um caminho na evangelização para os discípulos. As imposições que não correspondem ao Reino devem ser eliminadas. E há muitas. Jesus nos dá a liberdade de viver bem em qualquer circunstância. O salmo 15 nos faz rezar e nos dispor sempre mais ao Reino de Deus. Somente a partir de um relacionamento com Deus podemos nos definir pelo Reino. A formação do povo na Eucaristia leva a essa opção.
Leituras: 1 Reis, 19,16b.19-21; Salmo 15; Gl 5,1.13-L18;Lucas 9,51-62
 
1.    Jesus é decidido em seu caminho e cobra o mesmo dos escolhidos. Assim foi Eliseu. Jesus enumera os que não servem: os apegados aos afetos e não assumem.

2.   Paulo insiste que Deus chamou à liberdade. Entramos no jogo da carne e do Espírito. As leis humanas não podem predominar sobre a lei Divina que é o evangelho.

3.   O caminho de Jesus é a misericórdia e o acolhimento. Jesus nos dá a liberdade de viver bem em qualquer momento. O salmo 15 nos abre ao Reino.

            Passarinho sem ninho

            O seguimento de Jesus é fácil, só precisa de firmeza na decisão. De todos que queriam segui-Lo, Ele cobra decisão. Não se pode enrolar. As diversas situações mostram critérios de discernimento no seguimento. Podemos fazer a pergunta: ‘Quem não serve para seguir Jesus?’
 Primeiramente os que querem comodidade: “As raposas têm suas tocas e os pássaros têm ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça” (Lc 9,58). A vida de Jesus não era moleza.
            Outro tipo que não serve para Jesus: “’Deixa-me primeiro enterrar meu pai’. Jesus respondeu: ‘Deixa que os mortos enterrem seus mortos; mas tu, vai anunciar o Reino de Deus’” (Lc 9,59-60). Parece grosseira essa resposta. Quem são os mortos que vão enterrar? São os outros familiares. Seu pai tem quem cuida dele. Jesus não despreza a obrigação dos filhos. O excessivo apego à família prejudica o seguimento. É bom saber que os filhos consagrados a Deus têm muito mais amor aos familiares.
            Outro tipo perigoso: “Eu te seguirei, Senhor, mas deixa que eu vá primeiro despedir-me dos meus familiares”. E Jesus responde com uma frase muito forte que mostra sua experiência: “Quem põe a mão no arado e olha para trás, não é apto para o Reino de Deus (Lc 9,61-62). Não se trata de uma indelicadeza com a família, mas Jesus não quer que fiquemos envolvidos com tantas coisas secundárias. Por que a comparação com o arado? Quem segura o arado deve estar atento ao sulco, pois senão fica tudo torto. A decisão tem que estar centrada em Jesus. Buscar muitas coisas ao mesmo tempo não ajuda.
            Vimos no início do texto que os samaritanos não querem receber Jesus. João e Tiago já querem jogar fogo neles. Conversão se faz no coração e não com raios. Quem segue Jesus tem que ter sua paciência.
            A escolha dos candidatos não é fácil. Elias escolheu Eliseu que correspondeu.
Paulo nos ensina que temos liberdade, mas para fazer o bem e não desperdiçar com os desejos da carne, mas usar com o Espírito. O fundamental é a opção como rezamos no salmo 15. Amar será sempre um bom caminho.
https://padreluizcarlos.wordpress.com/

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