Evangelho segundo S. Mateus 7,1-5.
Naquele
tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Não julgueis e não sereis julgados. Segundo o julgamento que fizerdes sereis julgados, segundo a medida com que
medirdes vos será medido. Porque olhas o argueiro que o teu irmão tem na
vista e não reparas na trave que está na tua? Como poderás dizer a teu
irmão: ‘Deixa-me tirar o argueiro que tens na vista’, enquanto a trave está na
tua? Hipócrita, tira primeiro a trave da tua vista e então verás bem para
tirar o argueiro da vista do teu irmão».
Da Bíblia Sagrada -
Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
São João Clímaco (c. 575-c. 650), monge do Monte Sinai
A Escada
Santa, 10.º degrau
«Porque olhas o argueiro que o teu irmão tem na
vista?»
Ouvi alguns falarem mal do seu próximo e
repreendi-os. Para se defenderem, esses operários do mal replicaram: «É por
caridade e por solicitude que falamos assim!» Mas eu respondi-lhes: Deixai de
praticar tal caridade, pois estaríeis a chamar mentiroso ao que diz: «Afasto de
Mim quem denigre em segredo o seu próximo» (Sl 100,5). Se amas essa pessoa como
afirmas, reza em segredo por ela e não te rias do que faz. É essa maneira de
amar que agrada ao Senhor; não percas isto de vista e esforça-te cuidadosamente
por não julgar os pecadores. Judas pertencia ao número dos apóstolos e o ladrão
fazia parte dos malfeitores, mas que espantosa mudança se deu nele num só
instante! [...]
Responde, pois, ao que diz mal do seu próximo: «Para,
irmão! Eu próprio caio todos os dias em faltas mais graves; como poderei
condenar essa pessoa?» Obterás assim um duplo proveito: curar-te-ás a ti mesmo e
curarás o teu próximo. Não julgar é um atalho que conduz ao perdão dos pecados,
pois está dito: «Não julgueis e não sereis julgados.» [...] Alguns cometeram
grandes faltas à vista de todos mas realizaram em segredo os maiores atos de
virtude, de tal maneira que os seus acusadores se enganaram, dando atenção ao
fumo sem verem o sol. [...]
Os críticos diligentes e severos caem nessa
ilusão porque não guardam a memória nem a preocupação dos seus próprios pecados.
[...] Julgar os outros é usurpar sem vergonha uma prerrogativa divina;
condená-los é arruinar a nossa própria alma. [...] Tal como um bom vindimador
come as uvas maduras e não colhe as verdes, assim também um espírito benevolente
e sensato anota cuidadosamente todas as virtudes que vê nos outros; mas o
insensato perscruta as faltas e as deficiências.
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