Evangelho segundo S. Lucas 7,1-10.
Naquele
tempo, quando Jesus acabou de falar ao povo, entrou em Cafarnaum. Um
centurião tinha um servo a quem estimava muito e que estava doente, quase a
morrer. Tendo ouvido falar de Jesus, enviou-Lhe alguns anciãos dos judeus
para Lhe pedir que fosse salvar aquele servo. Quando chegaram à presença de
Jesus, os anciãos suplicaram-Lhe insistentemente: «Ele é digno de que lho
concedas, pois estima a nossa gente e foi ele que nos construiu a sinagoga». Jesus acompanhou-os. Já não estava longe da casa, quando o centurião Lhe
mandou dizer por uns amigos: «Não Te incomodes, Senhor, pois não mereço que
entres em minha casa, nem me julguei digno de ir ter contigo. Mas diz uma
palavra e o meu servo será curado. Porque também eu, que sou um subalterno,
tenho soldados sob as minhas ordens. Digo a um ‘Vai’ e ele vai; e a outro ‘Vem’
e ele vem; e ao meu servo ‘Faz isto’ e ele faz». Ao ouvir estas palavras,
Jesus sentiu admiração por ele e, voltando-se para a multidão que O seguia,
exclamou: «Digo-vos que nem mesmo em Israel encontrei tão grande fé». Ao
regressarem a casa, os enviados encontraram o servo de perfeita saúde.
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do
dia:
Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona
(norte de África),
doutor da Igreja-Sermão 62
Na leitura do Evangelho, ouvimos Jesus
louvar a nossa fé, associada à humildade. Quando prometeu ir a casa do centurião
curar-lhe o servo, este respondeu: «Não mereço que entres em minha casa [...].
Mas diz uma palavra e o meu servo será curado». Ao considerar-se indigno,
revela-se digno – digno não só de que Cristo entre em sua casa, mas também no
seu coração. [...]
Pois não teria sido para ele grande alegria se o
Senhor Jesus tivesse entrado em sua casa sem entrar no seu coração. Com efeito,
Cristo, Mestre de humildade pelo seu exemplo e pelas suas palavras, sentou-Se à
mesa em casa de um fariseu orgulhoso chamado Simão (Lc 7,36ss.); mas, embora Se
sentasse à sua mesa, não entrou no seu coração: aí, «o Filho do Homem não tinha
onde reclinar a cabeça» (Lc 9,58). Pelo contrário, não entra em casa do
centurião, mas entra no seu coração. [...]
Por conseguinte, é a fé unida
à humildade que o Senhor elogia neste centurião. Quando este diz: «Não mereço
que entres em minha casa», o Senhor responde: «Digo-vos que nem mesmo em Israel
encontrei tão grande fé». [...] O Senhor veio ao povo de Israel segundo a carne,
para procurar primeiramente neste povo a sua ovelha perdida (cf Lc 15,4). [...]
Nós, como homens, não podemos medir a fé dos homens. Foi Aquele que vê o fundo
dos corações, Aquele a quem ninguém engana, que testemunhou como era o coração
deste homem; ao ouvir as suas palavras repletas de humildade, responde-lhe com
uma palavra que cura.
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