PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
1768. Casa do
amor
A exortação apostólica “Amoris
Laetitia – Alegria do amor” do Papa Francisco, reflete no final do terceiro capítulo sobre os
filhos no matrimônio. “O matrimônio é, em primeiro lugar, ‘uma íntima
comunidade de vida e do amor conjugal’ que constitui um bem para os próprios
esposos” (AL 80). Salienta-se aqui a certeza que
o matrimônio se constitui no amor. O amor não é fruto, mas realidade primeira
da vida do casal. Ele é fonte do amor que gera mais amor. Este amor está
destinado à geração. “O bebê que chega “não vem de fora acrescentar-se ao amor
mútuo dos esposos; surge no próprio amor dessa doação mútua, da qual é fruto e
realização” (AL 80). Por isso nenhum filho vem por
caso, mas é fruto do amor que é fundamento do matrimônio. Não só de um amor
sentimento, mas do amor que o constitui. Ele é sempre aberto à fecundidade,
embora nem sempre possa efetivamente gerar uma nova vida (Id). Nesse amor
está a participação do casal na obra criadora de Deus. Deus confiou ao casal a
responsabilidade do futuro da humanidade através da transmissão da vida (AL
81).
A geração da vida não é projeto individual, mas faz parte de um desígnio maior
de Deus para o casal e para o mundo. Por isso ninguém pode dispor da vida de um
feto, pois ele não pertence exclusivamente ao casal. É fruto de um amor que não
é só do casal, e está destinado a uma vida que lhe pertence.
1769. Escola do
amor
Vivemos momentos difíceis para a
educação. Quem educa nossos filhos? A família perdeu sua missão de educar. Há
outros meios que interferem fortemente na educação dos filhos. Educar os filhos
é um dever e um direito. A família tem também o dever e o direito de controlar a
educação que é dada pelas instituições. Sabemos que estas podem estar
penetradas por ideologias diversas, contrárias à opção dos pais. Todas as
demais instâncias de educação são subsidiárias e colaboram na educação,
inclusive a educação religiosa. A primeira escola da família é o amor que se
vive. O Papa insiste que um dos modos de formação, sobretudo de formação
religiosa, é a participação da família no processo educativo dos filhos. Há
muitas observações sobre a escola atual em nosso país. É preciso abrir um canal
para um aprofundamento das questões.
1770. A família
e a Igreja
Papa Francisco,
seguindo as afirmações do Sínodo dos bispos sobre a família, lembra o lado
positivo de nossas famílias que permanecem fiéis aos ensinamentos do Evangelho.
Agradece pelo testemunho que dão. “Por essas famílias pode-se tornar crível a
beleza do matrimônio indissolúvel e fiel para sempre”. Nota ainda que “na
família, como Igreja Doméstica (LG
11), amadurece a primeira experiência eclesial da
comunhão entre as pessoas na qual, por graça, se reflete o mistério da
Santíssima Trindade”. Quando dizemos que a família é a Igreja Doméstica, não é
um conceito vazio, pois, continua o Papa: “É aqui que se aprende a tenacidade e
a alegria no trabalho, o amor fraterno, o perdão generoso e sempre renovado, e
sobretudo, o culto divino pela oração e pelo oferecimento da própria vida”,
diz, citando o Catecismo da Igreja Católica 1657 (AL 86). A Igreja é família de famílias (AL 87).
Destruir a família é destruir a Igreja e encerrar o aprendizado das coisas do
Céu. “O amor vivido nas famílias é uma força permanente para a vida da Igreja” (AL 88). Refletindo
sobre a Igreja temos que compreender que o espelho é a família, célula mãe do
povo de Deus.
Nenhum comentário:
Postar um comentário