Evangelho segundo S. Mateus 12,1-8.
Naquele
tempo, Jesus passou através das searas em dia de sábado e os discípulos,
sentindo fome, começaram a apanhar e a comer espigas. Os fariseus viram e
disseram a Jesus: «Vê como os teus discípulos estão a fazer o que não é
permitido ao sábado». Jesus respondeu-lhes: «Não lestes o que fez David,
quando ele e os seus companheiros sentiram fome? Entrou na casa de Deus e
comeu dos pães da proposição, que não era permitido comer, nem a ele nem aos
seus companheiros, mas somente aos sacerdotes. Também não lestes na Lei que,
ao sábado, no templo, os sacerdotes violam o repouso sabático e ficam isentos de
culpa? Eu vos digo que está aqui alguém que é maior que o templo. Se
soubésseis o que significa: ‘Eu quero misericórdia e não sacrifício’, não
condenaríeis os que não têm culpa. Porque o Filho do homem é Senhor do
sábado».
Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos
Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (norte de África), doutor da
Igreja
Confissões
«O Filho do Homem é senhor do sábado.»
Senhor Deus, Tu que nos cumulaste de tudo,
dá-nos a paz (Is 26,12), a paz do repouso, a paz do sábado, do sábado que não
tem ocaso. Porque esta bela ordem das coisas que criaste, e que são «muito boas»
(Gn 1,31), passará quando tiver chegado ao termo do seu destino. Sim, elas
tiveram a sua manhã e terão a sua tarde. Mas o sétimo dia não tem tarde, não tem
ocaso, porque Tu o santificaste a fim de que ele dure para sempre. No termo das
tuas obras «muito boas», que contudo fizeste em repouso, Tu repousaste ao sétimo
dia, a fim de nos fazeres compreender que, no termo das nossas obras, que são
muito boas porque foste Tu que no-las deste (Is 26,12), também nós repousaremos
em Ti, no sábado da vida eterna. Então repousarás em nós como agora ages em nós;
desse modo, o repouso que experimentaremos será o teu, tal como as obras que
fazemos são as tuas.
Tu, Senhor, trabalhas constantemente e estás
constantemente em repouso. […] Quanto a nós, chega um momento em que somos
levados a fazer o bem, depois de o nosso coração o ter concebido pelo teu
Espírito, enquanto anteriormente éramos levados a fazer o mal, quando Te
abandonávamos. Tu, único Deus bom, nunca deixaste de fazer o bem. Algumas das
nossas obras são boas – pela tua graça, é certo –, mas não são eternas; depois
de as fazermos, esperamos repousar na tua inefável santificação. Mas Tu, bem que
não precisa de nenhum outro bem, Tu estás constantemente em repouso, porque Tu
próprio és o teu repouso.
Quem, de entre os homens, poderá dar a
conhecer tudo isto ao homem? Que anjo o dará a conhecer aos anjos? Que anjo ao
homem? É a Ti que devemos pedir esse conhecimento, em Ti que devemos procurá-lo,
à tua porta que devemos bater. E dessa maneira sim, dessa maneira
recebê-lo-emos, dessa maneira encontrá-lo-emos, dessa maneira abrir-se-á a tua
porta (Mt 7,8).
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