quinta-feira, 25 de agosto de 2016

REFLETINDO A PALAVRA - “Realidades terrestres”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
724.Uma Igreja sem pedras
            Quando se fala de Igreja, pensamos logo em padres e gente de sacristia. Jesus era gente do povo, era leigo. Não fazia parte da família sacerdotal. Ele é o modelo de todos, de modo particular dos leigos. Os cristãos são todos iguais. Seu papel na vida da Igreja está em primeiro, pois são a maioria. O “clero’ é povo também (Às vezes a gente se esquece) e tem uma função de ajudar a todos a viver o evangelho na condição própria de cada um. Uma das grandes afirmações do Vaticano II foi o lugar do leigo. Por isso a vida dos leigos tem um papel importante na vida da Igreja. Os leigos, povo de Deus que vive na realidade do povão, são o “sal da terra e luz do mundo” (Mt 5,13-16). Igreja não é o edifício, mas as pedras vivas que a compõem, como escreve Pedro (1 Pd 2,5). Cada um vive a mesma missão de Jesus. O Concílio afirma: “É específico dos leigos, procurar o Reino de Deus exercendo funções temporais e ordenando-as segundo Deus...  A eles cabe iluminar e ordenar as coisas temporais, que elas continuamente se façam e cresçam segundo Cristo”(LG 31). Exercem a função sacerdotal, profética e real de Cristo, a modo leigo. Sua vida do dia-a-dia, na família, no trabalho, no descanso são “hóstias espirituais agradáveis a Deus, por Jesus Cristo” (1Pd 2,5). O mundo é o altar de adoração do leigo. Por ele consagra a Deus o próprio mundo (LG 34). O leigo que participa ativamente da Igreja não é só aquele que trabalha na Igreja, o que também é necessário, mas aquele que edifica o Reino de Deus no mundo. Seu fundamento desta obra é a união a Cristo.
725. Fermento na massa
“Os leigos são chamados por Deus para que, exercendo seu próprio ofício, guiados pelo espírito evangélico, ao modo do fermento, contribuem para santificação do mundo” (LG 31). São o fermento na massa, pois “são chamados a tornar a Igreja presente e operosa naqueles lugares e circunstâncias onde apenas através deles, ela pode chegar como sal da terra e luz do mundo” (LG 32). Santificar o mundo não tira a autonomia da ordem temporal e seus fins próprios, mas aperfeiçoa (AA,7). Quanto mais evangelizam as realidades do mundo, mais elas se tornam proveitosas e ricas, sem perder suas características seculares. O mundo não é mau. Nós fazemos mal, quando mal usamos o mundo. Evangelizar o mundo é colocá-lo sempre mais a serviço das pessoas, tirando todo egoísmo, individualismo, e colocando-o no projeto que Deus tem para o bem das pessoas. Esta é a caridade fundamental. Quanto maior a união a Cristo, maior será sua força de transformação. A participação da vida da Igreja é importante para ser o braço estendido de Cristo sobre o mundo.
726.Anunciar pela palavra
Uma coisa é falar de Jesus, outra coisa é colocar Jesus em nossas palavras. O leigo dará o testemunho da palavra, “estando sempre pronto a dar razões da esperança” (1Pd 3,15). A palavra viva que anunciam é decorrência de seu batismo. Por ele é consagrado para o anúncio da Palavra a seu modo. A vivência do sacramento do matrimônio constitui um meio eficiente para evangelizar o mundo da família, tão deteriorado em tantos ambientes. Esta é a primeira maneira de anunciar. “A família cristã proclama em alta voz tanto as presentes virtudes do Reino de Deus, quanto a esperança da vida feliz. Assim dá exemplo e questiona” (LG 35). O serviço aos irmãos (não só de fé), os conduz a Cristo. O homem e a mulher corretos no exercício de sua profissão, são melhores colaboradores do mundo. 

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