PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
Caminhar na força do alimento
Ser discípulo de
Deus é escutar sua Palavra: “Todo aquele que escutou o Pai e foi por Ele
instruído, vem a mim” (Jo, 6,45). Jesus
encerrara o discurso sobre o Pão da Vida no qual nos explicara que veio de Deus
para dar a Vida. Quem nele crê, tem a Vida. Crer é alimentar-se dele que é o Pão
da Vida. Tem a Vida porque é atraído pelo Pai e crê no Filho: “Ninguém pode vir
a mim, se o Pai que me enviou não o atrai. E eu o ressuscitarei no último dia” (Jo 6,44). E, quem “crê possui a vida eterna” (v. 47). A força do alimento que sustenta o
profeta Elias é símbolo da fé que sustenta quem crê, por toda a vida. Por que
as pessoas não creram em Jesus? Porque era um homem comum. Aqui estão os
desafios da fé: crer pela fé e não pelas aparências. Se Jesus tivesse se manifestado
em uma aparência magnífica, atrairia para a aparência, não para Si. Não devemos
nos apoiar nas falsas seguranças. O maná alimentou o povo, mas não deu a vida
eterna, pois o alimento servia só para o físico. Jesus é o pão que alimenta
para a vida eterna. Diz: “Eu sou o pão vivo descido dos céus. Quem comer deste
pão viverá eternamente. E o Pão que eu darei é minha carne dada para a vida do
mundo” (v.51). Na ceia, Ele nos dá o pão e
o vinho como sua carne e seu sangue a comer e beber. Fé é crer nele. Isso é
alimentar-se para a vida eterna. A fé conduz a comer sua carne e a beber o
sangue que são o pão e o vinho da Eucaristia. Comer o pão da Eucaristia e beber
o vinho consagrados é ter a vida eterna. Na força deste alimento se caminha
como o profeta que acreditava em Deus e por Ele lutava. Deus o leva até o Monte
Horeb (monte Sinai) para o encontro com Ele. A fé que o sustenta é simbolizada
pelo pão e a água trazidos pelo Anjo. O profeta era um homem frágil que se
cansa da missão e deseja a morte (1Rs 19,4).
Pelo pão se torna forte. Jesus se apresenta como pão de Deus na frágil figura
de homem. Crer em Jesus é ser alimentado por Deus que dá a vida eterna já. O
pão é frágil. Exige a fé que foi exigida dos judeus. Ela dá a vida eterna e
sustenta a caminhada. Por isso: “Provai e vede como o Senhor é bom!” (Sl 34,8).
Não entristeçais o Espírito Santo
As murmurações do
povo no deserto (Ex 16,2-4) e as
murmurações dos judeus diante do discurso de Jesus (Jo
6,41) encontram em Paulo um paralelo: “Não contristeis o Espírito Santo
com o qual Deus vos marcou com um selo para ao dia da libertação” (Ef 4,30). Acolher e alegrar o Espírito Santo
não está em louvores bonitos, mas numa vida coerente com a Palavra. Paulo
enumera uma série de males que contristam o Espírito: “Toda a amargura,
irritação, cólera, gritaria, injúrias, tudo isso deve desaparecer do meio de
vós, como toda espécie de maldade” (v. 31).
Notemos que aqui se encontram problemas de relacionamento humano que pode ser
vencido pelo poder da “comunhão” do Corpo de Cristo que nos une e elimina em
nós todas essas maldades.
Sede imitadores de Deus
Paulo chama os
cristãos a serem imitadores de Deus. Agradar a Deus é fazer como Deus faz. Ao
ouvirmos a narração do Êxodo sobre o maná, conhecemos quem é Deus: compassivo,
perdoando, amando. O povo, mesmo depois de murmurar contra Deus, recebe o pão
vindo do céu. Por isso completa o apóstolo: “Vivei no amor, como Cristo nos
amou e se entregou a si mesmo por nós em oblação e sacrifício de suave odor” (Ef 5,10). O que Cristo faz dando-nos a
Eucaristia é transformar o amor de Deus em alimento que nos une a Ele que nos
dá sua carne e seu sangue como comida e bebida para sustento no caminhar da fé.
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