PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
664.
Carinho faz bem
O
caminho espiritual passa pelo colo de Maria. Jesus é o centro, a Vida e o
futuro de todos nós. Quando há exagero no relacionamento com Maria? Quando não
é amor. Podemos ter uma piedade que invoca Maria só em proveito de nosso
egoísmo. Nas igrejas impera a mania de que bom é onde se faz milagre. Jesus não
veio para fazer milagres, mas para curar o coração das pessoas de todo ódio,
pois implantou o amor. Amar Maria é amar Jesus, pois que filho que não gosta
que amem sua mãe, ou mais, que filho gosta que ofendam a mãe? Tudo que fazemos
para Nossa Senhora sempre será pouco, pois Jesus foi quem o fez. São Bernardo
escreveu: “De Maria, nunquam satis!” isto é, de Maria, nunca falamos demais.
Sempre será pouco, pois ninguém a amará como a amou Jesus. O Pai a amou, por
isso a escolheu: “O Senhor olhou para a humildade de sua serva” (Lc 1,48). Ela reconhece que isso perdurará para
sempre: “Doravante todas as gerações me chamarão bem-aventuradas, pois o Todo
poderoso fez grandes coisas por mim” (id).
Jesus passou tantos anos ao lado dela. Maria o acariciou, amou com o olhar
silencioso, seguiu em seu caminho, estava com Ele em sua Paixão e Morte,
alegrou-se em sua Ressurreição. Naquele momento extremo Ele no-la dá por Mãe. “E
o discípulo a levou para sua casa”. Não foi somente João, mas todo o redimido.
Ela continua acariciando Jesus em cada um de seus filhos, sobretudo os
dominados pelo mal, pela falta de fé, pelo desconhecimento de sua presença.
Mais amados são os filhos que dão mais trabalho. Repousar no colo da mãe é o
privilégio dos filhos que a buscam. O que é ter esse colo? Deus nos amou em seu
Filho, quando o enviou para nossa salvação. Ele veio por Maria. Maria continua
sua missão de acolher os filhos de Deus, como diz a carta aos Hebreus: “Eis-me
aqui, com os filhos que Deus me deu” (Hb 2,13).
O ensinamento da teologia trouxe-nos tantos conhecimentos sobre a Mãe de Jesus.
Que bom que podemos aprender e aquecê-los com o carinho da Mãe.
665.
Caminho da Graça
Os
poetas, ao longo dos séculos, foram cantores das glórias de Maria. Dante, o
grande poeta italiano, cantou nos últimos versos da Divina Comédia a visão que
tem da Mãe de Deus: “Senhora, sois tão grande e valeis tanto que, quem quiser
receber graça e, no seu desejo, não
recorrer a vós, quer voar sem asas” (Dante
Alighieri, Paraíso, canto XXXIII, 13). Recebemos dela a Graça, na pessoa
de Jesus. Como uma fonte que jorra maravilhosa, Maria jorrou para nós Jesus.
Com Ele nos foram dadas todas as graças. O que Deus nos negaria, se não negou
seu Filho? (Rm 8,32). Por isso tantos
teólogos ensinam que todas as graças nos vem por meio de Maria. É certo, pois há uma só Graça, Jesus, no qual
estão todas as graças. Ela é o canal pelo qual passou Jesus e passam todas as
graças. Não é um dogma, mas é uma verdade evidente nascida do grande mistério
da Encarnação do Filho.
666.
Rogai por nós
O povo de Deus repete sempre com
carinho, na Ave-Maria, a saudação do Anjo e a proclamação de Isabel. Após,
acrescenta a oração de todos os pobres pecadores: “Santa Maria, Mãe de Deus,
rogai por nós, pecadores, agora e na hora de nossa morte. Amém!”. Essa súplica
reconhece sua condição frágil e a necessidade da intercessão daquela que é a
Mãe de Deus, no momento presente até o fim da vida. O fiel sabe que, no Corpo
Místico de Cristo, Ela, a Santa Maria, pode rezar pelo povo. Isso é bonito: o
amor de Deus, no coração de Maria, deixa-a preocupada com todos, como em Caná.
Jesus é o único Mediador. Maria, nele, é a mediação suplicante. Rezar pelos
outros é a prova máxima da caridade.
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