Estamos
refletindo sobre a Exortação Apostólica do Papa Francisco sobre o amor na
família – Amoris Laetitia (AL). Quando dizemos
matrimônio e casamento estamos usando duas palavras que querem dizer a mesma
coisa. Há, contudo, uma dimensão diferente. Casamento é a realidade humana que
conhecemos em tantas religiões e culturas. Matrimônio tem a dimensão espiritual
- sacramental. Seria bom distinguir para aprofundar melhor a riqueza dessa
realidade. A dimensão espiritual não acontece se não há a dimensão humana.
Estão intimamente unidas como no ser humano que é carnal e espiritual. Assim o
matrimônio, para ser completo, exige a parte carnal como componente necessário.
Sendo um sacramento exige o sinal sensível que explica a graça invisível. O
sacramento do matrimônio é carne e espírito. O espiritual é a graça de
participação na vida de Cristo. Tudo que há em Cristo para nossa salvação
acontece no sacramento do matrimônio. O sacrifício pascal de Cristo se dá com
sua total entrega ao Pai. A entrega do casal realiza essa dimensão. Na entrega
corpórea recebem esse dom. “Seu consentimento e a união de seus corpos são os
instrumentos da ação divina que os torna uma só carne” (AL
75). O aspecto religioso do sacramento do
matrimônio não está, em primeiro lugar, na celebração, mas na própria realidade
sacramental que acontece na vida do casal. A celebração é o atestado dessa ação
de Cristo. Com o batismo, o matrimônio é fonte de vida espiritual para toda a
vida. Não são atos, mas o sacramento que atua pela vida. É comum se ouvir: o
amor acabou. Se acabar é porque nunca houve. Quanto mais a sociedade elimina a
família, mais vemos crescer a consciência do matrimônio como um todo, corpo e
espírito.
1765. Projeto
humano no projeto de Deus
Como o espiritual tem sido
colocado em oposição ao que é humano, dizemos carnal, torna-se difícil
compreender a dimensão espiritual da sexualidade. O projeto da energia carnal
incluiu sua característica de demonstrar a dimensão espiritual do ser humano.
Quando se diz que “não separe o homem o que Deus uniu” (Mc
10,9),
referindo-se ao matrimônio, podemos entender que não sejam separadas santidade
e sexualidade nem opostas, pois dão
sentido e completam o matrimônio. Se tivéssemos entendido o sentido espiritual
da sexualidade, não estaríamos passando pela situação de perversão que se vive
no momento. O Papa lembra que tudo foi criado por Cristo e para Cristo (Cl
1,16).
Com a vinda de Cristo, torna-se mais clara a criação (AL
77).
Pelo Evangelho se clarificam e purificam os elementos que a frágil condição
humana absorveu e se recuperam elementos do desígnio divino. Como o matrimônio
faz parte da condição humana na criação, temos muito a receber e nos enriquecer
de outras culturas, purificando-as do que seja nocivo.
1767. Famílias
feridas
A Igreja e as
instituições devem ter o olhar de Cristo sobre as multidões sofridas. Cristo
não só acolhe como ilumina oferecendo sempre caminhos para a cura dos corações.
Por ser uma instituição de santidade não dispensa a contínua conversão não só
das chagas do pecado, como indicações para os caminhos da graça. O matrimônio
sempre poderá ser melhor. A conversão penetra também as condições humanas da
família e da sexualidade. A meta é sempre dispor-se ao melhor. O amor se
modifica com a idade e circunstâncias. Quando mais maduro, mais atinge sua
condição de promover a felicidade humana e espiritual. Eu presenciei meu papai
e minha mamãe namorando até os 75 anos de casamento quando partiram.
https://padreluizcarlos.wordpress.com/
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