Evangelho segundo São Marcos 12,38-44.
Naquele tempo, Jesus ensinava a multidão, dizendo: «Acautelai-vos dos escribas, que gostam de exibir longas vestes, de receber cumprimentos nas praças,
de ocupar os primeiros assentos nas sinagogas e os primeiros lugares nos banquetes.
Devoram as casas das viúvas com pretexto de fazerem longas rezas. Estes receberão uma sentença mais severa».
Jesus sentou-Se em frente da arca do tesouro a observar como a multidão deitava o dinheiro na caixa. Muitos ricos deitavam quantias avultadas.
Veio uma pobre viúva e deitou duas pequenas moedas, isto é, um quadrante.
Jesus chamou os discípulos e disse-lhes: «Em verdade vos digo: esta pobre viúva deitou na caixa mais do que todos os outros.
Eles deitaram do que lhes sobrava, mas ela, na sua pobreza, ofereceu tudo o que tinha, tudo o que possuía para viver».
Tradução litúrgica da Bíblia
São Francisco e de Santa Clara
Vita prima de São Francisco, § 76
Dar tudo porque Cristo deu tudo
Francisco, o pobrezinho e pai dos pobres, queria viver em tudo como pobre; sofria quando encontrava alguém mais pobre que ele, não por vaidade, mas pela terna compaixão que os pobres suscitavam nele. Só queria ter uma túnica de tecido grosseiro e muito comum; e, ainda assim, acontecia-lhe bastas vezes partilhá-la com algum infeliz. No entanto, era um pobre muito rico, pois, movido pela sua grande caridade a socorrer os pobres sempre que podia, quando estava muito frio, ia ter com os ricos deste mundo e pedia-lhes que lhe emprestassem um sobretudo ou um casaco; traziam-lhos mais depressa do que a pressa a que ele se tinha dado em fazer o pedido, e ele dizia: «Aceito, com a condição de não esperarem que vo-los devolva». E, com o coração em festa, oferecia o que acabava de receber ao primeiro pobre que encontrava.
Nada lhe causava tanta pena como ver insultar um pobre ou que dissessem mal de qualquer criatura. Um dia, um irmão deixou escapar umas palavras que magoaram um pobre que pedia esmola: «Não serás por acaso um rico a fingir de pobre?». Estas palavras caíram muito mal a Francisco, o pai dos pobres, que infligiu ao delinquente uma terrível reprimenda e lhe ordenou que se despojasse das suas vestes na presença do pobre e lhe beijasse os pés, pedindo-lhe perdão. «Quem fala mal a um pobre», dizia, «injuria a Cristo, de quem o pobre é o mais nobre símbolo neste mundo, uma vez que Cristo Se fez pobre neste mundo por nós (cf 2Cor 8,9)».
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