Jesus usava palavras simples, parábolas, para
explicar os grandes mistérios da fé. Ele próprio, era o pequenino, imagem do
Deus invisível, primogênito de toda a criatura. Sua grandeza não era exterior.
Era grande por dentro. Como viveu e morreu, não dava esperança de futuro. Suas
palavras tão simples eram semeadas no coração do povo que as acolhia com prazer
(Mc 12,37). Na
liturgia deste domingo temos uma explicação da força de crescimento do Reino de
Deus, a capacidade de crescimento, como já ocorrera na história do povo de
Deus. O profeta Ezequiel reconhece a ação de Deus na história do povo. Este é
como um raminho tirado de uma árvore e plantado nos montes de Israel. O ramo
crescerá e dará frutos e nele pousarão os pássaros. Assim é o povo de Deus
porque é o Senhor quem age: “Todos saberão que eu sou o Senhor” (Ez 17,24) A mesma força Jesus nos faz
ver ao contar suas parábolas. Ele nos fala sobre a força crescimento do Reino
que nós desconhecemos. Como não sabemos como crescem as plantas, assim também
não sabemos como o Reino cresce no mundo. Não controlamos este crescimento. Ele
é feito por Deus que age como quer e onde quer. O Reino é maior que nossa
capacidade de compreender. Ele não se identifica com suas manifestações
históricas. Como explicar que passamos por tantas fases difíceis na história da
humanidade? Quando se dizia que Deus tinha morrido e com Ele a Igreja, vemos as
grandes viradas ocorrendo e desaparecendo aqueles que eram os donos da
destruição? Não sabemos como o Reino cresce, mas ele cresce. Jesus ensina que
ele tem força de crescimento como uma semente que é uma poeirinha mas produz
uma árvore imensa e resistente. Vemos o paralelo do ramo plantado no
monte Sião com o grão de mostarda. A história nos conta que Deus é sua
misteriosa força de crescimento. Frondosa, a árvore é abrigo para todos os
tipos de pássaros. Não só a fé, mas a própria experiência revela a ação de Deus
no mundo e na Igreja. Como explicar que o Evangelho foi anunciado e tantos se
convertem buscando a verdade? Rezamos no prefácio: “Nunca abandonais a obra de
vossa sabedoria, agindo sempre no meio de nós... Hoje, com a luz e a força do
Espírito, acompanhais a vossa Igreja, peregrina do mundo”.
Força do fraco
Nesta
reflexão não contemplamos somente o Reino em sua grandeza, mas também a força
do Reino na fragilidade das pessoas. Deus nos convocou e colocou em nós a
semente da fé. São imensos os dons que recebemos em Cristo. S. Paulo
nos alerta a tomar consciência do poder e da riqueza da herança que nos está
reservada (Ef 1,18-19).
Podemos ser pequenos e fracos. Mas Deus não é. O Reino é vigoroso em cada um.
Rezamos no salmo: “O justo cresce como a palmeira ou os cedros do Líbano porque
estão plantados nos átrios da casa do Senhor, sempre cheios de vitalidade” (Sl 91). Deus se serve
do que é fraco para confundir o que é forte (1Cor 1,27). Uma missão da nossa pastoral é
levar as pessoas a perceberem o Reino que já está nelas e a criar ambiente para
que possam crescer.
Caminhamos na fé
Rezamos
na oração da missa: “Nada podemos em nossa fraqueza. Dai-nos o socorro de vossa
graça para que possamos querer e agir conforme vossa vontade, seguindo vossos
mandamentos”. Caminhar na fé é deixar jorrar o que de bom temos e acolher o que
Deus nos oferece cada dia. Jesus nos dá a energia do Reino, dá-nos os dons e
graças para que esta energia se transforme em atos. Deixa-nos a
liberdade de assumir. Na celebração de cada semana podemos nos fortalecer e nos
animar a ser mais ousados para viver como filhos de Deus e irmãos de todos os
que nos cercam.
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