Vivemos
em um tempo que chamamos agora, o tempo presente, no qual acontece a salvação.
É o momento de Deus: “Eis aqui agora o tempo aceitável, eis aqui agora o dia da
salvação (2Cor,62); Vivemos o Reino de
Deus na certeza de possuí-lo, mas ainda não plenamente. Acompanhamos o Cristo
em seu mistério. Vivemos esse tempo de
espera com Cristo. Por isso estamos na batalha do dia a dia. Toda celebração é
uma certeza da vinda de Cristo e uma prontidão para acolhê-lo. “Enquanto esperamos
sua vinda”, rezamos na liturgia. A comunidade de Marcos vivia na expectativa de
um fim próximo que eles estavam esperando para qualquer momento, mas não sabiam
distinguir os sinais de Deus, como também nós não sabemos. Jesus é claro: é
preciso ler os sinais dos tempos, como se lêem os sinais da natureza (Mc 13,28). As conturbações da natureza não são
um mal, mas uma alerta para estarmos vigilantes e dispostos sempre a crer que o
mundo está nas mãos de Deus e que somente Ele sabe quando será o fim. O fim
para nós é estar com Ele a cada momento. Essa literatura de fim de mundo, que
lemos em Marcos (13,24-32) e também em Daniel (12,1-3), chama-se apocalíptica. São modos de
dizer uma verdade de modo velado, simbólico, que para eles era claro, como o
Livro do Apocalipse de João. Essa linguagem não fala do futuro, mas do
presente. O futuro está próximo, porque está no meio de nós. O Espírito de Deus
ajuda no discernimento e fortalece na perseguição, mostrando que a vitória
final é de Deus. Os cristãos viam a destruição de Jerusalém e do templo (ano 69). Isso foi um caos previsto. As
calamidades que caem sobre os cristãos não são o fim, mas momento de discernimento
e não de preocupação com o “quando será” pois estamos nas mãos de Deus. Não
vivemos de ameaças. Se aprendermos da figueira saberemos quando será. Não
precisaremos dos exaltados ou fanáticos que dão data para o fim de mundo.
Sorte
dos justos
A visão do fim é para confortar os discípulos que serão “reunidos de
todos os cantos da terra” (Mc 13,26) e não
condenados. Os que se opuseram “verão” o
Filho do Homem, Jesus, no julgamento. A sorte dos fiéis é a garantia da
ressurreição já profetizada por Daniel : “Os que dormem no pó da terra
despertarão, uns para a vida eterna e outros para o opróbrio eterno” (12,2). Sua sorte, continua ele, é uma
recompensa: “Mas os que tiverem sido sábios, brilharão como o firmamento; e os
que tiverem ensinado a muitos homens os caminhos da virtude brilharão como as
estrelas, por toda a eternidade” (Dn 12,3). Sua
missão é a criação de um mundo novo através de uma prática de vida renovada
pelo Evangelho.
Guardai-me,
ó Deus!
Jesus avisa os discípulos que haverá grande perseguição por causa do Senhor e do Evangelho. É preciso estar de sobreaviso (Mc 13,9-11). Mas há esperança: O salmo 15 reflete a profunda certeza do coração humano que Deus é o refúgio e garantia no meio de toda essa convulsão da história e do tempo. Não se trata de uma fuga, mas de uma escolha. Deus é a herança. Tudo pode acontecer. Mas a Palavra de Jesus não passa. Em cada geração ela acontece e garante para nós que Deus não passa (S.Teresa). Os tempos atuais repetem as calamidades e perseguições. A comunidade reunida espera o Senhor e se fortalece nele.
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