terça-feira, 23 de agosto de 2016

REFLETINDO A PALAVRA - “Rezar pelos mortos”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
Nas mãos de Deus
Todos os cemitérios tornam-se templos de prece, de saudade e de amor. As preces são feitas pelas lágrimas da saudade, pelas flores da esperança e pela fé da luz das velas. A oração vai além das palavras. Visitar um cemitério é um ato de fé na Ressurreição. Se acreditássemos que tudo acaba com a morte, não nos preocuparíamos em estar ali. É um tipo de presença. O fato de citarmos os nomes das pessoas falecidas nas missas é uma demonstração de que a vida continua. Elas não desapareceram. A celebração litúrgica do dia, acentua a fé na Ressurreição e a certeza de que nossa oração é frutuosa pelos mortos. Eles estão nas mãos de Deus, como lemos em Sabedoria: “A vida dos Justos está nas mãos de Deus e nenhum tormento os atingirá” (Sb 3,1). Temos a grande esperança em  nosso coração: Na casa do Pai há muitas moradas...vou preparar um lugar para vós e, quando eu tiver ido preparar-vos um lugar, voltarei e vos levarei comigo, a fim de que onde, eu estiver estejais também vós” (Jo 14,2-3). A vida após a morte é garantida por Jesus. “Se morremos com Cristo, cremos que também viveremos com Ele’ (Rm 6,8), pois “somos cidadãos do céu... Ele transformará o nosso corpo humilhado e o tornará semelhante a seu corpo glorioso” (Fl 3.20-21). Pela fé podemos ter a certeza da vida: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, mesmo que morra, viverá. E todo aquele que vive e crê e em mim, não morrerá jamais” (Jo 11,25-26).
O Senhor é o Bom Pastor
“A esperança não decepciona porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5,5-11). A morte de Cristo por nós é a prova e a garantia de que Deus nos quer consigo, além do mais, Ele nos reconciliou quando ainda éramos inimigos (8-10). Reconciliados seremos salvos. Ele é nosso descanso: “Vinde a mim todos vós que estais cansado e fatigados ... e eu vos darei descanso” (Mt 11,28). O salmo 22, de um modo místico, coloca-nos diante da certeza de um futuro maravilhoso expresso na abundância das águas e na tranqüilidade de prados verdejantes para o repouso e a restauração das forças. Nesta bela parábola tão antiga, Jesus encontra a definição de sua própria identidade como Pastor de seu povo, suas ovelhas, que Ele conduz para a vida eterna, libertando-as e dando-lhes vida.
Rezemos pelos mortos
S. Agostinho, relatando a morte de sua mãe, recorda suas últimas palavras: “Não vos preocupeis com meu corpo. Só vos peço que vos lembreis de mim no altar de Deus, onde quer que estiverdes” (Confissões 9,10-11). Isso foi no ano de 387. Já era então um costume já bem arraigado de se rezar pelos mortos, nos inícios da Igreja. Por que rezamos, de modo particular na missa? A pós-comunhão da 2ª missa reza: Nós vos rogamos em favor de nossos irmãos já falecidos, a fim de que, purificados pelos mistérios pascais, se alegrem com a futura ressurreição”. Rezamos pedindo a fé na esperança da ressurreição. Pela oração da comunidade, na celebração da Eucaristia, mistério pascal, nós pedimos: “Por este sacrifício. Livres dos laços da morte, obtenham a vida eterna” (Oferendas). Toda a oração se torna um ato de caridade que se une na purificação dos falecidos, realizada por Cristo .

Nenhum comentário:

Postar um comentário