sábado, 30 de setembro de 2017

REFLETINDO A PALAVRA - “Maria é levada ao Céu”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
A fé nos ensina
A festa da Assunção de Maria ao Céu, como a data de 15 de agosto, tem origem muito remota. Perto de Éfeso, agora em belas ruínas, há uma casa onde morou Maria com o apóstolo João. É uma tradição. Contudo os alicerces desta casa são do século Iº. Todos os anos, neste dia, há um grande movimento de peregrinos. Esses, em sua maioria, são muçulmanos que veneram Maria com muito afeto, pois é Mãe de Jesus. O povo cristão tem como doutrina de fé que “Maria, ao término de sua vida terrena, foi levada ao Céu em corpo e alma”. O dogma da Assunção não está escrito na Bíblia, mas é Tradição que se apoia na Bíblia. Tradição é regra de fé. Pela Tradição cristã podemos saber qual a fé que a Comunidade cristã viveu desde o início. Tradição cristã não tem nada a ver com tradicionalismo. Tradicionalismo conserva o passado porque é do passado. A Tradição guarda a fé do passado. Os grandes teólogos santos da Igreja, que chamamos santos padres, pais de nossa fé, acataram e explicaram este dogma. A liturgia da Igreja sempre celebrou esta festa, desde os primeiros séculos. E por fim, o Magistério, segurança dada à Igreja na autoridade do Papa recebida por Pedro, confirmou oficialmente que este dogma é de fé. Ele não inventou. Para chegar a essa proclamação, o Papa Pio IX consultou também o povo de Deus. A fé do povo de Deus, em seu conjunto, também não erra. A Palavra de Deus na celebração é o fundamento do dogma. A liturgia nos mostra que a razão da Assunção é a Ressurreição de Jesus. Ela a realizou por completo. Jesus é o primeiro ressuscitado. Com a Assunção de Maria estamos garantidos: Todos ressuscitaremos.
A Palavra nos instrui
 A leitura do livro do Apocalipse fala de um grande sinal que apareceu no Céu: “Uma mulher vestida de sol... Apareceu outro sinal: Um grande Dragão... que se colocou diante da mulher que estava para dar a luz, a fim de lhe devorar o filho” (Ap 12,1.3.5). A Igreja vê nessa mulher Maria. Ela está junto do Filho na glória da Ressurreição.  Maria se tornou um sinal completo para o povo cristão. Ao cantar seu hino, o Magníficat (minh’alma glorifica o Senhor), Ela se faz modelo de quem acolhe a graça de Deus com humildade, reconhece o dom que recebeu, e estende a todos a misericórdia com que foi agraciada. Ela se tornou modelo acabado para os cristãos, pois todos participam de sua graça.
E nos ensina a viver
Ela proclama a misericórdia de Deus para com os necessitados. São os pobres de Javé que mantiveram vivas as promessas, creram nelas e sobreviveram. O texto mostra o estilo hebraico de salientar uma verdade pelos opostos. Lemos que Deus derrubou os poderosos de seus tronos e exaltou os humildes, saciou de bens os famintos e despediu os ricos de mãos vazias. Temos o costume de ver aí uma mudança social. Na verdade, parece que não há, pois não adianta mudar pobres em ricos e ricos em pobres. Ficou na mesma. O que podemos compreender? D. Helder dizia: “Nem ricos nem pobres, mas todos irmãos”. Podemos entender: Os que acolhem o dom de Deus são ricos de Deus; os que não acolhem, serão desprovidos de Deus. Tornam-se vazios, sem poder enriquecer os outros com o dom de Deus. Quem não tem Deus não tem capacidade de partilhar a vida, os bens e as esperanças. Somos chamados a ver em Maria um modelo. Não podemos nos esvaziar de Deus, pois não seremos transformadores da sociedade. 

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