Todos os cemitérios tornam-se templos de prece,
de saudade e de amor. As preces são feitas pelas lágrimas da saudade, pelas
flores da esperança e pela fé da luz das velas. A oração vai além das palavras.
Visitar um cemitério é um ato de fé na Ressurreição. Se acreditássemos que tudo
acaba com a morte, não nos preocuparíamos em estar ali. É um tipo de presença.
O fato de citarmos os nomes das pessoas falecidas nas missas é uma demonstração
de que a vida continua. Elas não desapareceram. A celebração litúrgica do dia,
acentua a fé na Ressurreição e a certeza de que nossa oração é frutuosa pelos
mortos. Eles estão nas mãos de Deus, como lemos em Sabedoria: “A vida dos
Justos está nas mãos de Deus e nenhum tormento os atingirá” (Sb 3,1). Temos a grande esperança em nosso coração: Na casa do Pai há muitas moradas...vou
preparar um lugar para vós e, quando eu tiver ido preparar-vos um lugar,
voltarei e vos levarei comigo, a fim de que onde, eu estiver estejais também
vós” (Jo 14,2-3). A vida após a morte é
garantida por Jesus. “Se morremos com Cristo, cremos que também viveremos com
Ele’ (Rm 6,8), pois “somos cidadãos do
céu... Ele transformará o nosso corpo humilhado e o tornará semelhante a seu
corpo glorioso” (Fl 3.20-21). Pela fé
podemos ter a certeza da vida: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em
mim, mesmo que morra, viverá. E todo aquele que vive e crê e em mim, não
morrerá jamais” (Jo 11,25-26).
O Senhor é o Bom Pastor
“A esperança não decepciona porque o amor de Deus foi
derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5,5-11). A morte de Cristo por nós é a prova
e a garantia de que Deus nos quer consigo, além do mais, Ele nos reconciliou
quando ainda éramos inimigos (8-10).
Reconciliados seremos salvos. Ele é nosso descanso: “Vinde a mim todos vós que
estais cansado e fatigados ... e eu vos darei descanso” (Mt 11,28). O salmo 22, de um modo místico, coloca-nos diante da
certeza de um futuro maravilhoso expresso na abundância das águas e na
tranqüilidade de prados verdejantes para o repouso e a restauração das forças.
Nesta bela parábola tão antiga, Jesus encontra a definição de sua própria
identidade como Pastor de seu povo, suas ovelhas, que Ele conduz para a vida
eterna, libertando-as e dando-lhes vida.
Rezemos pelos mortos
S. Agostinho, relatando a morte de sua mãe, recorda suas últimas palavras: “Não vos preocupeis com meu corpo. Só vos peço que vos lembreis de mim no altar de Deus, onde quer que estiverdes” (Confissões 9,10-11). Isso foi no ano de 387. Já era então um costume já bem arraigado de se rezar pelos mortos, nos inícios da Igreja. Por que rezamos, de modo particular na missa? A pós-comunhão da 2ª missa reza: Nós vos rogamos em favor de nossos irmãos já falecidos, a fim de que, purificados pelos mistérios pascais, se alegrem com a futura ressurreição”. Rezamos pedindo a fé na esperança da ressurreição. Pela oração da comunidade, na celebração da Eucaristia, mistério pascal, nós pedimos: “Por este sacrifício. Livres dos laços da morte, obtenham a vida eterna” (Oferendas). Toda a oração se torna um ato de caridade que se une na purificação dos falecidos, realizada por Cristo .
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