Marcos,
em seu Evangelho, faz uma orientação para sua comunidade que era marcada pela
pobreza. Os cristãos são, quase sempre, pobres. Qual é o valor de um pobre e de
sua miserável oferta? Jesus estava diante do tesouro, no lugar onde entregam as
ofertas ao templo. Chamou os discípulos e mostrou os ricos que faziam grandes
ofertas e uma viúva que ofereceu duas moedinhas. Os ricos são acusados por
Jesus, não por serem ricos, mas exploradores. E era coisa pública: “Tomai cuidado
com os doutores da Lei de Deus (entendidos de bíblia). Eles gostam de andar com
roupas vistosas, de ser cumprimentados nas praças públicas, das primeiras
cadeiras nas sinagogas... Eles devoram as casas das viúvas, fingindo fazer
longas orações” (Mc 12,38-40). Era um tipo
de corrupção e abuso de poder velado por largas esmolas. A viúva deu tudo o que
possuía para viver (Mc 12,44) . A vítima
da sociedade é a verdadeira generosa. Doa com totalidade; dá o interior, não o
resto. Ele explicou aos discípulos que o que vale é a entrega de si mesmo, não
a gordura da esmola. Curiosamente o pobre é mais generoso. Na verdade deu mais.
A liturgia faz um paralelo com a viúva do tempo de Elias que teve grande
generosidade e deu ao profeta o pouco que tinha. A retribuição é justa: se dermos o que nos dá vida, Deus nos dá vida
em troca. Deus quer nosso coração. O culto verdadeiro se faz com o coração.
A moeda que sustenta o culto é o coração. Deus quer que os pobres façam
caridade. Aliás eles são generosos. A caridade do pobre redunda em vida, como
para a viúva que acolhe Elias. Ela deu todo o óleo e toda a farinha. A vasilha
não esvaziou. Tenho medo de ser falso na fé, pois a gente não cuida dos
queridos de Deus, que é uma obrigação confiada à Igreja, isto é, a mim. Corremos
esse risco nas igrejas: ter fachada de fé que não corresponde com a vida.
O
Senhor é fiel
Rezamos
no salmo 145: “O Senhor é fiel para sempre; faz justiça aos que são oprimidos;
Ele dá alimento os famintos, e é o Senhor quem liberta os cativos”. Deus
sustenta o homem em suas necessidades, sobretudo quando se abre à partilha. Partilhar
da bondade de Deus é fazer a partilha. Elias vai
à Sarepta, terra onde há uma seca que mata de fome os humildes (1Rs 17,12). A generosidade da viúva é
correspondida por Deus que lhe dá o alimento. Há no mundo muitas secas que levam
o povo ao sofrimento da fome e da falta de condições. Deus vai ser fiel através
de nossa atenção, como Elias que garante a comida da pobre e seu filho: “A
vasilha de farinha não acabará e a jarra de azeite não diminuirá, até o dia em
que o Senhor enviar a chuva sobre a face da terra” (1Rs
17,12-14).
Uma
vez por todas
Jesus
nos faz presentes diante do Pai. Ele está sempre a lembrar o Pai em nosso
favor. No rosto do Filho, o Pai vê o rosto de cada um de nós. Jesus era o
pobrezinho que se doou totalmente, uma vez por todas. Não deu resto a Deus. Nós
estaremos unidos ao Cristo Sacerdote quando nos damos a Deus, como Ele o fez.
Como se faz isso? Em nossa fragilidade seremos enriquecidos. A participação e a
partilha nos enriquecem. Nosso culto só estará unido ao Cristo Sacerdote quando
nossa atitude for como a sua: uma vez por todas. O que se espera dos cristãos é
que façam o culto a partir do coração. A Eucaristia é a escola na qual
aprendemos a partilhar e acolher os necessitados.
https://padreluizcarlos.wordpress.com/
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