PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
“Ensina-nos a rezar”
Quando
orardes, dizei.
São Paulo, dizendo que com Cristo
fomos sepultados no batismo e com Ele fomos ressuscitados por meio da fé (Cl2,12), assegura-nos
o direito de falar com Deus através da oração. Jesus mesmo é o mestre da
oração. Os discípulos vendo-O rezar disseram-lhe: “Senhor, ensina-nos a rezar
como João ensinou a seus discípulos” (Lc 11,1). Jesus faz então a catequese sobre a oração. Não
somente ensina a rezar, mas dá-nos sua própria oração. Era o que rezava. A maior
lição é seu exemplo. Jesus, em sua condição divino-humana reza ao Pai. Assim
permanece para sempre como o mestre da oração. Ele revela: “Quando orardes,
dizei: Pai, santificado seja o teu nome”... Lucas inicia a oração chamando a
Deus de “Abbá” (Paizinho) em aramaico,
termo jamais usado assim no Antigo Testamento. Jesus nos revela a ternura de
Deus comunicada para ser caminho da oração. Santificar o nome de Deus é fazê-Lo
conhecido. É uma dimensão missionária. Conhecer resulta em anunciar. O Reino
que chamamos é o próprio Jesus e seu Espírito que se manifestam. Lucas não diz
“seja feita a vossa vontade”, pois usa um texto mais primitivo. A seguir
apresenta três pedidos para as necessidades cotidianas: O pão de cada dia.
Também se refere ao pão da Palavra e o(ao) Pão
da Eucaristia que são simbolizados pelo pão cotidiano; o perdão dos pecados é a
promessa de Deus para a remissão total, dom do Espírito Santo; ser livre da
tentação é ser livre do mal pelo dom do Espírito. O Pai-Nosso, abraço querido
no Pai chamado de Paizinho, é o caminho da oração. O que devo rezar? O Pai
Nosso. O perdão que pedimos está ligado ao perdão que damos. A oração passa
pelo perdão.
Pedi
com insistência
Jesus narra a parábola do amigo inoportuno para ensinar
a perseverança na oração. Deus não retarda na resposta e atende imediato. Se
nos parece demorada a resposta, lembremos que ela é o abraço do Paizinho. Que
mais precisamos além de estar em afeto com o Pai? Se nos deu Jesus, que mais
precisa nos dar? (Rm
8,32). Temos tudo ou podemos dizer: com Ele temos todas as soluções porque
com Ele saberemos viver. Abraão pechinchou com Deus tentando evitar a
destruição de Sodoma. O importante é o diálogo com Deus. Que criança não é atendida quando vem
manhosamente pedindo ao paizinho alguma coisa. A insistência e a perseverança
são partes integrantes da oração. É comum se ouvir que “Deus não me atendeu. Então
fui procurar outro rumo”. Na verdade o Pai atende sempre. O que acontece é que
não esperamos que atenda. Às vezes não prestamos atenção na resposta. É preciso
fé e confiança. Quem pede com confiança pode ter certeza que já o recebeu. O
Salmo nos leva a rezar: “Naquele dia em que gritei, Vós, Senhor, me
escutastes... (Sl 137).
Por isso vale a pena bater, insistir e procurar.
O Pai
não dá uma pedra
A parábola continua com uma
conclusão na qual Jesus afirma que Deus sabe atender muito melhor do que nós. Sendo
Pai bom, não vai dar uma pedra a um filhinho que pede um pão nem uma cobra a
quem pede um peixe nem um escorpião a quem pede um ovo. Três alimentos importantes
não faltarão aos filhos. O Pai é muito bom. Nós, em nossas fragilidades e
maldades, sabemos dar coisas boas aos nossos filhos. Quanto mais o Pai que é
bom, dará o Espírito Santo aos que O pedirem. Dá mais do que precisamos quando
pedimos. Dá o Espírito Santo que nos dará todos os dons. Por que repetimos
sempre as orações na liturgia. O importante é o vigor da perseverança.
Leituras: Genesis
18,20-32;Salmo 137; Colossenses 2,12-14; Lucas 11,01-13
1.
Jesus ensina a rezar dando-nos sua oração que preenche
toda a necessidade e riqueza. A base da oração é a ternura do Pai e do filho
que o acaricia com o Abbá.
A oração do
Pai Nosso contém tudo o que precisamos: o Espírito Santo.
2.
A oração deve ser insistente e perseverante. A demora
da resposta se justifica na ternura do diálogo com o Pai. Abraão foi insistente
com Deus. Nem sempre esperamos a resposta de Deus ou entendemos que já
respondeu.
3.
O Pai atende melhor do que nós que somos maus. Não
faltará nada ao filhinho.
Sujeito
chato!
O
tema da liturgia do 17º domingo comum é a oração. Os discípulos disseram:
“Mestre, ensina-nos a rezar, como João ensinou seus discípulos.
Jesus era um homem de oração e dava testemunho de sua oração. Jesus
lhes passa sua experiência pessoal de oração, mais ainda, passa sua oração para
que eles a façam. Rezar é unir-se a Jesus em sua oração.
A seguir Jesus conta a parábola do
amigo chato. Quer pão emprestado e não desiste enquanto não o recebe. A oração
não é um discurso bonito para Deus, mas um pedido insistente até incomodar.
É o que vemos no diálogo de Abraão
com Deus para livrar Sodoma da destruição. Como todo oriental, “negocia” com
Deus. É a lição da persistência. Deus quer ser incomodado para que esteja mais
tempo conosco. Oração não é para ter coisas, mas para ter Deus.
A oração de Jesus implorando para
ser livre da morte foi ouvida por Deus dando-Lhe o alívio do sofrimento, mas a
glorificação pela ressurreição.
Nossos pedidos a Deus não caem num
coração maldoso, e sim, no coração bondoso do Pai que não dá pedra a quem pede
um pão, não dá, cobra se pede um peixe. Não dá
escorpião se pede um ovo. O Pai é bom demais.
Por isso podemos dizer: Ó Senhor, de
coração eu Vos dou graça, porque ouvistes as palavras de meus lábios (Sl 137). Pedimos
ainda que Deus leve a cabo a obra que iniciou em nós. Afinal, a obra é Dele.
Batamos à porta, com insistência.
Ela será aberta sempre.
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