sábado, 24 de fevereiro de 2024

REFLETINDO A PALAVRA - “Renovados pelo Pão do Céu”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
REDENTORISTA NA PAZ DO SENHOR
Escravos por opção
 
Os filhos de Israel libertados do Egito foram protegidos, alimentados e saciados em sua sede por Deus na caminhada pelo deserto. Nos momentos difíceis do sofrimento revoltavam-se contra Moisés por tê-los libertado. Estavam acostumados com o deus Faraó, que lhes dava pão e carne, mas os oprimia. Tinham saudades e vontade de voltar a serem escravos. Diziam: “Quem dera que tivéssemos morrido pela mão do Senhor no Egito, quando nos sentávamos junto às panelas de carne e comíamos pão com fartura?” (Ex 16,3).Não eram capazes de compreender um Deus que os libertou e os conduzia. Deus disse: “Sabereis que eu sou o Senhor vosso Deus” (12). Era melhor ser escravo do que aprender a conhecer um Deus diferente do Faraó. A mudança exige renovação da mente. Ser livre é um desafio. Em sua fome Moisés deu-lhes um pão vindo do Céu. O povo que Jesus saciou com o pão multiplicado pelo milagre, ficou saciado e feliz. Mas não entendeu Jesus. Continuou preso ao alimento corporal e não foi capaz de compreender que o alimento espiritual era mais forte. Eles buscavam Jesus, não pelo que Ele é, mas pelo que poderia dar. O Egito escravizador agora, em nosso tempo, é a procura da saciedade do pão. Jesus quer mostrar outro caminho. Vemos como as religiões passam por esse risco em buscar o milagre e não o Senhor que faz os milagres. Jesus disse: “Buscai o Reino de Deus e sua justiça e tudo vai ser dado por acréscimo” (Mt 5,33). Na sociedade atual, o egoísmo nos faz escravos da vaidade e da ganância. Deus nos dá o sinal: Jesus se oferece como alimento que dá mais do que buscamos na escravidão. Ele sacia a fome com o Pão do Céu. 
Liberdade da fé 
Um vício escraviza e se torna difícil se libertar dele. Uma virtude liberta, e não oprime. Jesus não oprime. A proposta de Jesus é que não se esforcem por buscar o alimento que se perde, mas aquele que dá em alimento. O povo pediu um sinal para provar que Ele foi enviado por Deus. Jesus responde: Moisés deu pão do céu e morreram. É o Pai quem dá o verdadeiro pão. O pão de Deus é aquele que desce do céu e dá vida ao mundo (Jo 6,24-35). Ao buscarmos Jesus Cristo, seremos homens e mulheres novos satisfazendo grandemente todas as nossas necessidades. Viveremos a vida reconciliada que nos colocará a serviço para continuar a missão de multiplicar o pão, pois temos o selo que o Pai pôs em Jesus (Jo 6,27), o Espírito Santo. Saciados por Ele, aprendemos a saciar com o Pão do Céu e o pão da terra. 
Procurando Jesus 
O povo procurou Jesus e O encontrou, mas não o reconheceu como o enviado de Deus. Pedro dá testemunho de aceitação: A quem iremos? Só tu tens palavras de Vida eterna e nós... Em sua fome foram a Moisés e ele lhes deu o pão vindo do céu. Não foi Moisés quem deu o Pão, mas é o Pai que dá o verdadeiro pão (32). Jesus se revela como enviado do Pai (Jo 6,29). O discurso sobre o Pão da Vida quer nos levar a acolher Aquele se põe também como a Água Viva. Nossa resposta será o acolhimento de Jesus como o Pão vindo do Céu para saciar a fome e a sede: “Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim não terá mais fome e quem crê em mim, nunca mais terá sede” (36). Paulo nos convida a “não continuar vivendo como pagãos... despojai-vos do homem velho, que se corrompe sob o efeito de paixões enganadoras, e renovai o vosso espírito e a vossa mentalidade. Revesti o homem novo, criado à imagem de Deus, em justiça e santidade” (Ef.4,17). 
Leituras: Êxodo 16.2-4.12-15;
 Salmo 77; 
Efésios 4,17.20-24;João 06.24-35 
1. Os filhos de Israel sofreram uma crise quando enfrentaram a liberdade do deserto. Tinham saudades das poucas coisas boas que havia na escravidão. Os judeus não entenderam o sentido do milagre dos pães. Continuou preso ao alimento corporal. Jesus oferece o alimento que dá vida eterna. Na sociedade atual o egoísmo nos faz escravos da vaidade e da ganância. Jesus oferece o alimento que dá vida enquanto buscamos escravidão. 
2. A proposta de Jesus é que não busquem o alimento que se perde, mas o que dá saciedade. Moisés deu o maná, vindo do céu, mas que não salvou da morte. O pão que Deus dá é vida para mundo. Ao buscarmos Jesus, seremos homens novos satisfazendo grandemente nossas necessidades, marcados como Jesus com o selo de Deus que é o Espírito. Ele nos ensina a multiplicar o pão. 
3. O povo não reconheceu em Jesus o enviado do Pai. Jesus se revela como o enviado. O discurso do Pão da Vida quer nos levar a acolher aquele que se põe também como Água Viva. Paulo nos convida a não vivermos como pagãos, mas sim despojados do homem velho e revestidos do homem novo. 
Com sabor do Céu 
O povo, em sua caminhada no deserto, sentiu muita fome. E Deus mandou o maná. Choveu o pão do Céu que o sustentou até na entrada da terra prometida. O povo que seguia Jesus foi alimentado pelo pão multiplicado. Ficou feliz. Tinha um gostinho diferente. Sentiu que Jesus tinha que ficar com ele e manter esta padaria aberta. Jesus ensina que eles têm que buscar o alimento que não perece e Ele dará. Esse pão garante a vida eterna. O que temos que fazer? Perguntam. Fazer a obra de Deus. E esta é crer Nele. Moisés deu o pão vindo do Céu. O Pai dá um pão muito melhor. Este pão é Jesus. Quem crê em Jesus não terá mais fome nem sede. Para isso é preciso mudar de roupa, isto é, revestir-se do homem novo, criado à imagem de Deus, criado a Sua imagem. 
Homilia do 18º Domingo Comum (05.08.2012)

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