sexta-feira, 22 de setembro de 2017

REFLETINDO A PALAVRA - “Cinco pães e dois peixes”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
Leremos o capítulo 6º do evangelho de S. João, o discurso sobre o Pão da Vida. Interrompemos a leitura do evangelho de Marcos. João não narra a instituição da Eucaristia na última ceia. Mas, no capítulo 6º, dá o sentido da Eucaristia. O texto do Evangelho de hoje se inicia com as “Estava próxima a Páscoa, a festa dos judeus” (Jo 6,4). A Eucaristia é a Páscoa de Jesus. João diz que o povo seguia Jesus porque via seus sinais. Sinal é mais que milagre, pois é realizado para provocar a fé e dar-lhe o sentido. Jesus faz um milagre - sinal que exigirá a fé. O milagre do pão é sinal do Pão da Vida. A multiplicação se desenvolve em diversos momentos: Vendo a multidão Jesus se preocupa em alimentá-la. Pede solução. Filipe é pessimista: “Nem 200 denários serão suficientes!”. Este dinheiro é o salário de 200 dias. André procura resolver o problema com os 5 pães e os dois peixinhos do garoto. Não é ainda a solução. Jesus multiplica-os. A reação do povo coincide com as promessas: “Vendo o sinal que Jesus tinha realizado, aqueles homens exclamavam: ‘Este é verdadeiramente o Profeta, aquele que deveria vir ao mundo’” (Jo 6,14). Jesus se afasta, pois querem fazê-lo rei, interpretando erroneamente o sinal que fizera. Com o sinal da multiplicação, Jesus quer que creiam Nele e comam e bebam de seu Corpo e Sangue. Sobram 12 cestos do pão repartido. Significam os doze apóstolos. Os discípulos distribuem o pão e o peixe, isto é a Eucaristia e o Batismo.
Usar os bens que passam
               O texto de João orienta-nos a viver a Eucaristia como vida para um mundo que passa fome de Deus e fome de pão. Ela não é só para adoração. Jesus partiu o pão e o deu a todos. Partir e repartir, eis o caminho de Jesus e nosso caminho. Eis o grande mistério da fé movido pela caridade. Solidariedade é o sobrenome da Eucaristia. A Eucaristia é um bem maior que não pode ser guardado e escondido. É para todos. Jesus abençoou dando graças a Deus pelos pães do menino, o pouco que a mãe lhe dera para seguir Jesus que o distribuiu a 5 mil pessoas e ainda sobrou. O mistério do sinal de Jesus é mais amplo que nossas ideologias e sistemas espirituais. Rezamos na oração da missa: “Orientados por Vós, usemos de tal modo os bens que passam, que possamos abraçar os que não passam (Oração).
Viver a vocação
               Paulo nos convida a viver nossa vocação: “Eu vos exorto a caminhardes de acordo com a vocação que recebestes” (Ef 4,1). Paulo não está se referindo ao Pão da Vida, mas podemos compreender que a vocação de todos é viver a Eucaristia, não como uma devoção, mas como um modo de vida: “...com toda a humildade e mansidão, suportai-vos uns aos outros com paciência no amor. Aplicai-vos a guardar a unidade no vínculo da paz” (2-3). O povo faminto é a expressão de todos os que buscam o Senhor, como reza o salmo: “Todos os olhos, ó Senhor, em vós esperam e vós lhes dais no tempo certo o alimento” (Sl 144). Buscamos o Pão do Céu e Deus no-lo dá na Eucaristia no Corpo e Sangue de Jesus. Alimentados pelo pão formamos um único corpo. O banquete para todos os povos como nos diz a sabedoria (Pr 9,1-6) não vai ser preparado por Deus, mas por aqueles que creem e comem o Pão da Vida. Somente alimentados por ele poderemos alimentar a fome do mundo. Não temos mais 5 pães e dois peixes, mas temos 12 cestos.

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