segunda-feira, 29 de agosto de 2016

REFLETINDO A PALAVRA - “O amor no matrimônio”

PADRE  LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA CSsR
1771. Matrimônio, a casa do amor
            Temos refletido sobre a “Exortação Apostólica Pós-Sinodal do Papa Francisco” Amoris Laetitia – Alegria do Amor, sobre o amor na família. Alguns veem o documento só pelo lado dos graves problemas que enfrentam no momento atual. Mas o Papa vai mais longe e apresenta o ideal do matrimônio. É a partir desse ideal é que devem ser abordados os problemas. Nesse quarto capítulo são refletidos os aspectos do amor colhidos na Palavra de Deus presente na primeira epístola de São Paulo aos Coríntios (13.4-7). O apóstolo descreve as características do amor. É o hino ao amor. É um modo novo de escrever.  O Papa penetra as emoções dos cônjuges e vai até a dimensão erótica do amor. Uma reflexão sobre a doutrina do matrimônio não pode esquecer que isso tem o “pão nosso de cada dia” com a alegria e a tristeza do dia a dia. Matrimônio é vida e só o entendem quem o vive. Ele é grande através dos pequenos gestos que abrem à dimensão do infinito e definitivo. Falamos de casa do amor. É importante termos sempre diante dos olhos que Deus usou a família para expressar, mesmo na penumbra, aquilo que a Trindade vive. A família não é um fato social que pode se mudar ou anular, mas é um reflexo da Vida Divina. Esse capítulo é um catecismo para o amor de Deus vivido na comunhão matrimonial. Vamos lê-lo juntos: “O amor á paciente, só faz o bem, não é invejoso, não se enche de orgulho, não é interesseiro...” e assim por diante.          
1772. Amor paciente
A atitude de paciência, explica o Papa, é o modo de agir do Deus da Aliança: “É lento para a ira” (Ex 34,6). Lendo a história do povo de Deus, podemos comprovar sua paciência em suportar as fragilidades e pecados do povo. Ter paciência, diz o Papa, “não é deixar que nos maltratem permanentemente nem tolerar agressões físicas ou permitir que nos tratem como objetos” (AL 92). Por outro lado não podemos maltratar os outros colocando-nos como centro e esperando que cumpram nossa vontade. É comum vermos essa atitude dos que dizem: “só eu tenho razão” e, deste modo, passa-se a um processo de opressão que provoca constante desgosto. No matrimônio isso é uma tortura. “Se tudo nos impacienta, tudo nos leva a reagir com agressividade”. É forte a expressão do Papa: “Esta paciência reforça-se quando reconheço que o outro, assim como é, também tem direito a viver comigo nesta terra”... “O amor possui sempre um sentido de profunda compaixão que leva a aceitar o outro como parte deste mundo, mesmo quando age de modo diferente do que eu desejaria” (AL 92). Essas coisas pequeninas são as células que fazem todo um corpo.

1773. Amor a serviço 
A paciência como reflete Papa Francisco, não é passiva na base do só agüentar. O amor paciente está a serviço. “A paciência é acompanhada por uma atividade, uma reação dinâmica e criativa perante os outros. Indica que o amor beneficia e promove os outros. Paulo escreve: “A paciência faz o bem” (1Cor 13,4). Amor não é apenas um sentimento. Lembra o sentido hebraico da palavra amar: “fazer o bem” . Lembra S. Inácio: “o amor deve ser colocado mais nas obras que nas palavras” (Exercícios Espirituais, 230 – Al 94). Como a fé, o amor sem obras é morto. A paciência é altamente comunitária, especial para o casal, pois um promove o bem e o crescimento do outro aceitando as diferenças no mútuo serviço. No processo formativo é preciso paciência para que cada um possa crescer em suas qualidades pessoais. No casamento corremos o risco de não deixar o outro crescer ao impor seu modo pessoal. A felicidade não é um olhar para o outro, mas o dois para o mesmo fim.

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