terça-feira, 21 de junho de 2016

REFLETINDO A PALAVRA - “Amar Maria”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
664. Carinho faz bem
            O caminho espiritual passa pelo colo de Maria. Jesus é o centro, a Vida e o futuro de todos nós. Quando há exagero no relacionamento com Maria? Quando não é amor. Podemos ter uma piedade que invoca Maria só em proveito de nosso egoísmo. Nas igrejas impera a mania de que bom é onde se faz milagre. Jesus não veio para fazer milagres, mas para curar o coração das pessoas de todo ódio, pois implantou o amor. Amar Maria é amar Jesus, pois que filho que não gosta que amem sua mãe, ou mais, que filho gosta que ofendam a mãe? Tudo que fazemos para Nossa Senhora sempre será pouco, pois Jesus foi quem o fez. São Bernardo escreveu: “De Maria, nunquam satis!” isto é, de Maria, nunca falamos demais. Sempre será pouco, pois ninguém a amará como a amou Jesus. O Pai a amou, por isso a escolheu: “O Senhor olhou para a humildade de sua serva” (Lc 1,48). Ela reconhece que isso perdurará para sempre: “Doravante todas as gerações me chamarão bem-aventuradas, pois o Todo poderoso fez grandes coisas por mim” (id). Jesus passou tantos anos ao lado dela. Maria o acariciou, amou com o olhar silencioso, seguiu em seu caminho, estava com Ele em sua Paixão e Morte, alegrou-se em sua Ressurreição. Naquele momento extremo Ele no-la dá por Mãe. “E o discípulo a levou para sua casa”. Não foi somente João, mas todo o redimido. Ela continua acariciando Jesus em cada um de seus filhos, sobretudo os dominados pelo mal, pela falta de fé, pelo desconhecimento de sua presença. Mais amados são os filhos que dão mais trabalho. Repousar no colo da mãe é o privilégio dos filhos que a buscam. O que é ter esse colo? Deus nos amou em seu Filho, quando o enviou para nossa salvação. Ele veio por Maria. Maria continua sua missão de acolher os filhos de Deus, como diz a carta aos Hebreus: “Eis-me aqui, com os filhos que Deus me deu” (Hb 2,13). O ensinamento da teologia trouxe-nos tantos conhecimentos sobre a Mãe de Jesus. Que bom que podemos aprender e aquecê-los com o carinho da Mãe.
665. Caminho da Graça
            Os poetas, ao longo dos séculos, foram cantores das glórias de Maria. Dante, o grande poeta italiano, cantou nos últimos versos da Divina Comédia a visão que tem da Mãe de Deus: “Senhora, sois tão grande e valeis tanto que, quem quiser receber graça e, no seu desejo,  não recorrer a vós, quer voar sem asas” (Dante Alighieri, Paraíso, canto XXXIII, 13). Recebemos dela a Graça, na pessoa de Jesus. Como uma fonte que jorra maravilhosa, Maria jorrou para nós Jesus. Com Ele nos foram dadas todas as graças. O que Deus nos negaria, se não negou seu Filho? (Rm 8,32). Por isso tantos teólogos ensinam que todas as graças nos vem por meio de Maria.  É certo, pois há uma só Graça, Jesus, no qual estão todas as graças. Ela é o canal pelo qual passou Jesus e passam todas as graças. Não é um dogma, mas é uma verdade evidente nascida do grande mistério da Encarnação do Filho.
666. Rogai por nós

            O povo de Deus repete sempre com carinho, na Ave-Maria, a saudação do Anjo e a proclamação de Isabel. Após, acrescenta a oração de todos os pobres pecadores: “Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora de nossa morte. Amém!”. Essa súplica reconhece sua condição frágil e a necessidade da intercessão daquela que é a Mãe de Deus, no momento presente até o fim da vida. O fiel sabe que, no Corpo Místico de Cristo, Ela, a Santa Maria, pode rezar pelo povo. Isso é bonito: o amor de Deus, no coração de Maria, deixa-a preocupada com todos, como em Caná. Jesus é o único Mediador. Maria, nele, é a mediação suplicante. Rezar pelos outros é a prova máxima da caridade.  

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