Evangelho segundo S. Lucas 12,13-21.
Naquele
tempo, alguém, do meio da multidão, disse a Jesus: «Mestre, diz a meu irmão que
reparta a herança comigo». Jesus respondeu-lhe: «Amigo, quem Me fez juiz ou
árbitro das vossas partilhas?». Depois disse aos presentes: «Vede bem,
guardai-vos de toda a avareza: a vida de uma pessoa não depende da abundância
dos seus bens». E disse-lhes esta parábola: «O campo dum homem rico tinha
produzido excelente colheita. Ele pensou consigo: ‘Que hei de fazer, pois
não tenho onde guardar a minha colheita? Vou fazer assim: Deitarei abaixo os
meus celeiros para construir outros maiores, onde guardarei todo o meu trigo e
os meus bens. Então poderei dizer a mim mesmo: Minha alma, tens muitos bens
em depósito para longos anos. Descansa, come, bebe, regala-te’. Mas Deus
respondeu-lhe: ‘Insensato! Esta noite terás de entregar a tua alma. O que
preparaste, para quem será?’. Assim acontece a quem acumula para si, em vez
de se tornar rico aos olhos de Deus».
Da Bíblia Sagrada -
Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
São Basílio (c. 330-379), monge, bispo de Cesareia da Capadócia, doutor
da Igreja
Homilia 6, sobre as riquezas; PG 31, 261ss.
Ser rico aos olhos de Deus.
«Que hei-de fazer? Onde encontrarei que
comer? Que vestir?» Eis o que diz este rico. O seu coração sofre, a inquietação
devora-o, porque aquilo que regozija os outros acabrunha o avarento. O facto de
ter os celeiros cheios não é para ele motivo de felicidade. O que atormenta
dolorosamente a sua alma é esse excesso de riquezas, transbordando dos seus
celeiros. [...]
Considera, homem, quem te cumulou com a sua
generosidade. Reflete um pouco sobre ti mesmo: quem és tu? O que te foi
confiado? De quem recebeste esse cargo? Porque foste tu escolhido, em detrimento
de muitos outros? O Deus de bondade fez de ti seu administrador; és responsável
pelos teus companheiros de trabalho: não penses que tudo foi preparado apenas
para ti! Dispõe dos bens que possuis como se eles pertencessem aos outros. O
prazer que eles te proporcionam dura pouco, em breve te escaparão e
desaparecerão, mas ser-te-ão pedidas contas rigorosas. Ora, tu guardas tudo,
tens portas e fechaduras bem cerradas; e embora tenhas tudo muito bem fechado, a
ansiedade impede-te de dormir. [...]
«Que hei-de fazer?» Havia uma
resposta pronta: «Encherei as almas dos famintos; abrirei os meus celeiros e
convidarei todos os que têm necessidade. [...] Farei ouvir uma palavra generosa:
vós todos que tendes fome, vinde a mim, tomai a vossa parte dos dons concedidos
por Deus, cada qual segundo as suas necessidades.»
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