sexta-feira, 26 de agosto de 2016

REFLETINDO A PALAVRA - “O Filho do Homem está próximo”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
Aprendei da figueira
Vivemos em um tempo que chamamos agora, o tempo presente, no qual acontece a salvação. É o momento de Deus: “Eis aqui agora o tempo aceitável, eis aqui agora o dia da salvação (2Cor,62); Vivemos o Reino de Deus na certeza de possuí-lo, mas ainda não plenamente. Acompanhamos o Cristo em seu mistério. Vivemos esse tempo de espera com Cristo. Por isso estamos na batalha do dia a dia. Toda celebração é uma certeza da vinda de Cristo e uma prontidão para acolhê-lo. “Enquanto esperamos sua vinda”, rezamos na liturgia. A comunidade de Marcos vivia na expectativa de um fim próximo que eles estavam esperando para qualquer momento, mas não sabiam distinguir os sinais de Deus, como também nós não sabemos. Jesus é claro: é preciso ler os sinais dos tempos, como se lêem os sinais da natureza (Mc 13,28). As conturbações da natureza não são um mal, mas uma alerta para estarmos vigilantes e dispostos sempre a crer que o mundo está nas mãos de Deus e que somente Ele sabe quando será o fim. O fim para nós é estar com Ele a cada momento. Essa literatura de fim de mundo, que lemos em Marcos  (13,24-32) e também em Daniel (12,1-3), chama-se apocalíptica. São modos de dizer uma verdade de modo velado, simbólico, que para eles era claro, como o Livro do Apocalipse de João. Essa linguagem não fala do futuro, mas do presente. O futuro está próximo, porque está no meio de nós. O Espírito de Deus ajuda no discernimento e fortalece na perseguição, mostrando que a vitória final é de Deus. Os cristãos viam a destruição de Jerusalém e do templo (ano 69). Isso foi um caos previsto. As calamidades que caem sobre os cristãos não são o fim, mas momento de discernimento e não de preocupação com o “quando será” pois estamos nas mãos de Deus. Não vivemos de ameaças. Se aprendermos da figueira saberemos quando será. Não precisaremos dos exaltados ou fanáticos que dão data para o fim de mundo.
Sorte dos justos
A visão do fim é para confortar os discípulos que serão “reunidos de todos os cantos da terra” (Mc 13,26) e não condenados. Os que se opuseram  “verão” o Filho do Homem, Jesus, no julgamento. A sorte dos fiéis é a garantia da ressurreição já profetizada por Daniel : “Os que dormem no pó da terra despertarão, uns para a vida eterna e outros para o opróbrio eterno” (12,2). Sua sorte, continua ele, é uma recompensa: “Mas os que tiverem sido sábios, brilharão como o firmamento; e os que tiverem ensinado a muitos homens os caminhos da virtude brilharão como as estrelas, por toda a eternidade” (Dn 12,3). Sua missão é a criação de um mundo novo através de uma prática de vida renovada pelo Evangelho.
Guardai-me, ó Deus!
Jesus avisa os discípulos que haverá grande perseguição por causa do Senhor e do Evangelho. É preciso estar de sobreaviso (Mc 13,9-11). Mas há esperança: O salmo 15 reflete a profunda certeza do coração humano que Deus é o refúgio e garantia no meio de toda essa convulsão da história e do tempo. Não se trata de uma fuga, mas de uma escolha. Deus é a herança. Tudo pode acontecer. Mas a Palavra de Jesus não passa. Em cada geração ela acontece e garante para nós que Deus não passa (S.Teresa). Os tempos atuais repetem as calamidades e perseguições. A comunidade reunida espera o Senhor e se fortalece nele.

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