Evangelho segundo S. Lucas 8,16-18.
Naquele
tempo, disse Jesus à multidão: «Ninguém acende uma lâmpada para a cobrir com uma
vasilha ou a colocar debaixo da cama, mas coloca-a num candelabro, para que os
que entram vejam a luz. Não há nada oculto que não se torne manifesto, nem
secreto que não seja conhecido à luz do dia. Portanto, tende cuidado com a
maneira como ouvis. Pois àquele que tem, dar-se-á; mas àquele que não tem, até o
que julga ter lhe será tirado».
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do dia:
Sermão atribuído a Santo Agostinho
(354-430),
bispo de Hipona (norte de África), doutor da Igreja
Cf. Discurso
sobre o salmo 139,15;
Sermões sobre S. João, n.º 57
«Que cada um esteja sempre pronto para
escutar, mas seja lento para falar» (Tim 1,19). Sim, irmãos, digo-vos
francamente [...], eu que muitas vezes vos falo a vosso pedido: a minha alegria
é sem mancha quando me sento entre os ouvintes; a minha alegria é sem mancha
quando escuto e não quando falo. É então que saboreio a palavra com toda a
segurança, pois a minha satisfação não é ameaçada pela vanglória. Quem pode
recear o precipício do orgulho se estiver sentado sobre a pedra sólida da
verdade? «Escutarei e encher-me-ás de alegria e de júbilo», diz o salmista (Sl
50,10). É quando escuto que me sinto mais alegre; é o papel de ouvintes que nos
mantém numa atitude de humildade.
Pelo contrário, quando tomamos a
palavra, [...] precisamos de uma certa contenção; pois, mesmo que não ceda ao
orgulho, tenho receio de o fazer. Mas, se escuto, ninguém me pode roubar a
alegria (Jo 16,22), porque ninguém é testemunha dela. É verdadeiramente a
alegria do amigo do esposo de quem S. João diz que «fica de pé e escuta» (Jo
3,29). Fica de pé porque escuta. Também o primeiro homem escutava Deus de pé;
quando escutou a serpente, caiu. O amigo de esposo fica, pois, «transbordante de
alegria à voz do Esposo»; o que faz a sua alegria não é a sua voz de pregador ou
de profeta, mas a voz do próprio Esposo.
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