Crer é receber a Vida eterna que dura para sempre e não se esgota.
Quanto mais vive, mais ela cresce. Vida eterna é participação na Comunhão do
Pai, do Filho e do Espírito. Esta comunhão de mútua doação é sua Vida. Estar
unido Um ao Outro constitui a Trindade. A Vida eterna não é para um futuro, mas
está presente já e agora em atuação permanente. Ter fé não é só acolher uma
verdade, mas é acolher a Vida, pois Deus habita naquele que Nele crê e O ama.
Diz Jesus: “Se alguém me ama, guardará minha palavra e meu Pai o amará e a ele
viremos e nele estabeleceremos nossa morada” (Jo 14,23). Jesus mora em nos como Vida: “Eu
sou o Caminho, a Verdade e a Vida” (Jo 14,6). Tendo a Vida de Jesus em nós não estamos ligados só a
Ele, mas, estamos em união aos outros. Esta Vida para ser a verdadeira, tem que
ser vida que se doa para que haja Vida. Participamos com Ele de sua missão: “Eu
vim para que tenham Vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10). Ter a Vida que Jesus dá, é dar-se
como Vida. As pessoas não precisam de coisas, querem vida. A transmissão da
vida a outros não se reduz a ensinar mas comunicar capacidade de viver, pois
formamos o Corpo de Cristo e há comunicação de vida como num corpo físico. Se
um membro está bem, todos estão bem com Ele. A fé cristã recusa todo tipo de
individualismo e puro subjetivismo. O Eu só é completo em D-eu-s. Ele é sempre
comunhão, participação e doação. Não sentimos a vida da fé. Sentem-na os que percebem
que a fé em nós é habitação de Deus e entrega de amor, como o fez Jesus.
1149.Vida
é multiplicar-se
Esta reflexão procura compreender o
milagre da multiplicação dos pães que não foi um mero distribuir pão de graça
num piquenique mal preparado. Ela é um ensinamento sobre Jesus, de modo
particular em seu mistério da Eucaristia na Ceia e realizado no Calvário e coroado
de glória na ressurreição. Os ouvintes não entenderam, por isso se retiraram.
Pedro afirma a Jesus: “Senhor, a quem iremos? Tens palavras de Vida eterna e
nós cremos e reconhecemos que és o Santo de Deus” (Jo 6,68-69). Na profissão de fé, em nome dos
outros discípulos, Pedro assume o milagre como sua missão. De agora em diante
nós multiplicaremos a vida para que cesse toda fome. Esta multiplicação são as
imensas obras de solidariedade na caridade que tantos fazem, tanto espiritual
como humana. Fazem da Eucaristia uma escola e uma fonte de Vida para dar Vida.
É aqui que podemos compreender que, quando comungamos sem esses sentimentos não
distinguimos o Corpo do Senhor, como nos escreve Paulo. Quem comunga, recebendo
o Corpo do Senhor, e não se abre para multiplicar a vida e os meios de vida,
não vai crescer na fé. Comungar para si não é o que Jesus quis. Comunhão é
também com aqueles com os quais Deus se comunica.
1150.
Alegres na doação.
O
povo ficou feliz com o milagre. Jesus também, pois o fez em abundância. A
alegria da multiplicação invade nosso coração quando nos doamos assumindo a
decisão de estar sempre repartindo o Pão que é Jesus e o pão que nos leva a
Jesus. O povo no deserto se alegrou com aquela chuva, pão vindo do céu. Nós nos
alegramos com torrente de graças que vem do Cristo, pão repartido. Mergulharemos
nas águas da graça de Deus quando virmos os rostos felizes dos necessitados
sentido-se amados por Deus através de nós. Isso acontece já em nosso dia a dia.
Convém, contudo estar atento a não perder esta alegria.
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