quinta-feira, 23 de junho de 2016

REFLETINDO A PALAVRA - “Testamento de seu amor”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
Mediador da Aliança
            “Tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim” (Jo 13,1). A Eucaristia é o testemunho deste amor. Jesus quis deixar uma prova de seu amor dando-nos como alimento sua carne imolada e seu sangue derramado, feitos pão e vinho para a Vida. Os cristãos reconhecem que o Pão e o Vinho consagrados são o Corpo e Sangue do Senhor. É seu alimento. Neles reverenciam e adoram o Senhor. Em seu amor procuraram sempre novos modos de manifestar sua fé: O sacrário no qual permanecem as Hóstias consagradas, as visitas ao Santíssimo, a adoração e a procissão pelas ruas numa manifestação de fé. É o reconhecimento público. É necessário não desvincular do mistério da Redenção da adoração deste Sacramento. Jesus instituiu a Ceia para participarmos da Redenção. Começamos pelo A. Testamento: Deus, no monte Sinai, quis fazer aliança com o seu povo (Ex 24,3-8). Para isso foi feito o sacrifício de animais e com seu sangue foram aspergidos o povo e o altar. O sangue foi o mediador entre Deus e o povo. O sangue faz a aliança. Não são os sacerdotes que imolam as vítimas, mas jovens. Não são sacerdotes, mas de gente do povo. Por que sangue? Para eles o sangue é vida. O sangue do cordeiro que é vida, representa a todos. O sangue une o povo ao altar, símbolo de Deus e Deus ao povo. É uma aliança de vida. O sangue de Jesus sela a nova aliança de Deus com a humanidade. Jesus, por seu sangue dá-nos a vida de Deus, redenção, e apresenta nossa adesão a Deus. Jesus usa a simbologia do sangue. Em seu sangue, que continua para nós no vinho consagrado (sangue da uva), continua  a aliança na celebração. Jesus é o mediador entre Deus e o povo.
Pão e vinho
O pão (farinha) e o vinho faziam parte dos sacrifícios (Nm 15,5). Era uma tradição multissecular (Gn 14,18). A Ceia é um convívio que é um sacrifício de comunhão. Participamos do Corpo e Sangue de Cristo que é redenção. Comungar é entrar em comunhão no Corpo e Sangue (pão e vinho consagrados) do Senhor. Entrar em comunhão é assumir em si a Vida de Jesus, sua missão, sua mentalidade e sentimentos. É continuar seu sacrifício que não é sofrimento, mas entrega de vida. Seu Corpo é dado em ação de graças. Nesta ceia celebra o Sumo Sacerdote Jesus Cristo, no seu Sangue. A Páscoa de Jesus e a Páscoa celebrada pelos discípulos são uma só. É a mediação permanente entre Deus e seu povo em Jesus. Por isso rezamos: “Que possamos colher os frutos da redenção” (Oração). Repartir e partilhar a Ceia do Senhor é continuar sua missão de dar vida, partilhando-a.
Gozo da Divindade

            A festa de Corpus Christi lembra-nos também a preciosa presença de Jesus que nos faz “possuir o gozo eterno da divindade que começamos a saborear na terra” (Oração pos-comuhão). Ela é o Pão que, contendo todo sabor e adaptando-se a todos os gostos... se transformava naquilo que cada um desejava”(Sb 16,20-21). Viver a divindade da Eucaristia é fazê-la divina em nossa vida através do sacrifício de Cristo continuado em nós. Participando da missa e comungando o Corpo do Senhor, entramos em comunhão com a divindade pela mediação que Jesus realizou em seu Corpo e Sangue. O Sangue da nova aliança permanece para sempre.

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